segunda-feira, julho 25, 2016

Coroa d’Ouro 2015 + Poças Reserva Branco 2015 + Vale de Cavalos 2015 + Símbolo 2015 + Poças Colheita 2001

A firma Poças Júnior é quase centenária (2018), familiar e portuguesa. À frente dos negócios está a quarta geração. É uma casa conhecida pelos Vinhos do Porto da família tawny, mas hoje apresenta também vintage e não produz apenas fortificados.
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A Poças investiu numa campanha artística, com o escultor Luís Mendonça. Quem quiser ver os trabalhos basta clicar aqui.
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A gama compõe-se por quatro marcas do Douro (sete referências – Coroa d’Ouro, Poças Reserva, Vale de Cavalos e Símbolo) e só uma de Porto (17 referências – Poças). Jorge Manuel Pintão, elemento desta quarta geração, dirige a enologia da Poças Júnior, à qual integra também André Barbosa.
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O Coroa d’Ouro 2015 tem aroma delicado, juntando ao citrino o floral notas térreas. Na boca é fresco e boa estrutura. É para ir para a mesa. As uvas vêm de duas origens: São João da Pesqueira (Cima Corgo) e Numão (Douro Superior). As castas são códega, malvasia fina, moscatel galego, rabigato e viosinho. O vinho fez-se exclusivamente em cubas de inox.
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O Poças Reserva Branco 2015 é um vinho mas complexo. Olfactivamente tem gulodice, não sendo doce, notas fumadas. Não é exuberante. Na boca está bem acima, com frescura, gordura e final longo. É obrigatório sentá-lo à mesa.
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Não posso dizer muito sobre o Vale de Cavalos 2015. Quando o provei estava jovem. Dá indicações positivas, com acidez, mas foi cedo. Fez-se com as «obrigatórias» tinta barroca, touriga franca e touriga nacional. A firma agendou o lançamento para 2017.
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O Símbolo 2015 é um típico Douro e com as feições que mais gosto. Fez-se com as típicas tinta barroca, tinta roriz, touriga franca, touriga nacional. O vinho estagiou 18 meses em barricas de carvalhos americano e francês. Gosto das ervas secas, uma pitada de lenha de azinho, tabaco louro e uma suave ginja. Tem óptima estrutura, final duradouro e frescura, prometendo viver bom tempo em garrafa.
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Eis chegado à grande especialidade da casa, Porto da família tawny. É o Poças Colheita 2001, filho de Ervedosa do Douro (Cima Corgo) e Numão (Douro Superior), com as uvas tinta barroca, tinta roriz, tinto cão, touriga franca e touriga nacional. Guarda a razão por que o Vinho do Porto tem o carisma que tem. Muito rico de aroma e extraordinário na boca.
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Coroa d’Ouro 2015
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Produtor: Poças Júnior
Origem: Douro
Nota: 5,5/10
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Poças Reserva Branco 2015
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Produtor: Poças Júnior
Origem: Douro
Nota: 6,5/10
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Símbolo 2015
Produtor: Poças Júnior
Origem: Douro
Nota: 8/10
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Poças Colheita 2001
Produtor: Poças Júnior
Origem: Porto
Nota: 9/10

domingo, julho 24, 2016

Monte da Raposinha Branco 2015 + Monte da Raposinha Rosé 2015 + Atayde Branco Reserva 2014 + Nós Tinto 2014 + Monte da Raposinha Tinto 2013 + Maria Antonieta 2013 + Athayde Grande Escolha 2013 + Furtiva Lágrima 2013

