sábado, julho 31, 2010

Vinha Paz Reserva Tinto 2007

As florzinhas, de início tímidas, abrem-se com o tempo. Surgem também notas de fumo. Taninoso e com boa acidez, promete muita elegância e longevidade. Fez-se com touriga nacional (80%), alfrocheiro e jaen.
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Origem: Dão
Produtor: Vinha Paz
Nota: 7,5/10

sexta-feira, julho 30, 2010

Lagares do Cerrado Touriga Nacional Grande Escolha 2004

Num primeiro embate revela madeira (70% carvalho francês, novo, e 30% português, segundo ano). Depois revela-se mais floral. Na boca é doce, algo como compota de ameixa. Com taninos fortes e forte acidez. Promete grandes dias.
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Origem: Dão
Produtor: Quinta do Cerrado
Nota: 7,5/10

quinta-feira, julho 29, 2010

Quinta das Estrémuas Touriga Nacional 2004

Como a designação indica… é um monovarietal e a 100% da casta rainha de Portugal. Promete durar e durar. Tem um nariz muito fresco, floral, com muita mineralidade. Taninos fortes, bela acidez, notas de chocolate.
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Origem: Dão
Produtor: Quinta das Estrémuas
Nota: 7,5/10

quarta-feira, julho 28, 2010

Quinta do Perdigão Reserva Branco 2009

Com a floralidade (esta palavra não existe, eu sei) típica do Dão, mas com uma leve linha de sóbria tropicalidade. Muito elegante. Travo algo doce, mas temperado com a acidez lá da terra. Muito fresco.
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Origem: Dão
Produtor: Quinta do Perdigão
Nota: 7/10

terça-feira, julho 27, 2010

Casa de Mouraz Branco 2009

Um vinho floral, mas com notas complementares de maracujá. Bastante mineral. Boca com boa acidez, com um toque doce e final agradável. Fez-se com as uvas brancas tradicionais do Dão: malvasia fina (predominância), encruzado, cercial e bical.
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Origem: Dão
Produtor: Casa de Mouraz
Nota: 6/10

segunda-feira, julho 26, 2010

The next big thing - introdução às notas de prova

Nos próximos dias irei postar aqui no blogue textos acerca de alguns vinhos provados durante o The Next Big Thing. Não poderão ser todos, porque seria demasiado e fastidioso (ler e escrever). Vão apenas os que mais me impressionaram, embora as notações tenham sido todas muito boas, indo a mínima no bom (5 – que não será postado) até ao orgásmico (9). Vai um 6 e a partir de 7... quase todos.
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Os vinhos provados revelaram uma grande capacidade de evolução. Bebam-nos agora, para ajudar a tesouraria e a vida dos produtores, mas guardem algumas garrafas para contentamento (maior) no futuro. Beber agora alguns destes vinhos é quase pedofilia vínica… prometem grande maturidade vínica.
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Outra coisa que é notória é o valor pedido pelos produtores e a indicação de preço de venda ao público. O Dão está desvalorizado… ou, melhor, está com preços mais acessíveis do que outras regiões. Estes talvez sejam os preços justos. Para ser prático e objectivo, sem conjecturas de poesia sobre o que devia ser o mundo (dos vinhos em Portugal), olhando para o que por aí se pede e o que oferece esta região, os vinhos do Dão estão baratos.
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Lá virá aquela coisa que evito entrar, que é a da relação entre a qualidade e o preço… mas não pode deixar de se referir que há vinhos de 10 euros com notas de 8, vinhos de 3 euros com notas 6… e por aí fora. Há que fazer pela vida, a crise está aí e é preciso fazer dinheiro para pagar o dia-a-dia.
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Bem, amanhã começa a vida… leia-se, o rol de notas de prova dos vinhos do Dão.

Dão - The next big thing - A próxima coisa em grande!

Num país onde a incompetência e a preguiça compensam, cabe, muitas vezes, a quem não tem obrigação fazer o trabalho de quem deve, mas pouco ou mal sabe fazer. Um produtor de vinho deve tudo fazer para promover os seus produtos, é lógico. Pode estar interessado em associar-se com outros vitivinicultores para acções de divulgação. O que não pode é estar sozinho sem apoios de quem deve.
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Em Portugal, quando se promove uma região vitícola, juntam-se todos em barraquinhas ou colocam-se os vinhos em cima de um balcão e toca de servi-los. Acções que não diferenciam o bom do mau, a quinta da cooperativa. Em vez de se potenciar a qualidade, promove-se a mediocridade. É uma opção marxista a de tratar por igual o que é diferente. Esquecem-se que é a qualidade que faz vender os vinhos que criam volume e, até, contagia positivamente os que não prestam. Por isso, há que nivelar por cima. Nivelar por baixo só estraga.
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Se não se compreende que vinhos de classe muito baixa sejam aprovados pelas CVR (se não todas, quase todas) para ostentarem a denominação de origem controlada, menos se compreende que não tenham acções de promoção diferenciadas. Pode ser elitista mas é a única forma de promover convenientemente uma região.
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E quanto à Viniportugal, organização que tem por missão promover os vinhos nacionais? Parece que faz umas feiras… sei, por experiência própria, que nem sequer avalia propostas que lhe fazem. Nem tampouco responde.
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Tudo isto por causa dum evento organizado por João Tavares de Pina, a 26 de Julho deste ano, que levou ao Dão bloggers portugueses, jornalistas em «traje» informal e jornalistas de referência internacional (Charles Metcalfe e Paul White). Conheceu-se a «obra publicada» da grande maioria dos produtores de referência. Ou seja, esteve a fazer o que não tem obrigação de fazer. Gastou do seu bolso, dedicou horas na organização, convidou colegas, assumiu custos… Viniportuquê?
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O futuro da comunicação (vínica ou outra) não passa só pela internet, blogues e Facebook. O papel não morreu, mas a internet está viva e mexe-se, havendo jornalistas vínicos com os seus próprios espaços na rede mundial. João Tavares de Pina (Terras de Tavares) percebeu isso e apostou nos bloggers. A Viniportugal e a(s) CVR acreditam mais nos sinais de fumo e nas cartas timbradas do que nas novas formas (que já têm uns anos) de comunicação. Ainda não perceberam, talvez sejam aleijadinhos das ideias.
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Apostar nos blogues compensa. Ora veja-se: conte-se o número de visitas diárias e multiplique-se por 30 dias – já para não falar em multiplicação pelo número de blogues. Conte-se a tiragem (não vendas) da imprensa tradicional. Pense-se um bocado… e… É claro que é mais fácil comunicar para a crítica profissional (e deve-se, há essa obrigação e é muito válida), mas a blogosfera não pode ficar de fora. Se nem todas as entradas nos blogues são directamente para a página inicial, resultando de pesquisas concretas, nada leva a supor que os leitores não leiam, depois, as novidades. Por outro lado, o internauta tem à sua disposição e facilmente os textos em arquivo, sem ter de empilhar papel nem gastar tempo a pesquisar em mar de folhas. Todavia, não digo que se desvalorize o papel, tudo tem o seu espaço. Além de que há espaço virtual das revistas, realce-se o fórum (bem participado e de louvar) da Revista de Vinhos. As CVR e a Viniportugal é que andam a dormir.
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O evento apelidou-se de «The next big thing» (lamentavelmente em inglês e com denominação vazia na ligação com Dão – percebe-se a ideia, mas, de futuro, se voltar a acontecer, pode mudar-se o nome do evento) e juntou duas provas, um incrível almoço e um jantar de encerramento. Nesse tal almoço, de sete pratos e uma sobremesa, serviram-se vinhos antigos que mostram o potencial da região e por onde deve passar a estratégia: os néctares do Centro de Estudos Vitivinícolas (CEV) de 1971, branco, e os tintos de 1963 e 1970 arrasaram. As ilustrações servem para explicar onde se quer chegar e o que se pode fazer.
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Responderam ao convite de João Tavares de Pina, Álvaro de Castro (Quinta da Pellada e Quinta da Passarela) a Casa de Mouraz, Lagar de Darei, Quinta da Bica, Quinta da Falorca, Quinta da Fonte de Ouro, Quinta da Vegia, Quinta das Estrémuas, Quinta de Carvalhais (Sogrape), Quinta do Cerrado, Quinta do Perdigão, Quinta do Serrado, Quinta dos Roques (e Quinta das Maias), Terras de Tavares (obviamente) e Vinha Paz. É de notar que Álvaro de Castro não compareceu (por motivos familiares), mas podia ter enviado alguém para abrir as garrafas e explicar os vinhos; a Quinta do Serrado, que mandou vinho, mas ninguém para os abrir e explicar, devendo achar que os bloggers, os críticos ou outros produtores o fizessem; e a Quinta da Bica que colocou e abriu os vinhos, mas não teve ninguém para os apresentar e dar a provar. Estes foram os que responderam à chamada, mas houve outros que andam sonâmbulos como a Viniportugal. Estou a referir-me apenas aos produtores de referência e de reconhecida projecção.
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Onde estiveram a Casa de Santar (a Dão Sul deve estar focada a vender Grilos e Cabriz), Pedra Cancela, Quinta da Fata, Quinta das Marias, Quinta do Corujão? Certamente devem considerar bloggers e importantes críticos internacionais pessoas sem merecimento de grande atenção… problema deles, pois são quem quer vender alguma coisa. Não se misturam, penso que fazem mal.
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O escol do Dão, como se provou com esta acção, por constituir-se em ajuntamento de interesse e lobby, tal como acontece, no Douro, com os Douro Boys. O que cinco produtores da elite duriense (Niepoort, Quinta do Crasto, Quinta do Vale de Dona Maria, Quinta do Vale Meão e Quinta do Vallado) têm feito pela demarcação é puxar e empurrar o carro. Fazem por eles e ajudam, indirectamente, os outros. O Dão, e outras regiões, podem e devem fazer o mesmo.
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Os produtores, de referência e outros de qualidade, devem ainda apostar na qualidade intrínseca, no terroir, na tradição. O estilo do Dão não é o redondinho e bonitinho, tipo Ken e Barbie. É de grande elegância e de longevidade – um dia, quem sabe, porque no vinho também há modas, pode o mercado voltar aos gostos que hoje são de antigamente.
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É fácil dizer, quando o dinheiro não é o nosso, que se deve apostar na longevidade e no estilo. É fácil dizer, esquecendo que há contas para pagar. É fácil dizer quando não se empata capital na produção e acondicionamento dos vinhos. Guardar vinho no Dão é investir, mas a vida requere, também, soluções de curto prazo. Mas, o Dão tem, pelo menos tem também, de passar por aí. Sob pena de daqui por uns anos não haver vinhos como os CEV de 1963, 1970 ou 1971, que são grandes vinhos.
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Por agora é tudo. Despeço-me com amizade até aos próximos textos, que serão publicados faseadamente, acerca de vinhos e produtores presentes no «The next big thing».

sábado, julho 17, 2010

Pontual Branco 2009

É preconceito meu, assumo, achar que os vinhos brancos alentejanos são pesadões, quentes e desinteressantes. Bem sei que não e até sei que nos últimos anos têm aparecido belíssimos néctares brancos naquela província meridional.
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Digo isto porque fico sempre surpreendido quando bebo um alentejano branco que foge ao estereótipo. Ainda bem, porque gosto de surpresas agradáveis. O vinho que agora apresento é um desses casos de satisfação.
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O Pontual Branco é uma novidade, que agora acompanha os três manos tintos (syrah, touriga nacional/trincadeira e reserva). Que tal? Tem frescura. É um vinho bem equilibrado. Gostei dos traços de fruta, alguma tropicalidade, mas sem exagero (doutra forma torço o nariz e não vou muito à bola).
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: PLC
Nota: 7/10

sexta-feira, julho 16, 2010

Pontual Syrah 2007

Sempre gostei de vinho e bebo-o desde há bastante tempo. Mas, paixão, paixão, assim doida, ganhei não há tantos anos assim. Quando a paixão estava a começar a bater-me forte na cabeça, conheci o Paolo Nigra. Conheci-o numa reportagem acerca do vinho de Colares, do projecto da Fundação Oriente.
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Eu e o Paolo cruzamo-nos mais vezes em reportagem e, cedo, descobri que gosto mesmo dos seus vinhos. Devo dizer que se comecei a gostar mais de vinho o devo ao Paolo, que me foi explicando, simpática, educada e pacientemente, sem nunca ferir, o mundo dos vinhos.
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A minha primeira prova de vinhos foi dos Pontual. O Paolo explicou-me como podia fazer, e não como devia fazer. Ajudou-me e encaminhou-me a encontrar aromas, apesar de ter aquela «festa» para gerir.
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Com essa paixão nascente e as dicas de empurrão do Paolo fui ler, conversar com mais enólogos e produtores, falando de agricultura e adegas. O pouco que sei é por auto-ensino, procurando saber, perguntando, lendo. Sou autodidacta e não tenho vergonha de o dizer, e gosto de me lembrar dos meus primeiros passos pensados na companhia do Paolo.
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Já disse que sempre gostei dos vinhos do Paolo, a quem chamei um dia de alquimista. São vinhos fáceis de se gostar, vinhos de popularidade. É de aplaudir os vinhos, os produtores e os enólogos que fazem vinhos fáceis de se gostar, acessíveis no preço, desafiantes para a memória e comida… enfim, gosto dos seus vinhos, já tinha dito.
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Nunca soube se preferia os Pontual Touriga Nacional-Trincadeira ou se o Syrah. Gosto muito da fruta do TT e das notas de cacau do S. Hoje continuo sem saber. Neste tempo, faltaram-me várias colheitas e hoje, apesar da memória com sentimento e gratidão, gosto ainda mais dos Pontual. Podia ser levado pelo sentimentalismo e pela nostalgia dos primeiros tempos, mas não, agora gosto mais. Ok, ok, as vinhas têm mais idade, mais afinadas… e então?! O facto é que sinto maior prazer.
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Ontem, em casa dum casal amigo, bebi o Syrah de 2007. Os amigos gostaram muito e eu também. Apreciei o corpo, a acidez e o final. Gostei do nariz com fruta madura algo moderada, sem chegar aos compotados, as notas claras de cacau, as nuances da madeira.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: PLC
Nota: 7,5/10
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Nota: Este vinho foi enviado pelo produtor.

quinta-feira, julho 15, 2010

Vinho do Porto em exposição

Malta, vale a pena ver! Uma exposição em que se mergulha na história, mais ou menos recente, do Vinho do Porto, através dos rótulos de diferentes casas produtoras. Como atrativo há ainda provas de néctares e cocktails feitos com Vinho do Porto. A exposição encontra-se na entrada principal do El Corte Inglés, em Lisboa. Depois seguirá para Gaia.

Guadalupe Selection Branco 2009

Olá, boa tarde... como já referi numa posta anterior, acerca do Guadalupe Branco 2009, achei estes dois vinhos muito parecido, demonstrando, portanto, coerência de perfil. Não gostei mais de um do que do outro. Assunto arrumado.
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Assim, cito as notas de prova do outro: Tropical, como agora é moda, mas sem enjoos, fruto das notas cítricas e da mineralidade que completam o ramalhete. É fresco na boca, com uma acidez bem equilibrada. Bem, este talvez seja um nadinha mais mineral... não sei, achei-os mesmo muito idênticos.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Quinta do Quetzal
Nota: 6/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

quarta-feira, julho 14, 2010

DFJ Arinto Chardonnay 2009

Bom vinho para o Verão e a preço muito acessível. Esta casa da Estremadura tem habituado os consumidores a vinhos de boa qualidade e a preços muito simpáticos, pelo que já nem é novidade esse facto aplicado a este branco.
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Produzido a partir das castas alvarinho e chardonnay, portuguesa e francesa, respectivamente, este branco promete um bom acompanhamento de marisco ou mesmo duma caldeirada de peixe. Embora, a média de juntar uma casta portuguesa à borgúndia vá para o arinto, a conjugação do alvarinho não só não fica atrás como dar resultados bem interessantes.
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Não é um vinhão, não empolga vivamente, mas é um daqueles vinhos que ficam na memória pela bela companhia que fazem nestes tempos de lazer (para quem está de férias ou usufrui das esplanadas) e de calor.
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No nariz revela fruta branca, mais maçã do que pêra, e bastante cítrico. Boa acidez, que lhe levanta mais o moral.
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Origem: Regional Lisboa
Produtor: DFJ
Nota: 5,5/10

terça-feira, julho 13, 2010

Inutilidade

É sempre bom saber que há formas alternativas de abrir uma garrafa... Pobre vinho... pobre sapato... pobre parede... pobre do engenheiro que inventou este método.

segunda-feira, julho 12, 2010

Vértice Rosé 2009

Eis um vinho fácil e prazenteiro, sem complicações desnecessárias. Vai directamente àquela parte do cérebro que regula a descontracção e o estar na boa. Ideal para o Verão em que apetecem comidas mais leves e frescas, embora não seja, propriamente, um vinho de piscina.
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Digo que não é, propriamente, de piscina por ter uma untuosidade, uma certa gordura que o afastam um pouco de tal função. Mas é claramente para uma noite cálida a saborear peixe ou marisco.
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Nele se notam notas tropicais, nomeadamente banana e algum maracujá. Veio-me também à lembrança uma réstia de jasmim – é claro que este aroma não é fruta, dah! Na boca, a acidez presente corta um pouco a banana madura do nariz. Vale a pena.
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Origem: Douro
Produtor: Quanta Terra
Nota: 6/10

domingo, julho 11, 2010

Vértice Gouveio 2005

Escrevi aqui ontem que não sabia qual tinha sido o melhor vinho do jantar de apresentação dos novos Terra a Terra e Vértice. Dividi-me entre o Vértice Tinto Grande Reserva e este espumante. Pois não sei.
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O aroma lembrou-me frutos secos, nomeadamente amêndoas. É também mineral, com laivos ferrosos. Acompanhado de massa de pão. Complexo sem confusões. Na boca revela boa acidez e bolha fina, mas não picada de agulhinha.
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Origem: Douro
Produtor: Caves Transmontanas
Nota: 7,5/10

sábado, julho 10, 2010

Vértice Tinto Grande Reserva 2007

Grande vinho, obra de Celso Madeira e Pedro Guedes, lá longe (de Lisboa), no Douro. No jantar de apresentação encheu-me as medidas, hesitando, como vinho do evento, quanto ao melhor (o outro é o espumante Vértice Gouveio, que terá, amanhã, crítica aqui neste cantinho da net).
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É potente sem ser bruto nem abrutalhado. É elegante e civilizado. Não é indicado para estes tempos de calor, mas lá mais para o Outono, a fazer-se Inverno. A mim lembrou-me pato, acho que vai bem com pato no forno ou arroz de pato.
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Equilibrado, no nariz e na boca. Aromas um pouco fechados, que se revelam com o tempo e arejamento. Ameixa e fumo médio reinam no nariz, que tem também frescura. Na boca, taninos presentes, mas sem fecharem a boca atrás dum muro.
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Origem: Douro
Produtor: Caves Transmontanas
Nota: 7,5/10

sexta-feira, julho 09, 2010

Terra a Terra Tinto Reserva 2007

Este tinto duriense entusiasmou-me pouco. Claramente um vinho muito bem feito (quem sou eu para questionar a qualidade enológica ou o empenho destes profissionais?), diria sem qualquer mácula. Porém, não entusiasma. É um bom vinho, pois então. Mesmo quase um vinho muito bom, mas não me entusiasma.
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Não tem o meu perfil de gosto e penso ser apenas fácil, sem desafios. É claro que também não foi feito para ser um vinhaço, mas para atingir um grande público apreciador, certamente exigente. Não é um vinho de combate, nada disso. É um vinho feito para vender, para gerar negócio, para dar rentabilidade à casa – o que é muito importante, até para que os dois enólogos (Jorge Alves e Celso Madeira) possam também dedicar-se aos vinhaços que fazem.
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Tem, no nariz, os encantos típicos do Douro e suas castas: frutos de baga, aroma do estio nas bravuras das encostas durienses (seja lá o que for que isto queira dizer – é verdáceo, mas seco, quero eu dizer), notas de fumo suaves. Na boca é polido e educado, nada rústico.
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Origem: Douro
Produtor: Quanta Terra
Nota: 5,5/10

quinta-feira, julho 08, 2010

Terra a Terra Branco Reserva 2009

Eis um vinho fácil e prazenteiro, sem complicações desnecessárias. Vai directamente àquela parte do cérebro que regula a descontracção e o estar na boa. Ideal para o Verão em que apetecem comidas mais leves e frescas, embora não seja, propriamente, um vinho de piscina.
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Digo que não é, propriamente, de piscina por ter uma untuosidade, uma certa gordura que o afastam um pouco de tal função. Mas é claramente para uma noite cálida a saborear peixe ou marisco.
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Nele se notam notas tropicais, nomeadamente banana e algum maracujá. Veio-me também à lembrança uma réstia de jasmim – é claro que este aroma não é fruta, dah! Na boca, a acidez presente corta um pouco a banana madura do nariz. Vale a pena.
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Origem: Douro
Produtor: Quanta Terra
Nota: 6/10

