sexta-feira, outubro 07, 2011

De anjo a pinto – Quinta do Pinto Branco 2008

Não se pense que é o título seja uma tirada de gosto duvidoso. Não, é espelho da realidade. Há coisas na vida que estão destinadas, e esta está entre essas. Chamava-se, e teoricamente ainda se chama, Quinta do Anjo, mas é mais conhecida pela Quinta do Pinto.
.
Consta, nas terras da Aldeia Galega da Merceana, que já no século XVII a apelidavam de Quinta do Pinto, porque o vinho que lá se fazia valia mais um pinto, alcunha duma moeda da época. O certo que é a família que há poucos anos a comprou é a terceira de nome Pinto a possuí-la. Além dum carismático feitor, que durante muitos anos geriu a propriedade, ser também Pinto de apelido.
.
O Quinta do Pinto Branco é o topo de gama da exploração. A caminho está um tinto, mas por enquanto este que reina sozinho. Tem um toque marcadamente mineral, o que não é alheio o facto de se encontrar a 25 quilómetros do mar, em linha recta e sem entraves naturais de monta. Nota-se-lhe a frescura marítima, trazida e acrescentada pelo corredor ventoso onde se encontra.
.
Rita Pinto é quem dá a cara pelo empreendimento, mas a alma e impulsionador é o pai, António Cardoso Pinto, que, depois de vender uma propriedade em Grijó, sentiu vontade de se religar à terra. E se a família está instalada em Lisboa, pois que o retiro seja mais perto da capital.
.
Vinha da área do marketing, no grupo Lever, quando aterrou na Merceana. Sabia muito pouco de lavoura e de vinhos, mas foi ficando e gostando e gostando e ficando. Até frequentou aulas de mestrado em viticultura e enologia, no Instituto Superior de Agronomia.
.
Rita Pinto diz ainda não tratar o vinho por tu. À conversa vai contando pequenas peripécias que lhe aconteceram ao longo destes últimos tempos de vinhateira. Vai contando e pedindo para que se não escrevam. É pena.
.
Vem esta quinta juntar-se a outras, das imediações de Alenquer (Chocapalha, Cortesia, Monte d’Oiro e Pancas), que projectam alto o nome da região de Lisboa, antigamente designada por Estremadura.
Das oito brancas castas plantadas na propriedade (19 no total), foram escolhidas apenas três para este Quinta do Pinto (viognier, roussanne e marssanne), que, não tendo sido de propósito, estão em partes iguais no lote.
.
António Cardoso Pinto é o patriarca. Os filhos e os vinhos seguem-lhe a vontade, mas Rita diz que nenhum por obrigação. Da paixão pelos vinhos untuosos do Ródano, nasceu este branco mineral na Merceana.

2 comentários:

Hugo Mendes disse...

João,
Já não provo os vinhos há algum tempo. Tenho feedback muito positivos das colheitas dos últimos anos. O Tiago é um excelente enólogo.
Para além disso, nestas andanças do vinho, travei conhecimento com a Rita e é impossível não gostar dela ou do seu enorme contributo para o projecto. Sabe bem ouvi-la falar da Quinta, e das uvas e dos vinhos. A sua positividade contagia, o seu amor ao projecto ilumina-nos o caminho.
Vale bem a pena procura-los numa feira ou mesmo fazer-lhes uma visita.
Concordas?

João Barbosa disse...

concordo, pois!