Fico feliz por a região do Dão estar a ressurgir. Depois de
anos de inexplicável declínio, o desenvolvimento parece-me consistente, com
investimentos de grandes empresas e de pequenos vinhateiros.
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A qualidade dos vinhos do Dão sempre foi uma certeza. A
natureza sempre esteve. O conhecimento técnico não me parece que tenha sido
problema. O que falhou? Marketing, relações públicas, imagem e desempenho
comercial.
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Creio que a Comissão Vitivinícola Regional está bem
entregue, traduz-se também pelo desenvolvimento do negócio. O caminho será
longo, com percalços e sustos, e esforçado. Nada que a vontade não ultrapasse.
Hoje há massa-crítica no Dão.
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A Sogrape não chegou a maior empresa do sector em Portugal
por acaso. Há já uns anos que tem investido no Dão, certamente com dificuldades
próprias. Cabe-lhe uma tarefa importante: ser uma das locomotivas da região.
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O centro da Sogrape no Dão está na Quinta dos Carvalhais. A
propriedade situa-se entre Alcafache e Nelas, no Concelho de Mangualde, no
planalto beirão. Está rodeada pelos maciços montanhosos da Serra do Açor, Serra
do Buçaco, Serra do Caramulo, Serra da Estrela, Serra da Lapa, Serra da Lousã, Serra
de Montemuro e Serra da Nave. A orografia aponta para características frescas e
assim é.
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Duas características dos vinhos do Dão são a elegância e o
potencial de evolução em garrafa. Estes dois vinhos assim o prometem. Se o
branco é recente, já o tinto é mais antigo. Não é um risco apresentar um 2012,
mas é ousadia, num país em que muitos consumidores, comerciantes e donos de
restaurantes se centram na novidade.
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Cabe a Beatriz Cabral de Almeida comandar as operações
enológicas no Dão. A tarefa tem responsabilidade acrescida, visto suceder ao
incontornável Manuel Vieira, que há poucos anos deixou a empresa.
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O branco fez-se com 80% da casta rainha do Dão: encruzado. A
verdelho completou o lote. É delicado, cítrico e mineral, com frescura natural.
Recomendo que se beba a acompanhar comida com alguma confecção (não é para a
piscina) e queijo.
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O tinto é igualmente complexo, elegante e longo na boca. Bem
estruturado, com a madeira bem integrada e frescura natural. A composição do
lote não foi revelada, mas a touriga nacional parece-me presente.
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Segue a tradição dos bons vinhos da região: a longevidade. É
de 2012 e promete longa vida em garrafa.
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Quinta dos Carvalhais Colheita Branco 2015.
Origem: Dão
Produtor: Sogrape
Branco: 7/10
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Quinta dos Carvalhais Colheita Tinto 2012.
Origem: Dão
Produtor: Sogrape
Nota: 8/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.
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