quarta-feira, julho 07, 2010

Schumacher Alt

Não sei exactamente porquê, mas outro dia fui vasculhar no compartimento em que guardo os detergentes para a loiça e arrumo apetrechos de cozinha que não uso. Ao afastar a caixa de guardar a panelinha do fondue deparei-me com uma garrafa de um litro, já vazia, de cerveja de Düsseldorf. Estava lá desde que para aqui me mudei, visto o prazo de validade inscrito no rótulo terminar em 1997.
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O que faria ali a botelha? Devo tê-la guardado para me lembrar de que gosto dela e da cerveja que a guardava. Nunca mais me lembrei dela. Agora guarda água no frigorífico. Cumpre bem a função, visto ter uma rolha vedante, daquelas que têm um árame forte à volta que prende como uma mola, muito boa.
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Aproveito esta descoberta para escrever acerca desta Düssel, nome alternativo de Altbier, cerveja de Düsseldorf e seus arredores renanos. Embora a sua região berço seja Düsseldorf, em particular, e a Renânia do Norte Vestefália, em geral, nomeadamente no antigo ducado de Berg, as Alt são produzidas em mais locais de Alemanha. Ao contrário da vizinha (e rival) Kölsch, de Colónia, a Düssel não tem denominação de origem protegida.
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O termo Alt foi referenciado pela primeira vez no início do século XIX e usado, pela primeira vez por um produtor, em 1838, na Schumacher. A cerveja que aqui tive era, precisamente, Schumacher Alt, tida por ser a melhor Alt de Düsseldorf. Pelo menos foi o que me disseram diferentes renanos. Bebi-a e gostei muito, tendo repetido sempre que posso, quando vou à Alemanha. Embora prefira, como cidade, Colónia a Düsseldorf, conhecidas por forte rivalidade, prefiro a cerveja da capital regional. Um dia, por brincadeira, disse a amigos meus, em Colónia, que iria entrar numa cervejaria e pedir uma Alt. Demoveram-me fortemente e com ar muito sério, pois tal atrevimento poderia causar um motim no estabelecimento.
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As Alt são cervejas de graduação média, em torno dos 5% de álcool. São escuras e são designadas por alt (velho) em referência a estilo, e modo de produção, que se utilizava antes do surgimento das läger, no final do século XVIII. São cervejas de cor escura, de cobre não areado. Embora haja muitas cervejas com este tom escuro com corpo muito forte e grande concentração de açúcar, nomeadamente as belgas conventuais, as Alt não têm tanto corpo e transmitem sensações mais secas e amargas.

Guadalupe Branco 2009

Para mim, tanto o Guadalupe Branco, quanto o Guadalupe Selection Branco merecem a mesma avaliação. Não preferi um a outro, ambos me deram idêntico prazer. Vem aqui ao caso esta nota por me ter sido enviado para prova o Guadalupe Branco 2009, tendo eu provado-o igualmente com o seu parceiro Selection.
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É um vinho nada pesado, apesar dos calores da região. Vem duma zona típica de brancos, a Vidigueira, e traz boa fama aos vinhos daquele termo alentejano.
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É um vinho sem complicações. Directo e fácil de se gostar. Vai bem com carnes brancas ou um peixe grelhado, mas basta-lhe uma boa conversa à sombra ou com os pés de molho.
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Tropical, como agora é moda, mas sem enjoos, fruto das notas cítricas e da mineralidade que completam o ramalhete. É fresco na boca, com uma acidez bem equilibrada.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Quinta do Quetzal
Nota: 6/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

terça-feira, julho 06, 2010

Muxagat 2008

É um vinho sóbrio, sem espalhafatos, mas com personalidade e carácter. Mais do que mais um vinho de Verão, é para todo-o-terreno de levuras: peixes no forno, peixe grelhado, aves e carnes magras e tardes de dolce fare niente, de preferência com os pés na água.
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É sóbrio e fácil, mas sem cedências às festanças do novo mundo ou a tropicalismos exuberantes. Hei-de bebê-lo mais vezes.
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Origem: Douro
Produtor: Muxagat Vinhos
Nota: 6/10

