A firma Poças Júnior, casa ainda familiar, foi conhecida
pelos seus Portos tawny. De há uns anos, a empresa tem ganhado balanço nos
Portos vintage e nos Douro. Pela qualidade com que têm chegado, a aposta está a
ser ganha.
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Para quem aprecia os vinhos do Douro, como eu, estes tintos
transportam-me para esse vale magnífico, em que o homem se uniu à natureza –
sem a quebrar, mas domesticando-a. As citações da esteva, do azinho e do xisto
são as que mais me envolvem no prazer pelos durienses.
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O Poças Reserva Tinto 2015 fez-se com uvas da Quinta de
Santa Bárbara (Ervedosa do Douro – Cima Corgo) e da Quinta de Vale de Cavalos (Numão
– Douro Superior). O lote tem fruta de vinhas velhas (80%), onde tudo vive
misturado, e de touriga nacional. A idade das cepas está no intervalo de 40 a
60 anos. Estagiou um ano em barricas novas de carvalho francês e seis meses em
garrafa.
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O Símbolo 2014 resulta da junção de frutos de duas parcelas,
de vinhas velhas, da Quinta de Santa Bárbara. Estagiou 18 meses em barricas
novas de carvalho francês e 12 meses em garrafa. Maravilha!
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Não sou dado à fixação de datas e suas relações com
climatologia específica. Contudo, o ano de 2003 é de fácil memória. Foi um ano
bastante quente, com bastantes fogos florestais e em que Lisboa se viu envolta
no fumo dos incêndios vizinhos.
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Toda via, essa memória negativa contrabalança-se com a boa
qualidade dos vinhos. Um tawny com 14 anos é adolescente. O Poças Colheita 2003
tem muita vida pela frente. Como é engarrafado à medida em que chegam as
encomendas e vindo ao mundo numa firma especializada, parece-me que terá um
belo futuro.
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Não simpatizo com os late bottled vintage. Sei que foi uma
boa invenção, com garantia de qualidade, preço mais baixo e que permite às
empresas aproveitar vinhos que, até então, não tinham como se valorizarem.
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Não é LBV quem quer. Há exames exigentes. Porém, não vejo nesta
categoria a grandiosidade dos vintage nem a descomplicação das gamas (ruby) mais
baixas. Tendo a não apreciar híbridos. O Poças LBV 2012 tem (muita) fruta,
doçura, veludo e corpo. Não posso penalizar um bom vinho, mas o princípio da
subjectividade, que sempre assumi no blogue, não me permite a nota que talvez
merecesse.
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Não há vintage fora do nível da excelência. Há melhores e
menos bons, os padrões de avaliação são muito elevados. Percebe-se porquê –
notoriedade pela grande qualidade e rigor – e para quê – beneficiar comercialmente
com um vinho com grande valor-acrescentado.
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Beber um vintage novo horroriza muita gente e esperar por
ele leva ao pensamento de que não se sabe quanto tempo se vai estar nesta vida.
Objectivamente, os vintage ganham com o tempo. Um vintage novo é novo e é nesse
(actual) estado que tem de ser avaliado. O Poças Vintage 2015 é uma criança.
Tudo ponderado, a nota mantém-se alta.
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Poças Reserva Tinto 2015
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Origem: Douro
Produtor: Poças Júnior
Nota: 7/10
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Símbolo 2014
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Origem: Douro
Produtor: Poças Júnior
Nota: 8/10
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Poças Colheita 2003
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Origem: Porto
Produtor: Poças Júnior
Nota: 7,5/10
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Poças LBV 2012
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Origem: Porto
Produtor: Poças Júnior
Nota: 6/10
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Poças Vintage 2015
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Origem: Porto
Produtor: Poças Júnior
Nota: 9/10
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