Portugal tem destas coisas; uma variedade grande de paisagem
num pequeno rectângulo de pouco mais de 89.000 quilómetros quadrados, não
contando com as regiões autónomas. É válido para os sotaques, para modos e
costumes, para cultivares, florestas e solos.
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Assim também é Beira. O solo do local donde vem este tinto
está encravado entre as denominações de origem Dão e Bairrada. Que é como quem
diz, um pedaço de xisto entre o granito e o barro.
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O primeiro Quinta de Foz de Arouce apareceu em 1987…
mentira! Esse foi quando o primeiro da marca debutou no mercado. Na quinta há
registo da produção vinícola desde o século XIII. O projecto actual iniciou-se
na década de 80, com a herança da propriedade por parte de João Filipe Osório,
que, entre outros títulos, é conde de Foz de Arouce, de que é terceiro titular.
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O proprietário percebeu o potencial das vinhas e avançou. Ao
seu lado teve o genro, João Portugal Ramos, que, nos anos 80 e 90, foi um dos
principais responsáveis pela evolução qualitativa dos néctares portugueses. Foi
uma espécie de “driving wine maker”, em analogia ao omnipresente Michel
Rolland, conhecido pelo “flying wine maker”. As consultorias eram tantas, que
Portugal Ramos tornou-se quase sinónimo de enólogo. Sem dúvida é que divulgou e
mediatizou o substantivo. João Perry Vidal é o actual enólogo residente, embora
enquadrado na equipa do técnico original.
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Mas o século XIII não é a única referência ao vinho desta
quinta. Durante as lutas da Restauração, no século XVII, um ilustre Furtado de
Mesquita, antepassado do actual conde, deu brado pela sua bravura. O militar
apostou vinho da Quinta de Foz de Arouce como conseguiria roubar o estandarte
aos espanhóis, que, perto de Elvas, estavam aquartelados.
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Apresentou-se ao inimigo e brindou-o com um espectáculo
equestre. Pediu emprestado o estandarte para adereço. Tantas fez e voltas deu
que… e lá se apressou a galope rumo aos portugueses.
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Os inimigos mal perceberam o golpe cavalgaram atrás de si.
Aproximando-se do forte com a bandeira, os portugueses julgaram tratar-se dum
ataque. Fecharam portões da fortaleza de Elvas, deixando um dos seus à mercê.
Pinto Mesquita terá então atirado, para dentro das muralhas, o estandarte,
bradando: “morra o homem, fique a fama”.
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De brado
e nobreza são também os vinhos desta quinta beirã, reconhecidos pela sua
elegância. Em 2003 surgiu o primeiro Vinhas Velhas de Santa Maria, uma
referência só de anos excepcionais. Além do primeiro, nasceram já o 2005 e o
2007. Promete longa vida, como a fama do Furtado de Mesquita.
1 comentário:
Belo Post.
Elias Macovela
ovinhoeefemero.blogspot.com
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