Visitei duas vezes o Monte da Raposinha, próximo de Montargil, e vim feliz. Pela simpatia natural da família Ataíde e pelos vinhos que fazem com gosto. Este ano tive direito a um improvisado espectáculo de canto, pois que a música vive por ali.
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«Una Furtiva Lagrima», área da ópera «O Elixir do Amor», de Gaetano Donizetti, é igualmente um dos expoentes do Monte da Raposinha. Nuno Ataíde, o patriarca, tem uma belíssima voz, que enche o espaço. João Ataíde, quem dá o corpo pela casa, tem um cantar mais fresco, fruto certamente de ser mais jovem. E sabem cantar!
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A propriedade tem 150 hectares, dos quais 15 são de vinha. A enologia está entregue a Susana Esteban, que assina vários excelentes vinhos do Alentejo e do Douro.
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Quando alguém diz que «este Alentejo é mais fresco» está a dizer que não tão quente quanto outros locais. É como dizer que um Fórmula 1 é lento só porque não tem a pole position. Isto para dizer da frescura dos vinhos do Monte da Raposinha.
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Nesta última visita, a porta do Inferno estava aberta. É fácil a temperatura dos vinhos despistar-se no Verão. Ora… se não fossem os bons termómetros a sentenciar os valores e ninguém acreditaria, tal o frescor natural.
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O primeiro vinho da prova foi o Monte da Raposinha Branco 2015, um lote de partes iguais de arinto e antão vaz. A primeira faz milagres e a segunda… quem me lê sabe o que penso. Porém, está longe de ser enjoativo ou de algum modo excessivo.
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O Monte da Raposinha Rosé 2015 fez-se em bica aberta e não sangria. É obviamente notória a diferença entre um rosado e um subproduto do tinto. Trata-se de lote de touriga nacional (60%) e de aragonês (40%). É um pouco fechado de aroma, mas na boca acelera e recomenda-se para além da piscina.
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O Atayde Branco Reserva 2014 é um vinho com maior complexidade do que os anteriores. Não é um branco de Verão. Fez-se com uvas chardonnay (60%) e sauvignon blanc (40%). A primeira dá-lhe gordura e volume e a segunda transmite-lhe vivacidade. Estagiou seis meses em barricas de carvalho francês.
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Quando o provei achei o Nós Tinto 2014 achei-o ainda novo, prometendo ser mais do que estava nesse momento. Gostei do ramalhete de aromas de campo, um grupo de cheiros de ervas e árvores. É um tinto descontraído, feito com alicante bouschet, aragonês, syrah e trincadeira.
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Enquanto o anterior é jovem, o Monte da Raposinha Tinto 2013 já é senhor. É aromaticamente austero e mostra-se duradouro na boca, com final seco.
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O Maria Antonieta 2013 é um tinto complexo, com um aroma fresco, de um ligeiro canabinóide até aos mais notórios mentolados com tempero de pimenta. É guloso, no melhor sentido. Fresco! Trata-se duma homenagem familiar, que certamente fará feliz a homenageada.
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O Athayde Grande Escolha 2013 é um tinto que entra na categoria de «vinho para oferecer ao médico que me operou ao coração». Penso que é um vinho universal, que agrada facilmente, do português até ao esquimó. É complexo e rico de aromas, boa estrutura de boca, fundo e longo. Fez-se com alicante bouschet, syrah e touriga nacional.
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O Furtiva Lágrima 2013 é um tinto da categoria «não levar para o jantar de apresentação aos sogros». Os senhores ficariam a saber bem demais o que o genro/nora gosta da filha/o. É bom não os habituar mal. É sedutor e complexo aromaticamente. É fresco, com nervo, longo na boca e frescura. É 90% alicante bouschet e 10% touriga nacional.
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Monte da Raposinha Branco 2015
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Produtor: Monte da Raposinha
Origem: Regional Alentejano
Nota: 6/10
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Monte da Raposinha Rosé 2015
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Produtor: Monte da Raposinha
Origem: Regional Alentejano
Nota: 5/10
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Atayde Branco Reserva 2014
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Produtor: Monte da Raposinha
Origem: Regional Alentejano
Nota: 6,5/10
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Athayde Branco Reserva 2014
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Produtor: Monte da Raposinha
Origem: Regional Alentejano
Nota: 7/10
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Nós Tinto 2014
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Produtor: Monte da Raposinha
Origem: Regional Alentejano
Nota: 4,5/10
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Maria Antonieta 2013
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Produtor: Monte da Raposinha
Origem: Regional Alentejano
Nota: X
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Atayde Grande Escolha 2013
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Produtor: Monte da Raposinha
Origem: Regional Alentejano
Nota: 7,5/10
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Furtiva Lágrima 2013
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Produtor: Monte da Raposinha
Origem: Regional Alentejano
Nota: 8,5/10

