Como pode uma região destruir-se ou, pelo menos, não se
construir se tem argumentos para ascender?
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Apesar dos renomeados alvarinhos de Monção e Melgaço, que
conseguem com mérito afastar-se do retrato-robô e de poucos produtores – em número
e muitíssimo menos em percentagem no todo da região – a região dos Vinhos
Verdes é reconhecida pelos preços (tão) baixos que, não tenho dúvidas, estraga
negócio a quem faz bem feito e tem um projecto profissional, não apenas
técnica, mas também de gestão.
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Pergunto-me, muitas vezes, o que passará pela cabeça dum
alemão, apreciador de vinho, mas sem ser erudito, quando vê numa prateleira
Vinho Verde que custa trocos e outro que tem mais umas moedas em cima.
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Outra pergunta que me faço é que reacção tem um consumidor
que experimentou Vinho Verde de cêntimos quando bebe um vinho «a sério».
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Felizmente, tem aparecido gente apostada em descolar-se dessa
realidade de vinho baratucho – diga-se que é enorme a quantidade de Vinho Verde
ao nível do decapante – e com sucesso. Que mais surjam.
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Há na região produtores que, apesar de venderem barato,
sabem o que fazem e nada disso é condenável. A Aveleda é um produtor que sabe
fazer bem e barato – produzir em grande quantidade não é fácil e os vinhos
desta sociedade antiga e familiar de Penafiel merecem todo o respeito.
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Não vou entrar em enumeração de produtores, pois iria ser
injusto com esquecidos, mas achei por bem notar o caso da Aveleda, que até na
dimensão é um caso à parte.
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Com este enquadramento pretendo notar que é muito benvinda –
lamento, mas bem-vinda não tem lógica, os doutores da língua que aprendam – a
chegada de João Portugal Ramos à região dos Vinhos Verdes.
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O Vinho Verde vende bem e João Portugal Ramos sabe fazer e
gerir bem. Chegar ao Vinho Verde só mostra que a região quem potencial para vinho
de qualidade e que o faro de negociante rastreou consumidores – pelo menos lá
fora – dispostos a pagar mais. Cá, duvido. Não perguntei, mas palpita-me que
esta entrada no Noroeste é mais para exportar.
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Quanto ao vinho em si... surpreendeu-me alguém não fazer um
monovarietal de alvarinho na sub-região de Monção e Melgaço. Surpreendeu-me e
bem, muito bem. Aqui, o lote é constituído em 85% por uvas da variedade
loureiro, ficando o alvarinho com a parte restante.
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O Verão vai alto, mas com tempo bastante para saciar
fins-de-semana e férias, além de que os brancos, mesmo os leves, não são
consumíveis apenas no estio.
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Este é do mais fresco – ou refrescante – que há. É uma delícia!
Pelos citrinos... e com uma elegância feminina das flores de laranjeira, um
pouquinho de jasmim... um pequeno jardim.
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Origem: Vinho Verde
Produtor: João Portugal Ramos
Nota: 6,5/10
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