É extraordinário pela
qualidade. Mas também por não se revelar ao mundo todos os anos… fica
escondido. Sai quando tudo acontece de feição, pelo que a vida nem sempre
permite um nado-vivo.
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O primeiro foi em 2004 e veio
com saúde. Houve o de 2006. Há este de 2008. Noutros anos vieram azares à vinha
e um desastre na adega (2009), devido ao comportamento da madeira em que
estagiou.
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O nome deve-se à pouca
visibilidade que tem um vinho de pouquíssimas garrafas. Aníbal Coutinho faz e
fará só uma barrica, o que coloca a produção em torno das 250(!) garrafas.
Portanto, aquilo que acontece algumas vezes a todos os produtores, o asnear
duma barrica, é fatal e cruel na Quinta da Murteira Pequena.
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Este nano-produtor diz que é
sempre o sonho dum enólogo fazer o seu vinho. Pretende um produto exclusivo e
não querer saber das pontuações de Robert Parker, o mais mediático, influente e
temido crítico. Aliás, nem lhe manda garrafas para prova.
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O que lhe importa é a
tradução das castas e a transferência do ambiente da vinha para o que está
dentro da garrafa. Defende pouca intervenção humana, para não estragar o que a
natureza deu.
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O Escondido 2008 é uma
evocação dos vinhos de Bordéus de antes do boom tecnológico… ou seja, de quando
ainda não imitavam os californianos, que os tinham imitado. Aqui há elegância,
subtileza e longevidade. A merlot dá elegância e longevidade e a touriga
nacional a força.
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A vinha, de meio hectare,
situa-se em Almargem do Bispo, em Sintra, e dá um vinho de sensação fresca,
onde a graduação alcoólica é baixa, rondando os 12 graus. Só isto o torna num
contra a corrente. Não é consensual, é algo austero. É um vinho de salão.
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Aníbal Coutinho sempre gostou
de vinho, mas foi como engenheiro civil que entrou numa outra dimensão, quando,
no final da década de 90, assinou os projectos das adegas das Caves Aliança, em
Sangalhos, e da Herdade da Farizoa, em Borba.
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Depois veio o curso de
agronomia. Abraçou muitas vertentes no eno-mundo: produtor (Escondido e
Astronaut – na África do Sul e Portugal), enólogo, consultor de compras (Modelo
Continente), escanção (O Jacinto, Lisboa), formador e crítico de vinhos (Guia
Copo & Alma)… Diz que assim compreende melhor o que vai da vinha ao
consumidor… Ah! E é membro do Coro Gulbenkian… não há-de saber fazer vinhos
afinados!…
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