domingo, julho 31, 2011

Casa de Compostela Escolha 2010

Com o desassombro que já elogiei há dois dias, Horácio Figeiredo assumiu que a coisa lhe fugiu de controlo. Não por culpa sua, mas porque uma das castas se rebelou e decidiu amadurecer bués numa semana. A natureza é assim…
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A ideia foi fazer uma coisa diferente. Vai daí e toca de fazer um sauvignon blanc (o que me custa ver castas internacionais em regiões portuguesas com tanto carisma). Todavia, a magana portou-se mal e… já disse.
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Para corrigir a cena, o nosso amigo juntou-se a pedernã, que noutras latitudes é chamada de arinto. A acidez desta última equilibrou a coisa.
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Tásse bem!
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Origem: Regional Minho
Produtor: Casa Agrícola de Compostela
Nota: 5,5/10

sábado, julho 30, 2011

Casa de Compostela Alvarinho 2010

Como escrevi há dois dias, os alvarinhos fora da sub-região de Monção e Melgaço… blá, blá, blá. Este não é desinteressante, mas não me encantou de sobremaneira.
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Recomendável para o Verão, sem dúvida, com as sugestões de maçã já um pouco madura, com uma linha suave de flores (sei lá quais). O preço, ou a sua relação com a qualidade, é um trunfo.
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Origem: Regional Minho
Produtor: Casa Agrícola de Compostela
Nota: 4,5/10

sexta-feira, julho 29, 2011

Casa de Compostela Trajadura 2010

Farto-me de dizer, porque penso mesmo assim, que o espírito de quem faz transparece no que se faz. Tratando-se do vinho um produto intelectual, fruto da agricultura inteligente, isso é notado.
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O que se faz com empenho resulta melhor do que seria possível caso assim não fosse. Se a matéria-prima não é boa, não há qualidade final. Se não há esforço, há banalidade. Mais do que talento e sorte, acredito que o trabalho e a sabedoria transparecem no resultado. E o «amor» e o amor à coisa também.
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Quero chegar à simpatia e humildade do enólogo Horácio Figueiredo, que desassombradamente explicou o que faz e como lhe saíram as obras. O homem vibra e os olhos brilham. Gostei do senhor. E essa boa onda que lhe notei está nos vinhos que deu a provar (trajadura, alvarinho e escolha – que sairão no blogue nos próximos dias).
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Este trajadura não é o mais embandeirado da Casa de Compostela. Não é, mas é uma revelação. Não tem pretensões a nada que não seja descontracção e dar de beber ao Verão. Tem o mérito de alegrar por menos de três euros. E a virtude de não chegar aos 10% de álcool.
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Horácio Figueiredo reconheceu que a trajadura não é fácil, que muitas vezes dá para a chatice da falta de qualidade. Todavia, este está muito recomendável.
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Elogio muitas vezes os vinhos de piscina, pois cumprem a função de saciar a enofilia nos calores. Este então… e tão simples e descomplicado. Não é, obviamente, um GRANDEEEE vinho, mas é uma coisa facélima de se gostar. Penso que lhe vou dar a nota máxima que já dei a um vinho de piscina.
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Delicado, saciante, finamente tropical, lembrando ananás, com injecção de gás carbónico (e por que não?)… final gracioso.
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Origem:  Vinho Verde
Produtor: Casa Agrícola de Compostela
Nota: 6/10

quinta-feira, julho 28, 2011

Senses Alvarinho 2010

A casta alvarinho está na moda e, como tal, espalha-se pelo país. É difícil competir com a excelência dos alvarinhos da sub-região de Melgaço e Monção… tudo o resto será sempre comparado com o que pelo Minho se faz.
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Este, em concreto, não foge a essa regra. Ganha na oportunidade que se abre com a moda do alvarinho, perde na comparação. O Alentejo não é o Minho e a casta gosta mais de lá de cima. Feitios!
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Gostei das notas cítricas e as tropicais não me enjoaram, o que muitas vezes me acontece, com notas de pêssego. Tem frescura, embora não sendo do que mais fresco anda por aí. Um bom vinho para os peixes de Verão.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Adega de Borba
Nota: 5/10

quarta-feira, julho 27, 2011

Conde de Vimioso Rosé 2010

O que mais gosto num rosado é a sua capacidade de divertir. Nada de pomposidade. Tudo em descontracção. Para isso acontecer é preciso que não seja um vinho para barrar cor-de-rosa ou cor de salmão.
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Infelizmente, entre nós, muitos são os rosados que não passam de subprodutos de tinto. Resultam muito alcoólicos e, com um desvio de temperatura, ficam aborrecidos. E quantas vezes não são rebuçados?
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– Ah, o público quer…
– Mas não quero eu. Xarope para mim é groselha, capilé, para a tosse e licores… vinho, não.
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Este Conde de Vimioso, apesar de um pouco forte (13 graus), engana. Tem acidez suficiente para refrescar, de xarope não tem nada.
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O mestre João Portugal Ramos e sua equipa de enologia rulam.
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Notas de prova? Vão procura-las a outro lado, que a mim não apetece escrevê-las. Ok, ok… frutos do bosque, morangos, notas verdes… satisfeitos?
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Epá! Quero é divertir-me.
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Origem: Regional Tejo
Produtor: Falua
Nota: 5,5/10

terça-feira, julho 05, 2011

Dois novos vinhos da Colecção Privada Domingos Soares Franco

A José Maria da Fonseca lançou dois novos vinhos da sua Colecção Privada Domingos Soares Franco, um branco e um tinto, ambos referentes à vindima de 2010. Tratam-se de vinhos de lote de castas pouco comuns e com grande variedade. Os vinhos agora apresentados são Domingos Soares Franco Colecção Privada – 208 Castas Branco 2010 e o Domingos Soares Franco Colecção Privada – 157 Castas Tinto 2010
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De entre as castas brancas seleccionaram-se 208, as quais deram origem a este novo vinho branco. Entre elas estão castas tão invulgares, como, por exemplo, larião, mourisco de Azeitão, macabeu e raksitelli.
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«Como objectivo de apresentar todas as características da fruta, que está na origem deste vinho, optou-se pela sua vinificação apenas em cubas de inox, não se recorrendo a estágio em barrica», refere a empresa em comunicado
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De igual modo, seleccionaram-se 157 castas tintas, que deram origem a este ovo vinho tinto. Entre as castas tintas mais invulgares, encontram-se a colorino, bogalhal e khindony.
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O vinho fermentou durante sete dias a 28ºC, com maceração total, não tendo estagiado em barrica.
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A José Maria da Fonseca possui na Quinta de Camarate, em Azeitão, uma colecção ampelográfica com mais de 560 diferentes castas. Trata-se de algo único em Portugal, um verdadeiro museu vivo, onde se encontram plantadas a grande maioria das castas nacionais (mais de 250) e uma grande quantidade de castas estrangeiras, provenientes dos mais variados pontos do Mundo.
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Esta colecção foi iniciada no início do séc. XX e tem vindo a ser permanentemente actualizada e ampliada até aos dias de hoje. Pela primeira vez, na vindima de 2010, decidiu-se vinificar as diferentes castas existentes na colecção; o que terá dado origem a dois vinhos, que para além da sua originalidade, devem ser os vinhos existentes produzidos a partir da maior diversidade de castas identificadas.