Há umas décadas, as cooperativas começaram por garantir
qualidade e homogeneidade ao consumidor. Algumas criaram marca e outras serviram
apenas para reunir produções. Anos mais tarde emergiram os produtores
individuais.
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Muitas cooperativas – talvez a grande maioria – não
conseguiram acompanhar a evolução. Os produtores individuais elevaram o patamar
de qualidade, ganharam fama e a sua multiplicação criou dificuldades aos agrupamentos
de lavradores. Algumas faliram e outras passaram a pagar tardiamente.
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A Adega Cooperativa de Portalegre foi uma dessas vítimas,
perdendo mesmo com marcas que tiveram fama. Aqui acaba o tema do cooperativismo
no vinho, especialmente deste caso.
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Não sei se hei-de escrever ressurreição ou reencarne, talvez
outra coisa: o empresário José Redondo, da firma Licor Beirão, juntou-se a Manuel
Rocha, gestor de empresas vínicas há muitos anos, e avançaram para a compra de
alguns dos activos da Adega Cooperativa de Portalegre.
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A Adega de Portalegre Winery comprou a Quinta da Cabaça e as
marcas Conventual e Portalegre – esta última foi outrora uma referência e a
segunda idem.
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Chegaram-me três Conventual. Quando era jovem adulto já gostava
de vinho e o Conventual era uma referência, uma garantia de prazer. Renasce
agora com rótulos que lembram os que fizeram história, mas renovados.
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Os dois Conventual provêm de vinhas com idades compreendidas
entre os 40 e os 60 anos, com as raízes em terra granítica com afloramentos de
xisto, a altitudes no intervalo de 500 a 600 metros. Na Quinta da Cabaça está a
única vinha da Serra da Penha; tem 20 anos, está a 650 metros de altitude e em solos
graníticos com afloramentos de quartzo.
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O Conventual Reserva Branco 2016 é muito fresco, certamente fruto
das condições edafoclimáticas, vegetais e de enologia. Fez-se (por ordem
alfabética) com arinto, bical, fernão pires e roupeiro. Fermentou em cubas e
lagares de inox e estagiou 12 meses em vasilhas de cimento.
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Muito longe de ser um vinho para a piscina ou mesmo para as
refeições mais leves, típicas do Verão. Aguenta-se com comida mais encorpada,
embora não seja um tanque de guerra.
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O Conventual Reserva Tinto 2014, não sei se por memória
emocional ou se com razão, levou-me ao passado – o que, por si, não é nem bom
nem mau. Achei-o com frescura e complexidade de paladar, com longevidade na
boca. Este é um vinho para o Natal. Quero dizer, tem especiarias, acidez e gulodice
(não é doce).
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As castas são (por ordem alfabética) alicante bouschet,
cabernet sauvignon, syrah e touriga nacional. A maloláctica realizou-se em
depósitos de inox, fermentou em cubas e em inox, e estagiou um ano em barricas
de carvalho francês.
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O Conventual Vinha da Serra da Penha Reserva 2014 está num
patamar acima. Como se define isto? As características são (genericamente) muito
idênticas às do anterior, mas desenrolam-se diferentemente – esta situação de
coincidências é a principal razão por que evito os descritores. Aqui, como
noutros casos, podem-se encontrar nuances, resultado dos factores não
coincidentes, mas esmiuçar aromas e sabores dá em pouco. A qualidade não se
mede em descritores.
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Fruto de factores naturais, tem uma notável frescura:
altitude, solo, plantas (não as mesmas)…
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Este vinho fez-se com alicante bouschet, cabernet sauvignon
e touriga nacional. Fez a maloláctica em inox, fermentou em cubas e lagares de
inox e estagiou 12 meses em barricas, novas e usadas, de carvalho francês.
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O Conventual Vinha da Serra da Penha Reserva 2014 é para o
Natal e para o médico que nos tem socorrido nas aflições.
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Conventual Reserva Branco 2016
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Origem: Alentejo (Portalegre)
Produtor: Adega de Portalegre Winery
Nota: 6/10
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Conventual Reserva Tinto 2014
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Adega de Portalegre Winery
Nota: 6/10
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Conventual Vinha da Serra da Penha Reserva 2014
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Adega de Portalegre Winery
Nota: 7/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.
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