Doispontocinco é o nome dum novo produtor da Beira Interior, que quer centrar a sua atividade comercial nos mercados externos. Faz bem, digo eu, porque isto por cá não se recomenda a ninguém.
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Para já, o produtor apresenta três vinhos, os clássicos branco, rosado e tinto. O objetivo é que sejam acessíveis aos bolsos dos consumidores. Seja o que isso queira dizer, porque cada um sabe de suas algibeiras, a verdade é que soa a anjos no Paraíso… quem tem dinheiro, disponibilidade e vontade de se abalançar em compras farfalhudas? Ok, uma equipa de CEO de empresas respeitáveis, com sede social na Holanda, e pouco mais.
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A crise tem coisas boas. Uma delas é, para o consumidor, a queda dos preços… trazendo, agarrada, uma maior qualidade. Joga-se com esses dois fatores. O problema é quando os vitivinicultores baixam tanto as margens que ficam na penúria, trabalhando para aquecer ou só para não perder clientes. Mas isso é outra cumbersa. O que importa é o surgimento de melhores vinhos a preços mais simpáticos.
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Embora o produtor não me tenha dado estimativa dos preços de venda ao público, esse número abstrato que, a bem dizer, não diz nada… cada um pede o que quer e não há como reclamar. Sei do preço na distribuição e deduzo um valor final.
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Se o valor que prevejo estiver certo, não refiro porque não tenho bases, estes vinhos parecem-me apresentar uma boa relação entre a qualidade e o preço… cena para a qual me marimbo, talvez não devesse, quando escrevo, pois a malta curte essas coisas. Quando os vir nas prateleiras com os selos terei opinião.
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Quanto aos vinhos, não apreciei especialmente o rosé. Porém, a família está equilibrada, não há um que destoe, nem para cima nem para baixo. São vinhos muito bem feitos, com garantia de Anselmo Mendes, mestre que, para mim, está no top três dos enólogos portugueses… (oh Anselmo!... depois pagas-me em rafas)… Há que entrar aqui uma piscadela de olho, não vá alguém acreditar num tráfico de botelhas por estas bandas.
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Doispontocinco Rosé 2010
No nariz mostrou-se complexo, morango maduro. Na boca
desinteressou-me o rebuçado, embora com frecura e uma secura no final lhe desse graça. Suavemente,
no toque e na apreciação. As castas são a touriga nacional, aragonês, jaen e
alfrocheiro.
Produtor: 2.5 Vinhos de Belmonte
Doispontocinco Branco 2010
Este fez-se de síria, arinto e fonte cal. De todos, foi o
que mais me agradou. Tem garras. Apreciei-lhe a mineralidade,
a frescura herbácea, final médio. Gostei.
Produtor: 2.5 Vinhos de Belmonte
Doispontocinco Tinto 2009
Hum! Começo pela nota e por a justificar. Este baralhou-me o
esquema, pois penso que não atinge o 7,5 do branco nem os 6 do rosado. Entre uma
coisa e outra, puxo-o para cima.
É um vinho feito com castas tradicionais, no caso aragonês,
touriga nacional, jaen e alfrocheiro. É justo, não sendo complexo também não é
óbvio. Na boca mostrou-se elegante, com um final médio. Nada enjoativo no nariz,
onde sobressaíram as notas a chocolate preto.
Produtor: 2.5 Vinhos de Belmonte