Dizer-se que Thomaz Lima Mayer é um homem de sete ofícios é faltar à
verdade. Dizer-se que teve um só interesse laboral também não é correcto. É
empresário, teve empresa de construção de cortes de ténis, outra de piscinas,
uma de meios de reprodução e impressão industriais. Em Portugal e no Brasil.
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Como o nome indica é familiar de Adolfo Lima Mayer, magnata e homem de
artes do final do século XIX e começo do XX. Este seu herdeiro tomou conta da
companhia familiar e a sua mais recente «aventura» é a dos vinhos. Não foi
propriamente para se reformar, mas para não ficar parado. Escolheu uma paixão
antiga e instalou-a na Quinta de São Sebastião, a quatro quilómetros de
Monforte.
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A quinta, com um monte típico alentejano, tem ainda uma ermida dedicada ao
santo que lhe dá o nome. É um lugar sossegado, com 30 hectares de vinha,
montados de sobro e azinho, duas ribeiras e solo maioritariamente granítico. Há
vida selvagem com fartura, contando com os gamos, esses introduzidos.
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O vinho que se apresenta é um tinto, o petit verdot de 2006, uma criação
extreme. Não sendo completamente uma novidade, é um néctar com longevidade
bastante para se falar dele. Rui Reguinga, o enólogo, põe-lhe a vida útil nos
dez anos. A caminho vem o 2008, com lançamento em data incerta de 2011.
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Uma das particularidades é que foi um dos primeiros petit verdot do
Alentejo. Variedade que parece ter bons resultados, a avaliar pela
multiplicação das vinhas desta casta na região.
A vinha de petit verdot é diminuta, com apenas 2,5 hectares. Maior
expressão têm as internacionais cabernet sauvignon e syrah, a naturalizada
alicante bouscher e ibérica aragonês (tinta roriz ou tempranillo).
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Natural da vasta região de Bordéus, a petit verdot é uma casta secundária,
com uso em tempero de lotes. Originária dos Pirenéus, rumou um pouco mais para
cima, tendo alguma expressão na região de Médoc.
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Abandonada e esquecida, foi recuperada no final do século XX, enquadrada
num movimento de vontade na diferenciação dos vinhos. Hoje é uma variedade
mundial, cultivando-se com expressão na Argentina, Chile, Austrália e
Califórnia.
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Outra curiosidade é a variação
de algumas características. Enquanto em Bordéus tem com frequência uma suave
tropicalidade, com alguma banana, apesar de tinto. No Alentejo resulta mais
maduro, com muita fruta preta.
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