O vinho é uma bebida de socialização e divertimento, entre
outras coisas, que varia entre o insuportável e o sublime. Quando bebi esta
garrafa ocorreram-me os Lancers Free, sem álcool. Este tem álcool, mas o que
tem em comum é a sua absolutamente provável ausência nas mesas dos enófilos,
dos mais presunçosos aos prosaicos, dos eruditos aos presunçosos.
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Ninguém, com carta de bom gosto e iluminação, coloca um Free
ou um Sparkling na mesa… uns dirão que não é vinho, outros estão no cimo duma
burra e nem olham para baixo. Para mim fazem mal! Porque no experimentar e
conhecer não se deve ter limites. Por outro lado, prova-los é assumir,
reconhecer, que o vinho também é uma bebida, como o refrigerante, o sumo, o chá,
a cerveja… não vejo mal nisso. O vinho tem tanto de elitista como tem de
popular, talvez até mais de popular.
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Não, não gostei deste vinho. Mas fico contente por que haja
vinhos nesta prateleira, e não apenas para se poder dizer mal. Dizer mal só
gosto dos presunçosos. Gosto do que cria postos de trabalho, gera riqueza e dá
momentos de felicidade. Acredite! Não gosto do vinho, mas gosto do que
representa.
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Não quero escrever mal só para bater no ceguinho… que tem a
efervescência dos sais de fruto, a personalidade 7 Up e que é fixe para
sardinhadas no pino do Verão, em tronco nu, com a barriga corada esticada em
pança. É isso tudo, mas não é isso apenas.
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É bom para o Verão, porque descomplica. Irá bem com
sardinhas assadas (que não como) porque, pelo cheiro dos peixinhos, as deve
desengordurar. É feliz porque é funcional, com seus 11% de álcool… Verão de
tintol de 15%, Deus me livre. Patuscadas no cansaço da praia a beber Barca
Velha, bolas! É para esses momentos de lazer que este vinho serve. É para se beber
e deixar brilhar outras coisas da vida, que não apenas a grande comida, a pompa
e a solenidade. Não é caro e é fácil. Tcharã! O que querem mais?
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O vinho é uma bebida e é bom que divirta. Para isso basta
haver gente bem disposta… Esta é uma bebida bem feita, cumpre, certamente, os
parâmetros estabelecidos pelos comerciais, após estudos de mercado em painel de
consumidores comuns. Vindo de onde vem, sei que a enologia trabalhou com
competência e traduziu em bebida-produto o que se lhe pediu. No que respeita a
qualidade de bebida, nada a apontar. Quanto a alma… lamento.
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Como mais uma vez expressei aqui, os meus critérios são
assumidamente subjectivos, mas não penalizarei um vinho apenas porque não
gosto, sem referir uma nota alternativa, não oficial nem final. A nota do
reconhecimento de qualidade e competência, 3 ou mais. A minha particular e a que conta,
2.
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Origem: vinho de mesa
Produtor: Sogrape Vinhos
Nota 2/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.
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