Estive ontem na Symington e tive a felicidade de provar um néctar que me há-de ficar na
memória por muito tempo. Infelizmente, a especialidade não está à venda, mas o
deslumbre justifica que aqui escreva uma nota.
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Todas as casas de Vinho do Porto têm os seus tesouros, alguns
de produção própria e outros adquiridos a produtores individuais. Guardado em
poucos recipientes de madeira, está um vinho que todos os enófilos gostariam,
de certeza, de provar. Sou um privilegiado!…
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A raridade data de 1882, ano em que chegou a Portugal Andrew
James Symington, a primeira pessoa deste apelido a pisar solo português, para
trabalhar na Graham’s… empresa que muito mais tarde, em 1970, haveria de ser
adquirida por descendentes seus.
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Que tal é a preciosidade? As palavras que possa escrever são
insuficientes, certamente. Este 1882 é daqueles vinhos que têm tudo lá dentro,
e o nariz e a boca humanos têm capacidades limitadas, além de que a memória é
fugidia e nem sempre precisa (falo por mim)… acresce que degustei em clima
informal e veloz, nem coisa de ciência nem de mesa de refeição aristocrática.
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A saber: no nariz mostrou-se, primeiro, um pouco austero,
coisa que lhe haveria de passar; aromas químicos, algo farmacêuticos, notas de
especiarias, como noz-moscada, finura de canela, depois um não muito comum (nos
tawnies) alcaçuz, frutos secos, passas e iodo. Na boca revelou-se untuoso,
gordo, guloso, corpanzudo, vigoroso, fresco, com canela, caramelo suave, passas,
frutos secos e um final brutal!
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Tal como há um ano a Taylor’s apresentou o Scion, um Rolls
Royce, espero que a Symington se atreva a pôr cá fora algumas botelhas, que já
se sabe serão poucas e caras. Faço figas para isso!
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Origem: Vinho do Porto
Produtor: Produtor anónimo / Symington Family Estates
Nota: 10/10
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