Tenho apreço por este produtor de Gouveia, ainda que não lhe
conheça nem rosto nem voz. Um gosto que advém pela honestidade com que faz
vinho; nada de artifícios, apenas vinho. Néctares que respeitam a palavra Dão.
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Há vinhos para todos os gostos, bolsos, conhecimentos,
momentos... Este é para quem gosta do Dão ou o quer descobrir. Desde já porque
conjuga as castas de referência da denominação: touriga nacional, alfrocheiro,
tinta roriz e jaen. Até onde está uma memória, que poderia ser (pois que existe)
fantasiada por leveduras ou Diabo a quatro... essas coisas que sabem os
enólogos.
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Os vinhos da Quinta de Ponte Pedrinha, todos os que conheci
até agora, têm essas coisas que muita gente perdeu ou não sabe: respeito e
honestidade. Este não é um «grande vinho do Dão»; é um muito bom vinho, porque
que mostra a região e porque, para além disso, é genuinamente bom. Não é um
vinho modernaço nem a atirar ao pingarelho... é Dão.
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É incrível que um vinho cujo preço deve rondar os cinco
euros, talvez menos, apresente esta complexidade e prazer de ser bebido. Mais
interessante na prova olfactiva, em que a violenta se sobrepõe à fruta e depois
permite que o mineral supere a fruta. Um jogo a três bem praticado. Na boca
gostaria de lhe sentir mais acidez, mas simpatizei com o polimentos dos
taninos.
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O Dão fez fama com a longevidade dos seus néctares; dez, 20,
30 anos e mais. Duvido que este chegue em forma aos 30 anos, mas certamente no
prazo duma década ainda terá alguma coisa para contar.
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Origem: Dão
Produtor: Maria de Lourdes Mendes Oliva Nunes Osório
Nota: 6/10
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