quarta-feira, julho 31, 2013

Monte da Ravasqueira Reserva Branco 2012

Nem sempre me ponho a olhar para os rótulos quando me chega uma garrafa para prova... quando compro é diferente, escolho o que quero, com diferentes critérios e lógicas. Ora dizia, que não costumo olhar para os rótulos do que me chega para prova, até porque muitas vezes não abro logo a embalagem que acolhe a botelha.
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Quando li o papel anexo e mirei a garrafa temi que fosse filho duma casta que abomino, mas que vinga no Alentejo. Pelos vistos, há muita gente que aprecia e produtores e enólogos, por essa ou outra razão, escolhem-na. Trata-se da antão vaz... mas como não é bonito dizer mal de gente ausente, poupo o leitor ao impropérios que lhe dirijo.
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Pois este reserva fez-se de viognier (56%) e alvarinho (44%). A primeira casta tem tradição na quente Côtes du Rhône e tem-se dado bem no Alentejo. Já a outra provém do Norte do Minho e da Galiza, zonas bem mais frescas. Por isso, não será de estranhar que os resultados sejam diferentes. A alvarinho é uma grande casta e, muito embora seja mais esplendorosa a Norte, dá néctares com interesse a Sul.
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É um vinho com frescura, mas não é refresco. As notas de lima dão-lhe frescor, mas há por ali alperce. Para mim, falta-lhe alguma acidez, mas não deixa de ser um bom vinho.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Monte da Ravasqueira
Nota: 5,5/10
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Nota: Esta garrafa foi enviada para prova pelo produtor.

terça-feira, julho 30, 2013

Monte da Ravasqueira Reserva Tinto 2011

A memória dos primeiros Monte da Ravasqueira que provei não é boa. Um sentimento partilhado com outros amigos, amigos de amigos, convivas e afins. Ainda hoje, quando refiro a marca a reacção não é boa.
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Penso que o problema não era do enólogo, mas do perfil da encomenda. Bem, o tempo passou e será injusto falar do passado. Até porque o produtor lançou os seus primeiros reservas (o branco sai amanhã) e o enólogo mudou.
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Está à frente do laboratório um jovem que, contudo, tem currículo. Ok, não saiu agora da universidade, mas não deixa de ser um jovem. Chama-se Pedro Pereira Gonçalves e ganhou créditos num produtor, entretanto já encerrado, a Quinta de Vale d’Algares.
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Trata-se dum vinho de lote, numa composição já hoje considerada clássica entre nós: touriga nacional (54%) e syrah (46%). Posto isto tenho a dizer que o casamento é equilibrado, sem que as uvas andem à bulha no copo. A prova olfactiva revela, sem grande surpresa, geleia de amora e chocolate preto.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Monte da Ravasqueira
Nota: 7/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

segunda-feira, julho 29, 2013

Senses Syrah 2011

Há um anúncio de televisão a uma comida para gato (não é piada ao nome do enólogo). A dona do bichano vai falando e falando e termina com Whiskas Saquetas. Depois repete-se a cena, mas com o ponto de vista (ou de audição e percepção) do gato: blá blá blá Whiskas Saquetas. Adoro o anúncio e falo dele quase todos os dias.
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Quero com isto dizer que já disse muito da Adega de Borba e, sobretudo, da sua alma maior, o enólogo Óscar Gato. Portanto... blá blá blá Senses Syrah.
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É um vinho com apreciação olfactiva complexa: frutos do bosque, chocolate de leite e levemente floral. Na boca mostra-se estruturado, com taninos presentes e nada brutos. Um final que quem dera a muitos mais caros e badalados conseguirem.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Adega de Borba
Nota: 7,5/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

domingo, julho 28, 2013

Senses Touriga Nacional 2011

Depois da apresentação de ontem, hoje não vou repisar. Os Senses (amanhã sai o syrah) elevam o patamar de exigência, mas a característica do produtor é a mesma: bom e barato ou acessível... depende do critério de cada um e disponibilidad€).
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A casta touriga nacional é tida como a grande cultivar tinta portuguesa. Gera vinhos de inegável qualidade e adapta-se a uma grande variedade de solos e climas. É uma casta de potencial internacional e que tem sido plantada em diversas latitudes e longitudes fora do rectângulo continental português.
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Óscar Gato, já elogiado ontem, tem conseguido, colheita após colheita, grandes regularidades, de qualidade e perfil do produto. Quem hoje compra encontra, fora as especificidades do ano (convém e é isso que tona os vinhos interessantes), um irmão da colheita anterior e um irmão da posterior. Não são vinhos iguais, há anos melhores do que outros, mas quem compra não sai enganado. A Adega de Borba é coerente no que faz.
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Uma das características de Óscar Gato é saber tirar frescura das uvas: não bastam os solos e o clima, é precisa a sabedoria do técnico, para mandar apanhar os frutos no momento certo – uma outra faceta do badalado terroir).
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Ora, fora do seu berço, o Dão, a touriga nacional mostra-se diferente. Para mais com uma clara diferença de clima. Por isso, muitas são as presenças de geleia de frutos do bosque e morango. Todavia, há também a presença das violetas, que tanto brilham nas tourigas de sítios mais frescos.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Adega de Borba
Nota: 7/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

