Vou entrar em partilha de intimidade.
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A A que, há coisa de dois anos, quase afirmava que o vinho
era todo igual já não o faz. A A tem um feliz descomplexo: gosta, gosta, não
gosta, não gosta. Não é nem quer ser uma intelectual do vinho. O vinho é pra
fruição. Bingo!
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A miúda às vezes tem cismas e ultimamente anda numa de
carnicha, não. Embora na véspera lhe tenha feito tragar umas fatiínhas de lombo
de porco, o dia a que se reporta o texto foi de «não carne».
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Umas cenourinhas (não é diminutivo bacoco, ao jeito
português... cafézinho, copinho, bolinho, continha) avinagradas, uns tomates
pêra (já por si uns diminutivos), umas massas (massinhas) com uma forma escanifobética
(tipo lacinhos) que o M (cinco anos) chamou de medusas (rosa, encarnado, amarelo, laranja e
verde), salada de eruca selvagem e agrião e (non sense) queijos: Queijo de Azeitão,
Queijo Picante da Beira Baixa (antes conhecia-o por Castelo Branco) e queijo de
ovelha semi-curado de Seia. O M inventou um molho (o M gosta
de ir cozinhar comigo, que o deixo inventar, desde que coma o que inventou) com
azeite, vinagre balsâmico, flor-de-sal com limão, açafrão, caril e canela, que
ficou catita (pasmem-se).
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Como diz o M (e com toda a razão) que quem manda cá em casa
sou eu (é instintivo, os putos sabem), ordenei à A que escolhesse o vinho. Foi
directamente aos brancos (não tenho perdido o latim) e escolheu o Tons de
Duorum 2012. Perguntei-lhe o critério, mas como a resposta não fazia qualquer
sentido, achei que Deus criou o acaso para justificar a razão feminina... xiu!
Ela não pode saber que escrevi isto... Não percebi a razão, mas penso que
acertou na mosca.
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Porque esta «democracia» está estabelecida em alicerces
perfeitamente definidos, a A, quando escolhe um vinho (e quando não escolhe), é
obrigada à tarefa de descrever o vinho (coisa que não interessa quase nada... é
assim tipo palavras-cruzadas), à qual dou umas dicas, ora para ajudar, ora para
desajudar. Esclareço que a A, nessa arte desnecessária da adivinhação, se sai
muito bem.
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Ora, em termos olfactivos o que encontrámos? Manga, algo de
maracujá e um pouco de abacaxi. Mal levantou o copo disse: é fresco! Pois é.
Tanto quanto o é na boca. Fresco, suave e deslizante.
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Origem: Douro
Produtor: Duorum Vinhos
Nota: 5,5/10
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