sábado, julho 23, 2016

Pancas Branco 2015 + Quinta de Pancas Branco 2015 + Pancas Tinto 2015 + Quinta de Pancas Tinto 2014 + Quinta de Pancas Reserva Tinto 2013

A Quinta de Pancas é uma casa pioneira na renovação da região vitivinícola de Lisboa. A propriedade situa-se a 45 quilómetros a Noroeste da capital e encontra-se numa vertente com boa inclinação e que a protege de maiores calores, entre a Serra de Montejunto e a lezíria do Tejo. Deu nas vistas com a uva cabernet sauvignon.
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A direcção de enologia está entregue a Frederico Vilar Gomes, que tem a responsabilidade de suceder a outro grande enólogo, João Corrêa, falecido em Agosto do ano passado. O testemunho está bem entregue.
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Nos brancos, a entrada de gama é o Pancas, tendo provado o respeitante à colheita de 2015. É um vinho com muita frescura e indicado para comidas mais leves. Fez-se com arinto (40%), fernão pires (40%) e vital (20%). Balança entre a fruta (pomóideas) e a mineralidade, nuns belos 12,5% de álcool. Mais estival é difícil.
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O Quinta de Pancas Branco 2015 tem mais nervo e abalança-se a pratos mais elaborados do que os peixes e mariscos. Fez-se com chardonnay (60%), arinto (30%) e vital (10%). A casta francesa dá-lhe untuosidade sem aquecer o lote, até porque o arinto é refrescante, especialmente na região de Lisboa. Estagiou dois meses sobre borras finas em depósito de inox.
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Quando provado, o Pancas Tinto 2015 estava muito novo. Por isso, abstenho-me de comentar, embora já indique que terá frescura.
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O Quinta de Pancas Tinto 2014 está muito apetitoso e apresenta uma característica rara: um ligeiro aroma a canabinóides, mas sobressaem notas mentoladas. Na boca prolonga-se com final seco. Fez-se com uvas cabernet sauvignon (30%), merlot (30%), touriga nacional (30%) e tinta roriz (10%).
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A cabernet sauvignon desta quinta, que sempre foi elogiada, mostra-se bem e explica o porquê da fama. Esta francesa representa 45% do lote. A touriga nacional (35%) encontra frescura nesta terra, pelo que se aproxima do floral do Dão. O lote completa-se com alicante bouschet (20%). É perigoso! São 14,5% de álcool que chegam de pantufas.
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Pancas Branco 2015
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Produtor: Companhia das Quintas
Origem: Regional Lisboa
Nota: 4,5/10
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Quinta de Pancas Branco 2015
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Produtor: Companhia das Quintas
Origem: Regional Lisboa
Nota: 6/10
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Pancas Tinto 2015
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Produtor: Companhia das Quintas
Origem: Regional Lisboa
Nota: X
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Quinta de Pancas Tinto 2014
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Produtor: Companhia das Quintas
Origem: Regional Lisboa
Nota: 6,5/10
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Quinta de Pancas Reserva Tinto 2013
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Produtor: Companhia das Quintas
Origem: Regional Lisboa
Nota: 7,5/10

sexta-feira, julho 22, 2016

Vidigueira Antão Vaz 2015 + Vidigueira Grande Escolha Branco 2015 + Vidigueira Reserva Branco 2014 + Vidigueira Rosé 2015 + Vidigueira Grande Escolha Tinto 2014

Ou emaluqueci ou o mundo está para acabar. Possivelmente as duas coisas. Esta é uma das raras vezes em que me apanham a elogiar vinhos feitos com a casta antão vaz – costumo espancar.
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Agora sem brincadeiras: a casta antão vaz é da Vidigueira. Foi aí que ganhou fama. É aí onde se expressa com frescura e se mostra muito prazenteira. Não é por acaso que os brancos desta sub-região ganharam fama. No resto do Alentejo… é mais cantigas!
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Como a designação indica, o Vidigueira Antão Vaz 2015 fez-se exclusivamente com uvas desta variedade alentejana. Não é nem sopa nem pão molhado e morno mastigado nem enjoo de fruta excessivamente doce e maçuda nem lenhosa…
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É a expressão do que deve ser. Muito fresco, sábios 12,5% de álcool, permitindo notar-lhe ananás e pêra não totalmente madura e mineralidade. Tem lonjura de boca.
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O Vidigueira Grande Escolha Branco 2015 vem no seguimento do anterior, mantendo a frescura e a mineralidade. À antão vaz foi-lhe acrescentada a casta perrum, que lhe confere alguma complexidade.
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Vidigueira Reserva Branco 2014 está num patamar superior e atira-se para comidas menos estivais. É também resultado da junção de antão vaz com perrum. É mais complexo e longevo na boca. Nele sobressaem notas mais doces, sem serem enjoativas, e de amêndoa torrada.
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O Vidigueira Rosé 2015 é uma escolha acertada para refeições leves, além dos repetidos mariscos e peixes. Vai ainda bem como desinibidor de conversas. Fez-se com uvas aragonês e touriga nacional, apanhadas propositadamente para rosado. O resultado é a feliz graduação de 12,5% de álcool.
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O Vidigueira Grande Escolha Tinto 2015 é o que se pode designar por alentejano. É isto! Não é modernaço nem conservador. Apresenta-se muito indicado para os pratos de carne, do borrego ao bovino. Fez-se com uvas das variedades alicante bouschet e trincadeira. Estagiou um ano em barricas de carvalhos americano e francês.
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Vidigueira Antão Vaz 2015
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Produtor: Adega Cooperativa da Vidigueira, Cuba e Alvito
Origem: Alentejo (Vidigueira)
Nota: 5,5/10
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Vidigueira Grande Escolha Branco 2014
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Produtor: Adega Cooperativa da Vidigueira, Cuba e Alvito
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Origem: Alentejo (Vidigueira)
Nota: 6/10
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Vidigueira Reserva Branco 2014
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Produtor: Adega Cooperativa da Vidigueira, Cuba e Alvito
Origem: Alentejo (Vidigueira)
Nota: 7/10
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Vidigueira Rosé 2015
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Produtor: Adega Cooperativa da Vidigueira, Cuba e Alvito
Origem: Alentejo (Vidigueira)
Nota: 5/10
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Vidigueira Grande Escolha Tinto 2014
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Produtor: Adega Cooperativa da Vidigueira, Cuba e Alvito
Origem: Alentejo (Vidigueira)
Nota: 5,5/10

quinta-feira, julho 21, 2016

Vila Flor Tinto Reserva 2013

A Casa d’Arrochella tem vindo a apresentar vinhos de qualidade, ano após ano, patamar a patamar. Digo que se chama consistência e perseverança. Gosto (julgo que todos ou a maioria das pessoas) de saber com o que conto. As oscilações de qualidade não beneficiam ninguém, sobretudo o produtor. Se não existir regularidade, o enófilo só comprará duas vezes: a do ano que gostou e a do que se decepcionou.
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Essa é uma situação que neste caso não se põe de forma alguma. Por vontade do produtor, quer pela política seguida, quer pela escolha de um enólogo com muitas provas dadas: Luís Soares Duarte.
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Este produtor dispõe de 115 hectares de vinhas, espalhados por cinco propriedades, na sub-região do Douro Superior.
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Sou grande apreciador dos tintos do Douro e este cabe-me bem no nariz e na boca. Tem dentro a região, resultado das condições naturais e do lote, composto por uvas de tinta roriz, touriga franca e touriga nacional. Estagiou nove meses em barricas de carvalho francês.
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Vila Flor Tinto Reserva 2013
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Produtor: Grandes Quintas
Origem: Douro
Nota: 6/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

quarta-feira, julho 20, 2016

Casa do Arrabalde – Avesso Alvarinho Arinto – 2015 + Espinhosos – Avesso Chardonnay – 2015

