quarta-feira, outubro 12, 2011

Colheita atempada – Chão do Prado Colheita Tardia 2007

Chamam de colheita tardia aos vinhos de uvas apanhadas já depois do momento óptimo para o processamento. Mas esta referência é enganadora, pois, se não se lhe deita a mão a tempo vai tudo para o maneta.
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Uma das primeiras dificuldades é o de fintar a chuva, visto conhecer uma vindima atrasada maior é o risco de tal acontecer. Depois são precisas condições especiais para que apareça a botrytis cinerea. Por último, não deixar que estas duas palavras latinas que soam esquisito tomem demasiada conta do fruto.
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Primeiro ponto, o que é a botrytis cinerea? É um fungo… responsável pela podridão! No mundo dos vinhos chamam-lhe de podridão nobre, visto acrescentar valor ao néctar, em contraponto à podridão cinzenta que só serve para chatear e dar prejuízo.
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Bucelas tem algumas características favoráveis à produção de colheitas tardias, como as neblinas matinais e os dias soalheiros. Mesmo assim não é tarefa fácil. Na região há, pelo menos, dois produtores que tentam todos os anos, mas nem sempre conseguem, pelo que são modelos descontinuados.
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António João Paneiro Pinto, bisneto do famoso Camillo Alves, orgulha-se de ter sido o primeiro a fazer colheitas tardias em Bucelas, por ter descoberto o potencial para tal na casta arinto. É que nem todas as castas brancas têm vontade de prestar este serviço à sociedade. Normalmente a escolha vai para a sémillon ou para a sauvignon blanc, típicas da região francesa de Sauternes. Contudo, célebre é também a região pioneira eslovaca-húngara de Tokay, onde a variedade é a furmint. Mas a Norte de Lisboa reina a arinto e esta quis fazer-se tardia, embora partilhando façanha com a esgana cão e a rabo de ovelha.
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O resultado é um agridoce guloso, em que o doce das uvas sobremaduras se casa com as notas acres do fungo. O surgimento destes vinhos em Portugal talvez não tenha dez anos, mas conhece alguma moda, embora poucos produtores a tentem e, quando acontece, é em pequeníssimas quantidades. Muitas vezes estes vinhos saem demasiadamente doces, mas no caso do Chão do Prado optou-se por um líquido mais equilibrado, menos intenso de açúcar, e com boa acidez.
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O momento de servir este néctar também não é óbvio. Serve para entrada, nomeadamente para acompanhar fígado ou pastas de carnes gordas. Porém, é também uma boa escolha para sobremesas. 

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