Algumas vezes gabei as minhas conquistas na mesa, o que talvez não me tenha ficado bem. Dirão os meus amigos que cozinho bem e que sou um tipo simpático. Direi, vaidoso, em minha defesa que me limitei a narrar factos. Pensarei, honestamente, que houve sucessos empolados e que preciso de comer muita poeira na estrada antes de me fazer ao caminho.
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Desta vez não vou ser benévolo comigo. Bem sei que nem sempre os meus cozinhados são aplaudidos ou merecem notas sonoras de agrado de quem os come. Porém, tenho algum sentido crítico. Há vezes em que não levo palmadinhas nas costas é porque, por cá, já se banalizou o comer bem. Há vezes em que não levo nas orelhas porque as pessoas são simpáticas, cordatas, educadas e amigas.
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Hoje (ontem) foi diferente. A comida estava boa. Nem demais passado nem de menos. Nada disso. Porém, não estava de estrondo, que é sempre o orgasmo que procuro. Dizem os meus amigos que gosto de fazer experiências com seres humanos (com eles), é verdade. Pensar em comida, imaginar receitas, experimentar práticas, improvisar soluções e obter aplausos. Nem sempre este último item é conseguido ou completamente conseguido. Porém… porém…
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Porém, apesar de tudo não houve manifestações sonoras e visuais de regozijo. Porque já cá comeram melhor. Porque já comeram melhor. Porque o resultado final não foi proporcional ao empenho e à ideia. Risco de quem gosta de criar. Contudo não sou artista profissional nem académico ou iluminado pelo deusa da comida, que os pagãos chamariam de Mesa e os recicladores católicos de Santa Mesa.
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Mas, então, o que veio para a mesa? Omeleta de frango do campo com presunto de porco preto alentejano e trufas pretas, acompanhadas por arroz de manteiga com cogumelos nameco. Nem sal a mais nem sal a menos. Porém, a alquimia deslumbra mais na descrição do que no paladar. Para sobremesa, umas belíssimas cerejas da Gardunha.
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Nota de destaque para o vinho. O vencedor da noite foi o Fagote (branco) 2008, do Douro, vencedor em boca e surpresa. O melhor no nariz foi o Passadouro (branco) 2008, do Douro, mas que ficou aquém das expectativas, até porque foi o vinho mais caro da noite. Uma boa aposta foi o Adega de Pegões (branco) 2008, regional Terras de Sado, que, além de custar uma ninharia se bateu com dignidade com vinhos com o quíntuplo do preço. Podia não ter havido uma desilusão, mas apenas um último classificado. Contudo, houve um vinho, que não sendo mal feito, não valeu a aposta nem o preço, o Gadiva (branco) 2008, do Douro.
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Posto isto, resta-me despedir, como o saudoso, e felizmente ainda vivo, engenheiro Sousa Veloso: Despeço-me com amizade até ao próximo programa.
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Nota 1: Se alguém gostou verdadeiramente que o diga ou que se cale para sempre.
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Desta vez não vou ser benévolo comigo. Bem sei que nem sempre os meus cozinhados são aplaudidos ou merecem notas sonoras de agrado de quem os come. Porém, tenho algum sentido crítico. Há vezes em que não levo palmadinhas nas costas é porque, por cá, já se banalizou o comer bem. Há vezes em que não levo nas orelhas porque as pessoas são simpáticas, cordatas, educadas e amigas.
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Hoje (ontem) foi diferente. A comida estava boa. Nem demais passado nem de menos. Nada disso. Porém, não estava de estrondo, que é sempre o orgasmo que procuro. Dizem os meus amigos que gosto de fazer experiências com seres humanos (com eles), é verdade. Pensar em comida, imaginar receitas, experimentar práticas, improvisar soluções e obter aplausos. Nem sempre este último item é conseguido ou completamente conseguido. Porém… porém…
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Porém, apesar de tudo não houve manifestações sonoras e visuais de regozijo. Porque já cá comeram melhor. Porque já comeram melhor. Porque o resultado final não foi proporcional ao empenho e à ideia. Risco de quem gosta de criar. Contudo não sou artista profissional nem académico ou iluminado pelo deusa da comida, que os pagãos chamariam de Mesa e os recicladores católicos de Santa Mesa.
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Mas, então, o que veio para a mesa? Omeleta de frango do campo com presunto de porco preto alentejano e trufas pretas, acompanhadas por arroz de manteiga com cogumelos nameco. Nem sal a mais nem sal a menos. Porém, a alquimia deslumbra mais na descrição do que no paladar. Para sobremesa, umas belíssimas cerejas da Gardunha.
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Nota de destaque para o vinho. O vencedor da noite foi o Fagote (branco) 2008, do Douro, vencedor em boca e surpresa. O melhor no nariz foi o Passadouro (branco) 2008, do Douro, mas que ficou aquém das expectativas, até porque foi o vinho mais caro da noite. Uma boa aposta foi o Adega de Pegões (branco) 2008, regional Terras de Sado, que, além de custar uma ninharia se bateu com dignidade com vinhos com o quíntuplo do preço. Podia não ter havido uma desilusão, mas apenas um último classificado. Contudo, houve um vinho, que não sendo mal feito, não valeu a aposta nem o preço, o Gadiva (branco) 2008, do Douro.
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Posto isto, resta-me despedir, como o saudoso, e felizmente ainda vivo, engenheiro Sousa Veloso: Despeço-me com amizade até ao próximo programa.
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Nota 1: Se alguém gostou verdadeiramente que o diga ou que se cale para sempre.
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Nota 2: Pintura de Antoon Claeissens.
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Nota 3: À mesa estiveram a Tagarela, a Nanda e o Nasser.