Comer

Alimentar é comer na cozinha, e comer, neste contexto, é por falta de melhor vocábulo. Comer é uma transcendência, tão meta que só se deveria escrever com minúsculas. A pretensão de alimentar, ou, pior, de bem alimentar é que precisa de maiúsculas e justificações. Comer, beber, água, vinho, rir, amar, respirar, ar... tudo com minúsculas. Alimentar é um tédio! Comer na cozinha? Só de castigo. Gosto da solenidade de comer na sala e da fruição pueril da mesa de festa mesmo sem mesa. Abomino o dia-a-dia, o tem de ser, o come-senão-morres. Um milhão de vezes a mesa curta da taberna. Um milhão de vezes a mesa rica do palácio. Mastigar pode ser penoso e não mastigo em vão. Comer na cozinha é como foder de cuecas e com peúgas de turco. E antes a fome do que a monotonia e o tédio.
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Nota: Pintura de James Tissot.

sábado, julho 27, 2013

Adega de Borba Branco 2012

Óscar Gato não é um nome do jet-set do vinho, mas é um grande senhor do vinho. Na Adega de Borba gere muitos milhares de litros de vinho. É precisa sabedoria e tarimba para se fazer tanto e bem.
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Nasceu no Alentejo e numa família com cultura do vinho. Pai e tio, cada qual com sua taberna, servem vinho de talha (grandes ânforas de barro onde o mosto fermenta), aquele que tradicionalmente se fazia no Alentejo. A região era cerealífera e hoje tem um mar de vinhas. Os Gato são do tempo do antigamente e fazem vinhos como os de sempre.
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Esquecendo agora pai e tio de Óscar Gato, avance-se para o vinho. Um branco, que não foi feito em talha, mas em inox e não conheceu estágio em madeira. Experiência que se traduziu numa clara frescura e leveza.
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Quem me lê habitualmente sabe que detesto os vinhos feitos com uvas da casta antão vaz, a rainha das brancas alentejanas. Pois ela aqui está, juntamente com a roupeiro e a arinto.
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Tenho de ser justo e referir que se sente a antão vaz, porém o lote está equilibrado. O vinho é fresco, tem acidez e não tem o aborrecimento quente de vários brancos da região... quase todos com antão vaz na composição.
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É um vinho bem indicado para o Verão, para pratos leves, da salada ao marisco, até ao convívio descontraído. As muitas notas cítricas fazem-me gostar dele; não é favor que faço a Óscar Gato. Apesar da maldita antão vaz...
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Origem: Alentejo
Produtor: Adega de Borba
Nota: 5/5
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

sexta-feira, julho 26, 2013

Herdade do Esporão AB 2009

Escrever acerca da casta alicante bouschet, que justifica o AB do rótulo, é mais blá blá blá... Se não foi tudo dito, foi quase. O Esporão é também uma empresa muito conhecida e os seus enólogos, David Baverstock e Luís Patrão, não precisam de prestar mais contas.
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Dito isto, o que seria notícia era que o vinho não prestasse. Contudo, este filme tinha final anunciado. Em vez do galã beijar a mocinha na cena final, aconteceu que beijei o copo com prazer até que estivesse vazio.
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Descritores? Ora tenham lá santa paciência, que está demasiado calor para coisas que me aborrecem.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Esporão

Nota: 8/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

quinta-feira, julho 25, 2013

Herdade do Esporão S 2009

Há coisas na vida que demoram a chegar. Uma delas é esta crónica, que andava encalhada há meses (e outra que sai amanhã). Uma espera que se aparenta com o tempo que este néctar demorou a chegar ao mercado.
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O S deste vinho quer dizer syrah, uma casta que tão bem se tem dado nas quenturas alentejanas. Desde já é preciso notar que esta marca apenas sai em anos considerados excepcionais. Quanto a mim, o resultado justificou a decisão.
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Quem há uns tempos afirmava que os vinhos alentejanos não tinham potencial de envelhecimento (grupo no qual me incluo) tem de repensar. Para mim, este vinho tem para onde andar. Embora com longevidade, o Herdade do Esporão S 2009 dá prazer no imediato.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Esporão
Nota: 8/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.