Hobby, diz o dicionário que é uma actividade desempenhada em momentos de
lazer, um passatempo. Quem tem um hobby pratica-o por paixão. O problema está
no significado que tem esta segunda palavra. É que paixão é sofrimento.
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É um sentimento doloroso, que pode fazer perder a capacidade de raciocínio,
pelo menos o lógico. Mas que tem esse significado a ver com o que hoje usamos?
Dizemos que estamos apaixonados por alguém e vem-nos ao rosto a iluminação dos
olhos e um sorriso. Sim, há as palpitações, o nervosinho, a obsessão de estar
com quem se gosta. Contudo, daí a chamar-se paixão, a do sofrimento, ao tempo
das borboletas na barriga já parece excessivo. Já o Camões dizia que o amor era
fogo que arde sem se ver, que é contentamento descontente.
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Por mim, há frémitos por outras coisas que também podem iludir os
significados primeiros das palavras que usamos no dia-a-dia. Digo eu e dirão muitas
mais pessoas. Tudo isto para introduzir o primeiro vinho da revista. Um
projecto novo, estreado há poucos meses, pela mão dos enólogos Pedro Pinhão e
Diogo Campilho.
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Os dois jovens enólogos, que trabalham na Quinta da Lagoalva de Cima,
avançaram, por conta própria, para um projecto de criação, que foge à lógica
das produções das empresas. É claro que não pretendem perder dinheiro, mas
querem fazer vinho como forma de arte, como acto criativo. Por paixão.
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Dizem: «Quando não estamos a fazer vinho, estamos a bebê-lo». A frase
traduz o espírito. Se isto não é paixão, que me definam, com melhor palavra, o
que é. Depois juntam outra máxima para animar o apetite: «saborear um tinto no
fim da noite é como se tivesse anjos a cantar nas tuas papilas gustativas».
Garantem que querem «levar a todos os portugueses a experiência de beber um
vinho que não só os deixa felizes como os vai fazer cantar como ninguém»!
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Por mim conseguem-no com este tinto regional alentejano, colheita de 2007. Para o ano, prometem, haverá mais. Começam os dias frescos e já apetece abrir uma garrafa de tinto.
Por mim conseguem-no com este tinto regional alentejano, colheita de 2007. Para o ano, prometem, haverá mais. Começam os dias frescos e já apetece abrir uma garrafa de tinto.
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