terça-feira, dezembro 19, 2017

Mirabilis Grande Reserva Branco 2016 + Mirabilis Grande Reserva Tinto 2015 + Nova Referência Grande Reserva Tinto 2015 + Quinta Nova Carmo Porto Vintage 2015 + Quinta Nova Grande Reserva Tinto 2015 + vertical de Quinta Nova Grande Reserva

A família Amorim comprou a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, em Covas do Douro, há 18 anos. As empresas fazem-se de anos, as empresas agrícolas de dia para dia – são oficinas de artesão ou fábricas a céu aberto. Este ano celebram-se dez colheitas de vinhos grande reserva, anos quase seguidos, porque um não foi aprovado por quem tinha de o fazer.
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Primeiramente, escrevo (pouco) acerca dos outros topos de gama apresentados recentemente. Infelizmente, perdi os meus apontamentos, pelo que não irei dar notas, citarei as fichas técnica. Como jornalista há muitos anos, ganhei a técnica de fixar aspectos fundamentais – esta é uma dessas situações em uso o meu arquivo cinzento.
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A ideia que tenho é que todos os vinhos apresentados estiveram num patamar muito elevado de qualidade. Mal seria se um topo de gama ficasse manco. A nenhum deles daria uma nota abaixo de 6,5, correspondente a «muito bom/excelente», provavelmente andariam todos em torno do 7, equivalente a «excelente».
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O Mirabilis Grande Reserva Branco 2016 resulta dum lote de gouveio e viosinho e do contributo da misturada típica das vinhas velhas durienses. Fermentou em barricas de carvalhos francês e húngaro. O acerto do lote realizou-se por dez meses nas mesmas barricas, das quais 65% novas, sobre borras e com battonage a cada 20 dias.
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O Mirabilis Grande Reserva Tinto 2015 resulta dum lote de vinhas velhas, tinta amarela e «10% de selecção barricas QN, sub-região do Cima Corgo; vinha velha, letra A». A fermentação decorreu em cubas de madeira por cinco a seis dias; maceração prolongada, pós-fermentativa, por quatro dias; estagiou 18 meses em barricas novas de carvalho francês; esteve três dias a ser trasfegado; e seis meses em cave após o engarrafamento.
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O Quinta Nova Referência Grande Reserva Tinto 2015 é a novidade dos topos de gama. As vinhas velhas representam 25% do lote, sendo a parte restante de tinta roriz. Houve uma maceração pré-fermentativo a frio por dois dias; fermentação em cubas de madeira, por cinco e seis dias; quatro dias de maceração prolongada pós-fermentativa; estágio de 16 meses em barricas de carvalho francês, de diferentes proveniências; e mais seis meses em cave.
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O Quinta Nova Grande Reserva Tinto 2015 guardo-o para depois do Porto vintage, devido à vertical.
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O Quinta Nova Carmo Porto Vintage 2015 fez-se com uvas de vinhas velhas de letra A. Realizou-se uma maceração pré-fermentativa por três dias; fermentação alcoólica com engace total em lagares mecânicos durante dois dias; remontagem e maceração intensa por dois dias; fortificado em 19%, com aguardente de 17 graus; e estágio em madeira e inox por dois anos.
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Disse sempre que um vintage novo «nunca» mostra o seu esplendor. Mantenho que não é qualquer vinho que tem qualidade para ser classificado como vintage. Portanto, este faz parte desse clube restrito. Recordo-me de tê-lo apreciado bastante. Mais memória não tenho.
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Guardei para último o Quinta Nova Grande Reserva Tinto 2015, porque será seguido pelos vinhos que foram provados na vertical.
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O Quinta Nova Grande Reserva Tinto 2015 resulta da junção de touriga nacional (75%) e vinhas velhas (25%), todas com letra A. Foi realizado desengace total; maceração pré-fermentativa a frio por dois dias; fermentação em cubas de madeira por cinco e seis dias; dois dias de maceração prolongada pós-fermentativa; e estágio de 16 meses em barricas novas de carvalho francês, de diversas origens.
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Como escrevi no início, perdi os apontamentos, mas a memória de jornalista com experiência fixa factos. De todos, registei três. A opinião geral (unânime em mim) é que são vinhos num patamar de qualidade elevado.
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Em prova estiveram dez vinhos Quinta Nova Grande Reserva: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015. O ano de 2010 não existe. Todos muito afinados, gastronómicos, com elegância e prolongados.
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Os que prenderam especialmente a atenção foram os 2005, 2011 e 2013.
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O mais antigo pela delicadeza dos seus aromas terciários, com frescura e elegância. Dificilmente é comparável. Recordo-me de o sentir com características diferenciadas face ao da vindima seguinte. Quanto a mim, esteve no terceiro lugar do top. A vindima de 2013 tem-me estado a impressionar muito positivamente, não apenas neste caso. Possivelmente, o azar desse ano é ter existido, na proximidade temporal, um outro. O 2011 foi um ano mágico, no país, no Douro e na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo.

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