sábado, setembro 24, 2011

Da alta nobreza – Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas de Santa Maria 2007


Portugal tem destas coisas; uma variedade grande de paisagem num pequeno rectângulo de pouco mais de 89.000 quilómetros quadrados, não contando com as regiões autónomas. É válido para os sotaques, para modos e costumes, para cultivares, florestas e solos.
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Assim também é Beira. O solo do local donde vem este tinto está encravado entre as denominações de origem Dão e Bairrada. Que é como quem diz, um pedaço de xisto entre o granito e o barro.
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O primeiro Quinta de Foz de Arouce apareceu em 1987… mentira! Esse foi quando o primeiro da marca debutou no mercado. Na quinta há registo da produção vinícola desde o século XIII. O projecto actual iniciou-se na década de 80, com a herança da propriedade por parte de João Filipe Osório, que, entre outros títulos, é conde de Foz de Arouce, de que é terceiro titular.
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O proprietário percebeu o potencial das vinhas e avançou. Ao seu lado teve o genro, João Portugal Ramos, que, nos anos 80 e 90, foi um dos principais responsáveis pela evolução qualitativa dos néctares portugueses. Foi uma espécie de “driving wine maker”, em analogia ao omnipresente Michel Rolland, conhecido pelo “flying wine maker”. As consultorias eram tantas, que Portugal Ramos tornou-se quase sinónimo de enólogo. Sem dúvida é que divulgou e mediatizou o substantivo. João Perry Vidal é o actual enólogo residente, embora enquadrado na equipa do técnico original.
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Mas o século XIII não é a única referência ao vinho desta quinta. Durante as lutas da Restauração, no século XVII, um ilustre Furtado de Mesquita, antepassado do actual conde, deu brado pela sua bravura. O militar apostou vinho da Quinta de Foz de Arouce como conseguiria roubar o estandarte aos espanhóis, que, perto de Elvas, estavam aquartelados.
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Apresentou-se ao inimigo e brindou-o com um espectáculo equestre. Pediu emprestado o estandarte para adereço. Tantas fez e voltas deu que… e lá se apressou a galope rumo aos portugueses.
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Os inimigos mal perceberam o golpe cavalgaram atrás de si. Aproximando-se do forte com a bandeira, os portugueses julgaram tratar-se dum ataque. Fecharam portões da fortaleza de Elvas, deixando um dos seus à mercê. Pinto Mesquita terá então atirado, para dentro das muralhas, o estandarte, bradando: “morra o homem, fique a fama”.
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De brado e nobreza são também os vinhos desta quinta beirã, reconhecidos pela sua elegância. Em 2003 surgiu o primeiro Vinhas Velhas de Santa Maria, uma referência só de anos excepcionais. Além do primeiro, nasceram já o 2005 e o 2007. Promete longa vida, como a fama do Furtado de Mesquita.

1 comentário:

Elias Macovela disse...

Belo Post.

Elias Macovela
ovinhoeefemero.blogspot.com