quinta-feira, março 31, 2011

Adega de Borba e Benfica juntos

Querido diário,
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Só hoje tive vontade de escrever sobre o vinho que o Sport Lisboa e Benfica e a Adega de Borba lançaram para comemorar os 50 anos da vitória na Taça dos Campeões.
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O almoço foi simpático. Mais não digo, porque foi mesmo divertido… Não digo, não digo e não digo. Mas quem lá esteve sabe que cortei na casaca de alguém... cala-te boca. Dedos, quietinhos.
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O vinho é tinto e foram feitas tão pouquinhas garrafas, mas tão pouquinhas (500) que custam uma exorbitância (50 aérios). Nada que um verdadeiro lampião enófilo não possa pagar. Bem vistas as coisas, dividindo o valor da garrafa por dois (paixão pelo vinho e amor ao clube) até que fica em conta.
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Declaração de interesses: quando era menino era do Benfica, o único numa família de Belenenses. Quando, mais tarde, o Belém desceu de divisão fiquei tão triste que percebi que, afinal, sou dos azuis do Restelo. E com muito orgulho.
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Como Belenenses que sou, não gosto do Sporting. E hoje o Benfica não me diz nada! Beléeeeeeeem!
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Ah! Acabei por não provar o vinho, mas diria que é tinto… branco, com seus tons esverdeados, é que não poderia ser.
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Até amanhã, querido diário.

Quanta Terra Grande Reserva Branco 2009

Bela vinhaça! O meu amigo Vasco encontrou-lhe cominhos. Andei à procura e concordei. Notei-lhe mineralidade. Mas o que mais gostei foi da grande dignidade, sem sumptuosidade… sinal de verdadeira grandeza. Força e carácter.
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Faz um vistaço em qualquer lugar onde se apresente, mas, por favor, não lhe dêem a comer frango assado. . Marimbei-me nos descritores. Cada vez me interessam menos. Quem os quiser que me telefone ou ligue directamente para o produtor. . Grande vinhaça!
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Origem: Douro
Produtor: Quanta Terra
Nota: 8/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

quarta-feira, março 30, 2011

Cavalo Maluco 2007

Patacum, patacum, patacum, patacum, patacum… etc (este é o barulho do bater dos cascos dum cavalo a galope. Montado vai o chefe dos Oglala Lakota, do povo Sioux, Cavalo Maluco… ok, estou a viajar na maionese!...

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Já por aqui escrevi sobre uma outra colheita desta referência, pelo que me vou poupar a fazê-lo novamente… ok, deixo um link para os preguiçosos que o queiram ler

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A touriga franca reina no lote, onde aparecem também a touriga nacional (que já começa a enjoar) e a petit verdot. Sou suspeito, gosto muito de touriga franca. Feita a declaração de interesses tenho a dizer que este ultrapassa o simples facto de ter essa linda casta.

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Agora o beguegueu do costume: o nariz revela fruta preta, especiarias, chocolate preto e minério; na boca mostra bem os taninos (que seduzem), elegância e frescura, com final longo. Já disse!

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Origem: Regional Terras do Sado

Produtor: Herdade do Portocarro

Nota: 8,5/10

terça-feira, março 29, 2011

Casa Ferreirinha Reserva Especial 2003

Quando gosto dum vinho costumo guardar a garrafa durante uns tempos (não são anos) e volta e meia vou mira-la. Como quem olha o retrato duma ex-namorada, cujo final da relação ainda não foi bem digerido. Quero dizer, neste caso devia ser o oposto, mas foi o que me lembrou e já que me saí com esta não vou mudar todo o poema por causa dum pormenor.
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Sim, guardo a garrafósia e lembro-me do prazer que me deu. Está bem, algumas guardo a fogo na memória, mas todas, as que posso, deixo-as, como troféu de caça, no quarto da escrita. Depois acabo por me desfazer delas. Claro que não é por as guardar que me ficam as virtudes na cabeça. Nem que não me ficam. Ok, é uma parvoíce como outra qualquer.
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Como duvido, a 90 por cento, que alguém leia notas de prova, não vou escrever nenhuma. Digo só que este está bem cravado na minha lembrança e que o repetirei se puder. A garrafa seguiu ontem para o ecoponto.
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Origem: Douro
Produtor: Casa Ferreirinha
Nota: 8,5/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

segunda-feira, março 28, 2011

Yarden Viognier 2007

A Galileia é tida como a melhor região vinícola de Israel. Dentro dela, os vinhos com maior nomeada provêm dos montes Golã. Sim, esses roubados à Síria durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Embora parte tenha sido devolvida, o facto é que parte continua ilicitamente ocupada.

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Quem me deu este vinho a beber foi uma amiga muito querida e que se apresenta cá em casa para jantar com grande frequência. Tinha acabado de chegar de Israel e de lá tinha vindo com uma ideia não muito optimista dos néctares locais. Quando provou este desfez a ideia.

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Quando estive em Israel, no começo de 1999, provei vários vinhos, mas sinceramente não me lembro deles. Não tenho nem boas nem más recordações. Foi há muito tempo, mas sei que o vinho israelita nunca foi para mim motivo de conversa. Portanto, não devo ter achado nada de especial. Lembro-me, sim, da belíssima fruta, dos gostosos lacticínios, da gastronomia, da simpatia e hospitalidade.

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Um outro contacto com vinho judeu foi em Portugal, na Adega Cooperativa da Covilhã. Apoio a ideia de se fazer vinho judaico em Portugal, tendo em conta a presença e a tradição, nomeadamente na Beira Interior. Além de poder dar um contributo para as exportações. Infelizmente, a qualidade é que enfim… a impressão que transmite não é nada favorável.

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Com todo o respeito que me merece a cultura, as tradições e a religião judaica, penso que, no vinho, existe um princípio racista ou, se preferirem, de segregação religiosa. O vinho é um produto religioso, mas que só os judeus podem produzir. O processo tem de ser super-higiénico, é muito exigente nesse aspecto… além disso, os não judeus ficam à porta da adega, nem o enólogo pode entrar, podem vindimar, mas não ter contacto a partir do momento do começo da transformação das uvas. Pelos vistos, os gentios estragam ou conspurcam o líquido santo. Imagine-se o que se não diria se o comportamento fosse idêntico em relação aos judeus…

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Bem, os cristãos criaram a Santa Inquisição e os alemães, mais uns tantos, o holocausto. Cruzes que todos temos de carregar, apesar de não termos, em concreto, cometido tais crimes. E os judeus hão-de sempre vitimizar-se, tirando partido dos complexos de culpa e fazendo chantagem emocional. Paciência!

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Há outro aspecto em que esse racismo se manifesta. Se o vinho (judaico) não for mevushal não pode ser servido por um gentio a um judeu. O que se não diria se fosse ao contrário!...

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Desculpem, mas há coisas que não engulo. Acho que um povo que sofreu o que sofreu ao longo de toda a história tem obrigação de, no presente, abandonar estas práticas segregacionistas. Já para não referir a situação da ocupação territorial na Palestina.

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Bem… no nariz revela alperce, flor de laranjeira e um fumo suave. Na boca mostra elegância e um final médio-longo.

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Origem: Galileia

Produtor: Golan Heights Winery

Nota: 7/10

Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas de Santa Maria 2007

Esta coisa dos descritores desarruma-me a paciência. Por que raio se há-de dizer o que o vinho tem se não é isso que os torna bons ou maus? Está bem, está bem, alguma coisa tem de se escrever, nem que seja para «fazer» caracteres.

. O que importa: GANDA vinho! Brutal! Este vinho no Douro era capaz de custar o dobro. Quando na Bairrada andam a fazer estrangeirices, nesta quinta beirã (que não é bairradina) vinificam a casta baga e com grande pinta. «Ah, a baga é difícil…», e então?! Não quero saber, desembrulhem-se. Se há quem saiba fazer bem, conseguem, pelo menos, fazer assim-assim. Despachem lá o syrah para a Austrália e o cabernet para a Califórnia, ou para onde quiserem. Ponham os olhos neste produtor e façam baga. Baga é que é para vinhateiros de barba rija, não é pra meninos!

. Ah! Os descritores: no nariz frutos vermelhos maduros, notas minerais e tabaco… blá, blá, blá… boca com boa acidez, especiarias, taninos envolventes, final longo, patati patatá. . . . Origem: Região: Regional Beiras Produtor: Quinta de Foz de Arouce Nota: 9/10