segunda-feira, agosto 04, 2014

João Portugal Ramos Vinho Verde Loureiro 2013

Como pode uma região destruir-se ou, pelo menos, não se construir se tem argumentos para ascender?
.
Apesar dos renomeados alvarinhos de Monção e Melgaço, que conseguem com mérito afastar-se do retrato-robô e de poucos produtores – em número e muitíssimo menos em percentagem no todo da região – a região dos Vinhos Verdes é reconhecida pelos preços (tão) baixos que, não tenho dúvidas, estraga negócio a quem faz bem feito e tem um projecto profissional, não apenas técnica, mas também de gestão.
.
Pergunto-me, muitas vezes, o que passará pela cabeça dum alemão, apreciador de vinho, mas sem ser erudito, quando vê numa prateleira Vinho Verde que custa trocos e outro que tem mais umas moedas em cima.
.
Outra pergunta que me faço é que reacção tem um consumidor que experimentou Vinho Verde de cêntimos quando bebe um vinho «a sério».
.
Felizmente, tem aparecido gente apostada em descolar-se dessa realidade de vinho baratucho – diga-se que é enorme a quantidade de Vinho Verde ao nível do decapante – e com sucesso. Que mais surjam.
.
Há na região produtores que, apesar de venderem barato, sabem o que fazem e nada disso é condenável. A Aveleda é um produtor que sabe fazer bem e barato – produzir em grande quantidade não é fácil e os vinhos desta sociedade antiga e familiar de Penafiel merecem todo o respeito.
.
Não vou entrar em enumeração de produtores, pois iria ser injusto com esquecidos, mas achei por bem notar o caso da Aveleda, que até na dimensão é um caso à parte.
.
Com este enquadramento pretendo notar que é muito benvinda – lamento, mas bem-vinda não tem lógica, os doutores da língua que aprendam – a chegada de João Portugal Ramos à região dos Vinhos Verdes.
.
O Vinho Verde vende bem e João Portugal Ramos sabe fazer e gerir bem. Chegar ao Vinho Verde só mostra que a região quem potencial para vinho de qualidade e que o faro de negociante rastreou consumidores – pelo menos lá fora – dispostos a pagar mais. Cá, duvido. Não perguntei, mas palpita-me que esta entrada no Noroeste é mais para exportar.
.
Quanto ao vinho em si... surpreendeu-me alguém não fazer um monovarietal de alvarinho na sub-região de Monção e Melgaço. Surpreendeu-me e bem, muito bem. Aqui, o lote é constituído em 85% por uvas da variedade loureiro, ficando o alvarinho com a parte restante.
.
O Verão vai alto, mas com tempo bastante para saciar fins-de-semana e férias, além de que os brancos, mesmo os leves, não são consumíveis apenas no estio.
.
Este é do mais fresco – ou refrescante – que há. É uma delícia! Pelos citrinos... e com uma elegância feminina das flores de laranjeira, um pouquinho de jasmim... um pequeno jardim.
.
.
.
Origem: Vinho Verde
Produtor: João Portugal Ramos
Nota: 6,5/10


Sem comentários: