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Por esse desalinho quis fazer um
vinho diferente dos (muitos) que se fazem pelas Terras do Sado e Alentejo. «Não
é um vinho redondinho», garante. Contratou um enólogo de renome (Paulo
Laureano), mas é ele quem monta o esqueleto. Não pretende nem fruta nem
compotas, mas notas minerais e terrosas, especiarias e frutos pretos. É um
vinho de produtor. Quer acidez, depois taninos e só no final se preocupa com o
álcool. Quer longevidade e coloca o pico deste vinho em 2017, mas prevê vida
além dessa data.
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A topografia, a geografia e a
vizinhança ajudam-no no objectivo. Terra plana que sente o mar e junto a
arrozais (também é orizicultor). Pela manhã há neblina e à noite o termómetro
vem por aí abaixo, chegando a perder 20 graus face ao dia.
Mota Capitão tem agora a vinha em modo de produção
biológico, nada com químicos de síntese, para bicharocos, fungos ou ervas
daninhas. Contudo, pensa já no passo seguinte, na biodinâmica, um sistema «alternativo»,
com adopção de calendário lunar, atenção aos signos do zodíaco e aos quatro
elementos da natureza.
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Para este produtor do Alentejo (que a burocracia diz que não
é), a touriga franca é a melhor casta do país, mas que por ser caprichosa, ou
impertinente, se recusa a viver num sítio qualquer. O Cavalo Maluco vive em
função desta variedade duriense.
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A touriga franca dá estrutura, os taninos suaves e sedosos,
o toque de classe e elegância. A touriga nacional confere as notas florais e a
pinot noir a acidez. É fácil de se gostar, embora não sendo óbvio. Bem
complexo, evolui no copo durante toda uma refeição. Se no início se mostra um
pouco austero, o tempo dá-lhe festa. E no fim até relincha.
1 comentário:
O Cavalo Maluco nunca provei, mas já provei o Anima L7 que mostra, também, a vontade deste produtor em apresentar vinhos diferentes.O Anima L7, por um lado é um vinho distinto de todos os portugueses que já provei,e, por outro, apresenta muito pé, porque é um vinho que, deliberadamente, não foi filtrado...
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