terça-feira, dezembro 19, 2017

Foz Torto Vinhas Velhas Branco 2016 + Foz Torto Tinto 2015 + Foz Torto Vinha Velhas Tinto 2015

Não acredito que alguma vez Sandra Tavares da Silva faça um vinho mau. Tem no ADN a intuição e a experiência deu-lhe sabedoria. Sou fã. Um dos locais onde trabalha é a Quinta de Foz Torto.
.
Esta propriedade situa-se, obviamente, junto à foz do rio Torto no Douro, na sub-região de Cima Corgo, não muito distante da aldeia do Pinhão. O proprietário, Abílio Tavares da Silva, deixou Lisboa e a informática para se dedicar inteiramente à produção de vinho, à recuperação de vinhas, muros e lagares, edificação de novas estruturas, produção de azeite e cultivo duma horta e dum pomar.
.
Estive na apresentação de três vinhos desta quinta duriense: Foz Torto Vinhas Velhas Branco 2016, Foz Torto Tinto 2015 e Foz Torto Vinha Velhas Tinto 2015. Não é de agora que conheço vinhos desta quinta e avalio-os fiáveis – reflectindo os anos, como convém em vinhos de qualidade superior, mas sem oscilações, há consistência, quem os compra sabe o que está a comprar. Mesmo nos vinhos mais modestos, a fiabilidade é algo que muito valorizo.
.
Uma propriedade com 14 hectares produz pouco. A Quinta de Foz Torta faz apenas 12.000 garrafas. Claro, a rendibilidade é obtida não por uma gama vasta com centenas de milhares de litros, mas por vinhos de ourivesaria: vinhas cuidadas, muita atenção à saúde da fruta, rigor na apanha… etc. aquelas coisas que surgem em «todas» as fichas técnicas e que, obviamente, em muitos casos, não são (bem) verdade.
.
Não sou ninguém no mundo dos vinhos, limito-me a escrever (pouco) no meu blogue, mas sou atrevido… gosto de esculpir conceitos. Aquilo que se tem definido como terroir – as condições naturais de toda a ordem – não coincide com a minha definição. Fazer vinho implica pensar e decidir. Por isso, incluo o factor humano, nas suas várias valências, no conceito de terroir. Eu bem poderia ter a melhor vinha do mundo, desastrado e ignorante, como sou, seria uma sorte conseguir um vinho medíocre.
.
É aqui que entra o produtor, o viticultor e o enólogo – talvez mais gente. O que sinto nos Foz Torto é o Douro. O «meu» Douro do xisto, da esteva, do azinho e, por vezes, este madeiro fumado. Sinto uma emoção que não escondo – aliás, todos os meus textos, no blogue, são assumidamente subjectivos.
.
A minha paixão duriense é sobretudo pelos tintos, nos brancos tendo a preferir doutras localizações – embora, para mim, obviamente, o melhor branco português seja do Douro, da Quinta de Maritávora.
.
O que não é definível ou é demorado não interessa. Já todos perceberam o que disse. Vou então à parte chata, mas que tem sempre interesse. Os dados básicos.
.
As uvas do Foz Torto Vinhas Velhas Branco 2016 saíram duma vinha antiga, onde sobressaem a códega de larinho e a rabigato. Foram esmagadas em prensa pneumática, a fermentação ocorreu em barricas de carvalho francês durante quatro semanas, tendo estagiado, nos mesmos recipientes, por seis meses.
.
No Foz Torto Tinto 2015 dominam as tourigas: a nacional com 40% e a francesa com 30%. Depois há tinta francisca (10%), alicante bouschet (5%), sousão (5%), tinta barroca (5%) e tinta roriz (5%). As uvas foram desengaçadas; a fermentação ocorreu em cubas de inox durante oito dias; a fermentação maloláctica e o estágio decorreram em barricas de segundo e terceiros anos, durante 16 meses.
.
O Foz Torto Vinha Velhas Tinto 2015 fez-se com uvas duma vinha com 60 anos, onde as cultivares típicas da região se encontram misturadas. As uvas foram desengaçadas; a fermentação ocorreu em cuba durante oito dias; a fermentação maloláctica e o estágio processaram-se em barricas novas de carvalho francês (30%) e de segunda utilização (70%), durante 18 meses.
.
.
.
Foz Torto Vinhas Velhas Branco 2016
.
Origem: Douro
Produtor: Foz Torto
Nota: 6/10
.
.
Foz Torto Tinto 2015
.
Origem: Douro
Produtor: Foz Torto
Nota: 6,5/10
.
.
Foz Torto Vinha Velhas Tinto 2015
.
Origem: Douro
Produtor: Foz Torto
Nota: 7,5/10

Sem comentários: