Provavelmente, não há
ninguém, maior de idade, em Portugal que nunca tenha provado um Borba Reserva «Rótulo
de Cortiça». Ou, pelo menos, que nunca tenha reparado numa qualquer prateleira
de loja. O Reserva «Rótulo de Cortiça» é um ícone, sinónimo de vinho
alentejano, mais concretamente da denominação Borba (hoje incluída na designação
genérica Alentejo).
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Os «Rótulo de Cortiça»
foram, durante anos, uma referência de qualidade. Porém, a marca perdeu elã,
por várias razões; o gosto do consumidor mudou, o aroma e o paladar querem-se
diferentes dos da tradição; os vinhos que eram feitos para durar e viver longos
estágios, hoje querem-se jovens e potentes; surgiram muitas marcas; e a
qualidade média subiu muito. O Reserva «Rótulo de Cortiça» precisava dum
empurrão.
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Porque o potencial
está lá todo, o salto deste produtor faz-se com a apresentação da novidade
Grande Reserva, que surge em edição limitada de 3.000 garrafas. Uma resposta
para apanhar o que a memória tem de positivo e que o presente e o futuro
exigem. O Reserva não desapareceu, tem é agora um mano superior, que lhe prolonga
a tradição e os traços de família.
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Os Reservas ficaram
célebres pelo lote feito com trincadeira, aragonês e castelão (outrora chamada
de periquita). O Grande Reserva «Rótulo de Cortiça» pisca o olho à modernidade,
com a introdução da nacionalizada alicante bouschet, embora mantendo a
trincadeira.
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Existe no mundo dos
vinhos o preconceito de que os néctares alentejanos não sabem envelhecer. A
Adega Cooperativa de Borba demonstrou o contrário. Quando apresentou o Grande
Reserva, a cooperativa trouxe à mesa algumas garrafas de colheitas do Reserva
«Rótulo de Cortiça». A mais antiga a ser servida foi a primeira edição, da
longínqua vindima de 1964.
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O elenco contou com as
colheitas de 1964, 1977, 1982, 1994 e 2005, todas em grande forma, batendo com
luva branca em quem garante, em absoluto, a pouca longevidade alentejana. Não é
de todo mentira, mas não é uma verdade absoluta. As antiguidades mostravam uma
coerência de estilo, e o Grande Reserva assume-se como uma continuação
modernizada.
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A tradição dentro desta novidade está também na
promessa de longevidade. O produtor atribui ao Grande Reserva «Rótulo de
Cortiça» um pico dentro de 15 anos. Hoje, quase ninguém faz vinhos assim.
Contudo, está de se beber. Como a cortiça… sempre à tona!
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