«Dez anos, é muito tempo», Paulo de Carvalho dixit... ou, melhor, cantava ou canta. Uma música evocativa dos seus primeiros dez anos de carreira, que hoje ultrapassa os 50. Nove anos em retrospectiva dos Independent Winegrower’s Association (IWA), colheitas de há dez anos.
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Para quem não sabe, esta organização junta cinco produtores
de referência, que ano após ano apresentam vinhos consistentes em qualidade.
Ninguém sai enganado. Quem vai sabe ao que vai. E se não sabe, fica a saber.
São eles: Casa de Cello (Dão e Vinhos Verdes), Alves de Sousa (Douro), Luís
Pato (Bairrada), Quinta do Ameal (Vinhos Verdes) e Quinta dos Roques (Dão).
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Numa mostra no Hotel Ritz, em Lisboa, os Famosos Cinco
apresentaram bué de néctares, não sendo todos novidades. Não me demorarei a
escrever sobre cada um dos seus novos vinhos, prefiro sublinhar o conteúdo da
«masterclass», dedicada aos dez anos de existência da IWA. Visto a vindima de
2013 ainda estar por acontecer, a associação só tem nove campanhas. O tema foi
a década, pelo que brilharam os vinhos de 2003.
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Não sou grande coisa a fazer contas de cabeça e de memorizar
as características meteorológicas dum determinado ano, aplicadas a diferentes
regiões, particularizadas em localizações específicas. Contudo, lembro-me que
2003 foi quente comó caraças! Houve tantos incêndios florestais que Lisboa
adoptou fumo de zonas confinantes. No Saldanha não se conseguia ver o outro
lado da rua.
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Pois esse ano muito quente resultou, talvez contra as
expectativas, em belíssimos vinhos dos Famosos Cinco. Pedro Araújo (Quinta do
Ameal) revelou que o acharam pouco são das ideias quando decidiu fazer um
monovarietal da casta loureiro.
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O Ameal Loureiro 2003 está em grande forma, com presença de
fruta na prova olfactiva. «Diziam-me que os vinhos de loureiro só aguentavam
seis meses» – disse Pedro Araújo. Quase dez anos mais tarde vê-se quem tinha
razão e quem não via o horizonte.
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Embora produza tintos no Dão, João Pedro Araújo (julgo que
primo do anterior) levou um Vinho Verde branco; Quinta de Sanjoanne Escolha
Branco 2003. Não tão vivo quanto o vinho precedente no texto, mas igualmente
fresco e jovial. Mais um argumento a favor da capacidade de guarda dos Vinhos
Verdes.
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Luís Pato apresentou o Vinha Formal Branco todo ele feito
com uvas da casta bical e fermentado em barricas. A casta não é particularmente
ácida, afirma Luís Pato, que, apesar disso, revela não acidifica. Embora com
notas de evolução, estava fresco e guloso de se beber.
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Alves de Sousa Reserva Pessoal Tinto 2003 sem sinal de
envelhecimento, notando-se apenas um suave couro a revelar alguns sinais. Vinho
com frescura e subtilezas, complexo e longo de boca.
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Quinta dos Roques Garrafeira Tinto 2003 foi criado a pensar
no envelhecimento. Luís Lourenço tem sido um dos motores de recuperação do bom
nome do Dão, região que durante décadas foi uma referência. Andou a fazer
monovarietais, mas convenceu-se que a realidade do Dão é feita de lote. Uma
região famosa pela longevidade dos seus vinhos, e este está em grande forma.
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Não vou entrar pelo enfadonho caminho, para mais sendo
tantas as referências, dos descritores, até porque não me apetece. Em vez do
tradicional esquema da notação, vou aplicar, desta vez, uma solução mais
vantajosa para quem (eu) está cansado de bater nas teclas. Não irei também
atribuir notas. Alguns vinhos tiveram já referência anterior, pelo que podem
ser encontrados outros textos no blogue.
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Quinta de Sanjoanne Terroir Mineral 2012 (Vinho Verde –
branco), Quinta de Sanjoanne Escolha 2009 (Vinho Verde –branco), Quinta de
Sanjoanne Superior 2009 (Vinho Verde –branco), Sanjoanne Passi (vinho de mesa
passito – branco), Vegia 2010 (Dão – tinto), Quinta da Vegia 2010 (Dão – tinto)
e Quinta da Vegia Reserva 2007 (Dão – tinto).
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Branco da Gaivosa Reserva 2011 (Douro - branco), Quinta da
Gaivosa Tinto 2003 (Douro - tinto), Alves de Sousa Reserva Pessoal Tinto 2005
(Douro – tinto), Tapadinha Grande Reserva Tinto 2009 (Douro – tinto), Quinta da
Gaivosa Vinha de Lordelo Tinto 2009 (Douro – tinto), Abandonado Tinto 2009
(Douro – tinto), Memórias Alves de Sousa (vinho de mesa – tinto) e Alves de
Sousa Porto Vintage 2011 (Porto – tinto).
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Luís Patos Espumante Maria Gomes 2012 (Bairrada – espumante branco
– método clássico), Luís Pato Espumante Maria Gomes Método Antigo 2012
(Bairrada – espumante branco – método antigo), Luís Pato Espumante Quinta do
Moinho 2010 (Bairrada – espumante branco – método clássico), Luís Pato Vinhas
Velhas Branco 2012 (Bairrada – branco), Luís Pato Baga 2012 (Bairrada – tinto),
Luís Pato Vinhas Velhas Tinto 2009 (Bairrada – tinto), Luís Pato Vinha Pan 2010
(Bairrada – tinto) e Luís Pato Vinha Barrosa 2010 (Bairrada – tinto).
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Ameal Loureiro 2012 (Vinho Verde – branco), Ameal Loureiro
2004 (Vinho Verde – branco), Ameal Escolha 2012 (Vinho Verde – branco), Ameal
Escolha 2011 (Vinho Verde – branco), Ameal Escolha 2007 (Vinho Verde – branco)
e Ameal Special Harvest 2011 (vinho de mesa – colheita tardia – branco).
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Maias Branco 2012 (Dão – branco), Quinta das Maias
Malvasia Fina 2012 (Dão – branco), Quinta das Maias Verdelho 2012 (Dão – branco),
Quinta dos Roques Encruzado 2012 (Dão – branco), Quinta dos Roques Rosé 2012
(Dão – rosado), Maias Tinto 2011 (Dão – tinto), Quinta dos Roques Touriga
Nacional 2011 (Dão – tinto) e Quinta dos Roques Garrafeira Tinto 2008 (Dão –
tinto).
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