Não esperava muito deste vinho, mas também não esperava pouco. Uma coisa me intrigava: por que razão desaparece um vinho? Na verdade, a pergunta deveria ser por que razão desaparecem umas determinadas vinhas. A resposta está em parte nas expectativas: nem bom nem mau. Aqui há uma injustiça na forma: o Bastardinho está claramente numa categoria de valor. A outra parte da resposta está no (Moscatel de) Setúbal.
Talvez se o Setúbal não disputasse território aproximado e, parcialmente, sobreposto o Bastardinho de Azeitão ainda vivesse. É quase aquela pergunta armadilhada dum anúncio: porquê algodão se pode ter seda?! Se um produtor pode fazer melhor e se o mercado reconhece essa qualidade, para quê continuar a produzir o Bastardinho se há o Setúbal?
Nisto há também lamento, porque o vinho é bom, leva esforço para nascer e, desta forma, desaparecem vinho e vinhas. Já não bastava não ter este vinho histórico uma Denominação de Origem Controlada própria, como lhe calhar ainda o azar de não ter quem lhe pegasse e o resgatasse com poder, tal como aconteceu com o Colares (Fundação Oriente) e Carcavelos (Estação Agronómica Nacional).
Origem: nd (Terras do Sado)
Produtor: José Maria da Fonseca
Nota: 6/10