Aqui se apresentam dois vinhos Regional Minho, um mais conservador e outro arrojado. Tanto um como o outro se apresentam felizes à mesa, especialmente no Verão. A preguiça estival combina bem com Casa do Arrabalde. Já o Espinhosos é mais «quente».
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Não conhecia a A&D Wines. O produtor está estabelecido na sub-região de Baião. A enologia está a cargo de Fernando Moura. Critico a opção de colocar o ano de vindima em local improvável e em caracteres mínimos (no bordo do rótulo e na vertical).
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Não consegui ainda perceber a razão por que muitas pessoas têm ao avesso – gosto. No Casa do Arrabalde, esta casta juntou-se à fresca alvarinho e a gulosa alvarinho. É bem indicado para este tempo quente e com uns felizes 12,5% de álcool.
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O lote do Espinhosos surpreendeu-me. Não estava à espera dum lote de avesso com chardonnay. Resulta bem. Porém, trata-se de um vinho que pede mais mesa do que o anterior, mantendo-se com apetitoso no estio. A casta francesa dá-lhe alguma gordura e calor e a graduação é de 13%.
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Casa do Arrabalde – Avesso Alvarinho Arinto – 2015
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Produtor: A&D Wines
Origem: Regional Minho
Nota: 5,5/10
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Espinosos – Avesso Chardonnay – 2015
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Produtor: A&D Wines
Origem: Regional Minho
Nota: 5/10
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Nota: Os vinhos foram enviados para prova pelo produtor.

terça-feira, julho 19, 2016

Sossego Branco 2015 + Sossego Rosé 2015 + Sossego Tinto 2014

A Sogrape tem vindo a encontrar nomes muito fixes para as suas marcas. Ao Papa Figos, do Douro, e ao Trinca Bolotas, do Alentejo, junta-se agora o Sossego, também desta região do Sul.
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O sossego é inerente ao campo. Esquecendo as anedotas que põem os alentejanos como preguiçosos, a palavra remete para o (meu) imaginário: as tardes quentes sem fim, do Verão, a sombra de sobreiros e azinheiras e até a quietude que sucede às grandes chuvas.
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Luís Cabral de Almeida assina os vinhos da Herdade do Peso, no Concelho da Vidigueira e na proximidade da Serra do Mendro. Nesta colecção tive prazer e encontro com a minha casta branca maldita – não gosto de antão vaz!
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O Sossego Branco 2015 resulta da junção de uvas das castas antão vaz (75%), arinto (20%) e roupeiro (5%). É um vinho equilibrado e com frescura, certamente com grande responsabilidade da arinto. Não fosse o critério assumidamente pessoal e subjectivo e teria melhor nota. Lamento, mas sou «alérgico». Quem gostar dessa uva tem aqui contentamento.
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O Sossego Rosé 2015 é para beber em calções, embora com atenção, pois a graduação não sendo alta também não é baixa: 13%. É um monovarietal de touriga nacional, com frescura e gulodice, e que vai à mesa e à espreguiçadeira.
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O Sossego Tinto 2014 é como a táctica do 4-4-2 do seleccionador Fernando Santos. Não falha! Independentemente das proporções, a conjugação das castas é fórmula vencedora: aragonês (75%), syrah (15%) e touriga nacional (10%).
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Apetitoso no nariz (pede mesa), boa estrutura e frescura na boca. As suas características, nomeadamente os 13,5% de álcool, recomendam que seja resfriado antes de servir. Por mim, guardava-o para quando as temperaturas do ar começarem a baixar.
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Sossego Branco 2015
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Produtor: Sogrape
Origem: Regional Alentejano
Nota: 4,5/10
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Sossego Rosé 2015
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Produtor: Sogrape
Origem: Regional Alentejano
Nota: 5,5/10
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Sossego Tinto 2014
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Produtor: Sogrape
Origem: Regional Alentejano
Nota: 5,5/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.

domingo, julho 10, 2016

QM Espumante Super Reserva Alvarinho 2012 + QM Vinhas Velhas Alvarinho 2015 + QM Homenagem Alvarinho 2014 + QM Espumante Velha Reserva Alvarinho

A frescura é a característica mais vincada (arrisco no absoluto da afirmação) da região do Vinho Verde. Aqui conseguem-se características minerais, frutadas e florais – não necessariamente sempre todas num mesmo vinho – refrescantes.
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Dispenso os étnicos tintos e fico nos brancos, apetitosos a vários níveis: lazer, comida de Verão e pratos mais ácidos. Os que aqui apresento são todos da sub-região de Monção e Melgaço, onde reina a casta alvarinho.
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A Quintas de Melgaço foi fundada em 1990 e hoje agrega mais de 530 produtores. Trabalha apenas com a casta alvarinho. Os espumantes são produzidos apenas no método clássico. A enologia está a cargo de Jorge Sousa Pinto e Virgínia Raínho.
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O QM Espumante Super Reserva Alvarinho 2012 faz bem o papel de relações públicas. Um bom companheiro para apresentações, refrescante e amigo de acepipes de entrada. Ainda assim é competente para ser servido com carnes gordas. É delicado e persistente, de bolha fina.
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As uvas foram prensadas e decantadas entre 12 e 36 horas e fermentou até 15 dias em  inox. Estagiou  em inox, com movimento regular das borras,  entre três e seis meses. Fermentou 24 meses em garrafa, antes do degorgement.
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QM Vinhas Velhas Alvarinho 2015 é uma excelente companhia para o Verão. Sai-se muito bem numa conversa de amigos – daquelas sem hora para acabar – ou a escoltar marisco ou frango.
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As uvas foram prensadas e decantadas entre 12 e 36 horas e fermentou até 15 dias em  inox, onde estagiou por dois meses, com movimento regular das borras. Não veio para a rua sem  ter permanecido dois meses em garrafa.
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QM Homenagem Alvarinho 2014 celebra o fundador da empresa, Amadeu Abílio Lopes. É também ele uma aposta para a mesa, desde marisco, peixe, carnes brancas e queijo. Alia a frescura à untuosidade. Tratando-se duma evocação, abstenho-me de pontuar.
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As uvas foram prensadas e decantadas entre 12 e 36 horas e fermentou até 15 dias em  inox. Estagiou seis meses em barricas de carvalho francês, com movimento regular das borras.
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O QM Espumante Velha Reserva Alvarinho é mais uma prova de que a região do Vinho Verde, no geral, e na sub-região de Monção e Melgaço, no particular, é generosa para quem quer fazer espumantes. Naturalmente fresco, longo na boca e de bolha elegante. Tal como anteriormente, dá-se bem na mesa, chegando até à sobremesa.
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As uvas foram prensadas e procedeu-se a decantação a frio de 12 horas a 36 horas. Fermentou por 15 dias em inox e aí permaneceu entre três e seis meses. Fez a segunda fermentação em garrafa, durante 36 meses, antes do degorgement.
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QM Espumante Super Reserva Alvarinho 2012
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Origem: Vinho Verde
Produtor: Quintas de Melgaço
Nota: 6,5/10
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QM Vinhas Velhas Alvarinho 2015
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Origem: Vinho Verde
Produtor: Quintas de Melgaço
Nota: 6,5/10
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QM Homenagem Alvarinho 2014
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Origem: Vinho Verde
Produtor: Quintas de Melgaço
Nota: X
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QM Espumante Velha Reserva Alvarinho
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Origem: Vinho Verde
Produtor: Quintas de Melgaço
Nota: 7,5/10

sábado, julho 09, 2016

Quinta dos Carvalhais Colheita Branco 2015 + Quinta dos Carvalhais Colheita Tinto 2012

