Uma característica que valorizo (muito) é a fiabilidade.
Dou-lhe mais atenção do que ao preço. Quem me costuma ler sabe que me recuso a
estabelecer decretos acerca do que é a relação entre a qualidade e o preço – a
disponibilidade financeira, o limite pessoal do aceitável, o que se valoriza
(nariz e boca) e o traquejo enófilo variam de pessoa para pessoa. Assim, não se
pode estabelecer uma conclusão.
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Ao contrário pode estabelecer-se um quadro de fiabilidade.
Uma referência vínica que oscila em qualidade não é segura – não me refiro às
especificidades de cada ano. Essas têm de ser tidas em conta, mas o sufrágio
deve fazer-se pelo que se entende do trabalho que se realizou.
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Os vinhos da Adega de Borba têm essa consistência. Sei que
ao comprar não me irá desiludir, não é uma lotaria. Isto deve-se a quem
trabalha a viticultura dos muitos associados desta casa e a quem assina o
trabalho de enologia.
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Óscar Gato é o homem dos tubos de ensaio, das análises, das
milhentas provas que um vinho necessita antes de ser dado como concluído e
engarrafado. Tem ainda mais um peso nas costas: a quantidade. Este enólogo não
faz duas barricas ou 7.000 litros. Tem de saber muito para garantir uma
qualidade regular e consistente em toda a gama.
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A gama dos Adega de Borba é já clássica. Vários anos de
público e com sucesso. Vinhos descomplicados e fáceis (no melhor da expressão).
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O branco é descontraído, muito competente para as comidas
que apetecem no Verão e amigo de convívio sem preocupações, em conversas de
férias. O problema não é um problema, apenas não sou apreciador da casta antão
vaz. Ainda assim, o arinto e a roupeiro compõem o retrato.
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O rosado insiste em agradar-me. É absolutamente vinho para
férias. Podendo acompanhar comida, penso que o mais indicado é mesmo quando se
está despreocupado, com as pernas esticadas numa cadeira longa, música chill
out (perdõem-me o anglicismo, mas não encontro correspondente) e amigos. Fez-se
com aragonês e syrah.
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O tinto é um vinho aveludado, que corresponde às
espectativas de quem aprecia os néctares alentejanos, com a gulodice dos frutos
vermelhos. Fez-se com as castas alicante bouschet, aragonês e trincadeira.
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Adega de Borba Branco 2015
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Origem: Alentejo
Produtor: Adega de Borba
Nota: 5,5/10
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Adega de Borba Rosé 2015
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Origem: Alentejo
Produtor: Adega de Borba
Nota: 6/10
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Adega de Borba Tinto 2014
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Origem: Alentejo
Produtor: Adega de Borba
Nota: 6/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.
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