Consta que foi a Câmara Municipal de Palmela que deu o alarme de que era português e palmelense o melhor vinho do mundo. Como se fosse possível haver um vinho melhor que todos os outros. Como se não houvesse momentos, gostos e inspirações.
Depois cairam em cima do comunicado muitos jornalistas crentes e/ou preguiçosos. Um comunicado garantia que aquele era o melhor vinho do mundo, logo era verdade. os princípios que devem reger o jornalismo eclipsaram-se pelo patriotismo, ignorância e sensacionalismo.
Não bastas vezes entram-me pelo blogue à procura do melhor vinho do mundo. A curiosidade é legítima, mas não tem uma só resposta. Desta vez telefonavam-me e interpelavam-me acerca deste vinho. Sempre as mesma explicações. Argumentavam-me sempre que a prova fora cega, como se isso fosse sinónimo de garantia absoluta, esquecendo-se de referir a concorrência e a humanidade dos jurados.
Ora, o vinho só ganhou na Vinalies Internationales 2008, que nem é o «melhor» concurso do mundo (não resisti à piada). Foi em Paris, não em Londres ou Bruxelas. E ainda que fosse, seria o mesmo. Uma medalha num concurso não significa o melhor do mundo. Tudo é muito relativo.
Mas quanto ao vinho? Não deixa de ser guloso e encantador. No nariz não é exuberante, é até austero. Mas está longe de ser o melhor vinho do mundo. É belo, mas não vale o preço em que o colocaram por causa dum comunicado sensacionalista.
Origem: Regional Terras do Sado
Produtor: Casa Ermelinda Freitas
Nota: 6,5/10