Grande vinho!
.
É tão redonda a afirmação que pouco posso escrever.
.
Não é um vinho para todos os dias. Felizmente há vinhos que
não são para todos os dias.
.
Se fosse agradecer ao médico que me operou, ou quisesse
impressionar o futuro sogro na primeira vez que partilhasse-mos a mesa, este
estaria na lista das hipóteses.
.
Sou dos que pensam que a forte graduação num vinho – excepto os
rosados e alguns brancos mais informais – não é um defeito. Só será defeito se
não tiver acidez para lhe dar frescura e vivacidade.
.
Este vinho projecta-se a 14,5 graus de álcool e
perigosamente, pois tem frescura e gulodice – mas não é um vinho para barrar no
pão, porque tem acidez e não é uma cesta de fruta encarnada (vermelha já cansa).
.
O Alentejo é cosmopolita nas castas da denominação de origem
(facto que me encanita), pelo que neste vinho se pode encontrar a cabernet
sauvignon – variedade que infantilmente e injustamente disse que não gostava.
.
A cabernet sauvignon se travada a tempo não é pimentão,
revelando-se pimento mais ou menos intenso. É um colosso que marca muito os
lotes em que participa. Neste caso, tempera bem, dá exotismo (!), mostra-se e
não põe e dispõe.
.
A bordalesa é acompanhada pelas alentejanas trincadeira,
alicante bouschet e aragonês, que lhe dão o sotaque cantado dos alentejanos. A
madeira envolve bem, penso que está numa boa medida – julgo que quem gosta dum
uso minimalista da madeira poderá não apreciar tanto. Não sendo caruncho, gosto
muito de sentir a madeira no vinho, sendo que nos tintos a sua ausência pode
ser trágica...
.
Podia o marquês ascender a duque... título que em Borba não existe,
tal como os outros todos (excepto o de marquês), incluindo o de visconde.
.
.
.
Origem: Alentejo
Produtor: João Portugal Ramos
Nota: 8,5/10
.
.
.
Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.
Sem comentários:
Enviar um comentário