Fico feliz por a região do Dão estar a ressurgir. Depois de anos de inexplicável declínio, o desenvolvimento parece-me consistente, com investimentos de grandes empresas e de pequenos vinhateiros.
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A qualidade dos vinhos do Dão sempre foi uma certeza. A natureza sempre esteve. O conhecimento técnico não me parece que tenha sido problema. O que falhou? Marketing, relações públicas, imagem e desempenho comercial.
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Creio que a Comissão Vitivinícola Regional está bem entregue, traduz-se também pelo desenvolvimento do negócio. O caminho será longo, com percalços e sustos, e esforçado. Nada que a vontade não ultrapasse. Hoje há massa-crítica no Dão.
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A Sogrape não chegou a maior empresa do sector em Portugal por acaso. Há já uns anos que tem investido no Dão, certamente com dificuldades próprias. Cabe-lhe uma tarefa importante: ser uma das locomotivas da região.
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O centro da Sogrape no Dão está na Quinta dos Carvalhais. A propriedade situa-se entre Alcafache e Nelas, no Concelho de Mangualde, no planalto beirão. Está rodeada pelos maciços montanhosos da Serra do Açor, Serra do Buçaco, Serra do Caramulo, Serra da Estrela, Serra da Lapa, Serra da Lousã, Serra de Montemuro e Serra da Nave. A orografia aponta para características frescas e assim é.
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Duas características dos vinhos do Dão são a elegância e o potencial de evolução em garrafa. Estes dois vinhos assim o prometem. Se o branco é recente, já o tinto é mais antigo. Não é um risco apresentar um 2012, mas é ousadia, num país em que muitos consumidores, comerciantes e donos de restaurantes se centram na novidade.
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Cabe a Beatriz Cabral de Almeida comandar as operações enológicas no Dão. A tarefa tem responsabilidade acrescida, visto suceder ao incontornável Manuel Vieira, que há poucos anos deixou a empresa.
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O branco fez-se com 80% da casta rainha do Dão: encruzado. A verdelho completou o lote. É delicado, cítrico e mineral, com frescura natural. Recomendo que se beba a acompanhar comida com alguma confecção (não é para a piscina) e queijo.
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O tinto é igualmente complexo, elegante e longo na boca. Bem estruturado, com a madeira bem integrada e frescura natural. A composição do lote não foi revelada, mas a touriga nacional parece-me presente.
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Segue a tradição dos bons vinhos da região: a longevidade. É de 2012 e promete longa vida em garrafa.
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Quinta dos Carvalhais Colheita Branco 2015.
Origem: Dão
Produtor: Sogrape
Branco: 7/10
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Quinta dos Carvalhais Colheita Tinto 2012.
Origem: Dão
Produtor: Sogrape
Nota: 8/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.

sexta-feira, julho 08, 2016

Adega de Borba Branco 2015 + Adega de Borba Rosé 2015 + Adega de Borba Tinto 2014

Uma característica que valorizo (muito) é a fiabilidade. Dou-lhe mais atenção do que ao preço. Quem me costuma ler sabe que me recuso a estabelecer decretos acerca do que é a relação entre a qualidade e o preço – a disponibilidade financeira, o limite pessoal do aceitável, o que se valoriza (nariz e boca) e o traquejo enófilo variam de pessoa para pessoa. Assim, não se pode estabelecer uma conclusão.
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Ao contrário pode estabelecer-se um quadro de fiabilidade. Uma referência vínica que oscila em qualidade não é segura – não me refiro às especificidades de cada ano. Essas têm de ser tidas em conta, mas o sufrágio deve fazer-se pelo que se entende do trabalho que se realizou.
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Os vinhos da Adega de Borba têm essa consistência. Sei que ao comprar não me irá desiludir, não é uma lotaria. Isto deve-se a quem trabalha a viticultura dos muitos associados desta casa e a quem assina o trabalho de enologia.
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Óscar Gato é o homem dos tubos de ensaio, das análises, das milhentas provas que um vinho necessita antes de ser dado como concluído e engarrafado. Tem ainda mais um peso nas costas: a quantidade. Este enólogo não faz duas barricas ou 7.000 litros. Tem de saber muito para garantir uma qualidade regular e consistente em toda a gama.
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A gama dos Adega de Borba é já clássica. Vários anos de público e com sucesso. Vinhos descomplicados e fáceis (no melhor da expressão).
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O branco é descontraído, muito competente para as comidas que apetecem no Verão e amigo de convívio sem preocupações, em conversas de férias. O problema não é um problema, apenas não sou apreciador da casta antão vaz. Ainda assim, o arinto e a roupeiro compõem o retrato.
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O rosado insiste em agradar-me. É absolutamente vinho para férias. Podendo acompanhar comida, penso que o mais indicado é mesmo quando se está despreocupado, com as pernas esticadas numa cadeira longa, música chill out (perdõem-me o anglicismo, mas não encontro correspondente) e amigos. Fez-se com aragonês e syrah.
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O tinto é um vinho aveludado, que corresponde às espectativas de quem aprecia os néctares alentejanos, com a gulodice dos frutos vermelhos. Fez-se com as castas alicante bouschet, aragonês e trincadeira.
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Adega de Borba Branco 2015
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Origem: Alentejo
Produtor: Adega de Borba
Nota: 5,5/10
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Adega de Borba Rosé 2015
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Origem: Alentejo
Produtor: Adega de Borba
Nota: 6/10
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Adega de Borba Tinto 2014
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Origem: Alentejo
Produtor: Adega de Borba
Nota: 6/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.

quinta-feira, julho 07, 2016

Singular 2015

Não se pode dizer que este seja um típico Vinho Verde branco. Isso não sinónimo de bom nem de mau. Apenas o que é. A avaliação é francamente positiva.
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Quando escrevo que é diferente justifico com alguma untuosidade que lhe dá a casta chardonnay. Fez-se ainda com avesso, alvarinho e malvasia fina. Este ramalhete traduz-se numa bela frescura e alguma gulodice. A enologia está a cargo de Fernando Moura.
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A propriedade de onde se apanharam as uvas fica na sub-região de Baião, com solos graníticos. Conta a informação do produtor que 2015 que, por ali, o primeiro trimestre foi chuvoso e que a precipitação regressou em Setembro. Esses factos deram-se, com certeza, uma maior frescura natural.
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Mal seria se este vinho não fosse bom acompanhante de comida. Parece-me ser mais competente para consumo apenas no Verão. Julgo que acompanhará bem repastos mais pesados.
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Origem: Vinho Verde
Produtor: A&D Wines
Nota: 5,5/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

quarta-feira, julho 06, 2016

Azeite Virgem Extra Oliveira Ramos Premium

É difícil não gostar deste azeite. Tem suavidade, aroma agradável e casa muito bem com pratos diferenciados. Desde peixe cozido (Deus me livre – não como peixe) a uma salada ou ao refrescante gaspacho – tendo este diversas formas de ser feito.
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Fez-se com azeitonas das variedades cobrançosa, galega e picual. Despois de espremidos os frutos seguiu-se o armazenamento, em depósitos de inox com gás inerte. É um óleo frutado no aroma e ligeiramente picante na boca.
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Nunca é demais salientar que o azeite é um sumo de fruta e não um líquido fermentado como o vinho. Por isso, tem um tempo de vida muito menor e exige cuidados, como a guarda em local fresco e escuro.
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Nota: Este azeite foi enviado para prova pelo produtor.