sexta-feira, setembro 23, 2011

Um Colares especial de corrida – Monte Cascas Colares Branco

Este vinho não é barato. Reconheço que pagar quase 34 euros por uma garrafa custa. Mas, bolas, há momentos especiais. Vem aí o Natal e bem que pode ir parar ao sapatinho.
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Não pode ser barato. Não há forma de poder ser, pelas condições em que crescem as uvas. As vinhas são trabalhosas e implicam andar curvado. A mão-de-obra é escassa e cara. A quantidade é mínima…
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Dividida em chão rijo e chão de areia, a região de Colares o que tem de especial são as raízes no solo arenoso. As vides não são enxertadas em videiras americanas, porque ali a filoxera não entrou. Uma relíquia. As uveiras estão rasteiras, com pequenos suportes de cana para evitar que as uvas torrem no contacto com a areia. Macieiras, também elas rasas, partilham o espaço.
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Estão em pequenas parcelas, quintalinhos separados por canas.
A região é das mais pequenas do mundo, com cerca de 20 hectares, e está longe do fulgor do princípio do século XX, em que abrangia mil hectares.
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A proximidade do mar trouxe turistas, que ali estabeleceram as suas residências de veraneio. A pressão imobiliária comeu as vinhas. Os esforços dos produtores chocam sempre nesta realidade. Mas além dos carolas que se mantém firmes na tradição, também há aficionados mais recentes. Há uns anos, a Fundação Oriente investiu na maior vinha da região, trazendo-lhe sangue novo. Surgiu, há coisa de dois anos, um novo micro projecto.
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Designa-se por Monte Cascas e é formado por dois jovens enólogos (Hélder Cunha e Frederico Gomes), que no seu currículo têm a passagem pela poderosa Napa Valley (EUA). Fazem vinhos em diferentes regiões, sempre com o mesmo espírito de inovação e de qualidade.
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Enquanto o primeiro tinto (100% casta Ramisco) ainda estagia, por imposição legal, está no mercado o branco, referente à vindima de 2008, totalmente conseguido com Malvasia de Colares, que, a par do Ramisco, é uma variedade étnica única do lugar.

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Os jovens enólogos não têm vinha própria, compram uvas a pequenos agricultores. Só fizeram 634 garrafas. Na gíria chama-se vinho de garagem… no caso é mais vinho de alpendre.

2 comentários:

Nuno disse...

E que vinho. Excelente mesmo. E devido a tudo o que já disseste, este vinho não é caro. Espero que consigam fazê-lo por muitos mais anos. E o Ramisco está cada vez melhor, já o provei e acredito no que aí vem. Um abraço a ti e a eles.

Ricardo disse...

Grande compra!