segunda-feira, julho 05, 2010

Quinta da Lagoalva Talhão 1 2009

A primeira vez que bebi um Talhão 1 não fiquei fã. Não porque o vinho não prestasse, mas porque não fazia o meu género. Achei-o demasiado tropical, excessivamente maracujá, como um sauvignon blanc da Nova Zelândia ou assim uma coisa do género.
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Diogo Campilho, jovem enólogo da Quinta da Lagoalva de Cima, tem vindo a acertar, na minha modesta opinião, a mira. É normal, vai tendo mais experiência. Cinco colheitas depois de ter provado a primeira, estou muito satisfeito com o que bebi. Já as duas colheitas anteriores vinham neste âmbito. Penso que Diogo afinou o perfil. Em equipa campeã não se mexe.
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Pois as notas tropicais ainda lá estão, notas doces, mas nada enjoativas. Muito fresco, leve para o Verão e para carnes magras… acompanhei-o com gaspacho e foi muito bem.
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Origem: Regional Tejo
Produtor: Quinta da Lagoalva de Cima
Nota: 6/10

domingo, julho 04, 2010

Abandonado 2007

Devia começar a dizer mal dos vinhos deste senhor Alves de Sousa. Mas não digo: porque seria injusto. Os vinhos merecem aplauso. Devia dizer mal, para que não se pense que sou um fascinado. Não conheço o senhor em causa, acho que uma vez o cumprimentei na Garrafeira de Campo de Ourique, mas consta que é uma simpatia. Mais uma razão para dizer bem dos seus vinhos.
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Não só não digo mal, como não digo bem… deste (tal como o Vinha de Lordelo) digo muitíssimo bem. Imaginemos uma sala cheia de gente. Entra alguém e todos baixam o som às suas conversas, sussurram ou calam-se. Todos de olhos postos em quem acaba de entrar. Entra com distinção e nobreza. Assim, tal e qual, é este vinho. Sobressai.
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Muito elegante, muito prazenteiro, com belíssima acidez para lhe descansar os calores durienses, final prolongááááááá-do! Na boca, fruta madura e nota de madeira. Aplauso. Não digo mais nada.
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Origem: Douro
Produtor: Domingos Alves de Sousa
Nota: 9/10

sábado, julho 03, 2010

Quinta da Gaivosa Vinha de Lordelo 2007

Dei a provar uma colheita anterior a uns amigos meus e acharam-no patusco, mais coisa menos coisa. Mandei-os ir apanhar… ar. Eles acharam-no rústico e eu exactamente o contrário. É Douro à séria, mas com carisma como poucos.
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O nariz não é efusivo nem óbvio. Todo ele é indirecto e desafiador. Não me recorda qualquer aroma a sobrepor-se aos outros. É muito elegante… talvez uma evocação de frutos vermelhos, uma breve referência a folhas de chá… na boca é também elegante, com final prolongado. Bom para uma refeição de Natal.
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Origem: Douro
Produtor: Domingos Alves de Sousa
Nota: 8,5/10

sexta-feira, julho 02, 2010

Quinta da Gaivosa 2005

É do Douro e veste-se bem (não é ao rótulo que me refiro). Quero também dizer, que é bonito e apresenta-se bem… Lá começo eu a divagar. Quero é dizer que é um vinho elegante, nada rústico. Com bom corpo, taninos com personalidade. Nele se experimentam compotas de frutos vermelhos. Gosto!
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Origem: Douro
Produtor: Domingos Alves de Sousa
Nota: 7,5/10

quinta-feira, julho 01, 2010

Pontual Touriga Nacional Trincadeira 2006

Tenho dito várias vezes ao meu amigo Paolo Nigra (produtor e autor deste tinto), que ele é um alquimista, que tem o toque de Midas e que sabe fazer vinhos fáceis de se gostar, com popularidade, mas com elegância. Os vinhos do Paolo bebem-se com alegria, quer à refeição, como numa conversa que lhe siga. Tenho experimentado e dá sempre bom resultado.
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Este, como o nome indica, fez-se com a mais internacional variedade portuguesa (a omnipresente touriga nacional) e com a super-simpática trincadeira. É incontestavelmente alentejano, mas nota-se o toque do autor.
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No nariz vêem à cabeça os frutos silvestres e cerejas maduras. Na boca, taninos polidos e elegantes. Acidez que não permite qualquer cansaço. Bom final.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: PLC
Nota: 7/10