Espumante no Ribatejo? Por que não, se também o há no
Alentejo? Cresci a pensar que os vinhos do Ribatejo eram carrascões, pesados,
desequilibrados, de pintar as beiças, só tragáveis quando já se está com os
copos.
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A verdade é que, desde a década de 90 do século XX,
começaram a surgir vinhos interessantes, numa região com mais nome pela
quantidade, através do trabalho do mestre João Portugal Ramos. Se os vinhos
portugueses conheceram uma reviravolta bem positiva nos últimos 20 anos, o
Ribatejo está a dar a segunda cambalhota, renascendo como Tejo.
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O trabalho de João Portugal Ramos tem sido multiplicado por
vários enólogos sábios e dedicados. É o caso de Diogo Campilho, de 30 e poucos
anos, que é responsável, com Pedro Pinhão, pelos vinhos da Lagoalva.
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A Lagoalva é uma quinta que prezo e acarinho, não apenas
pela qualidade dos seus vinhos, não somente pelo complemento do seu azeite, não
pelo apreço da tradição na criação de cavalos, nem tão pouco pelo que tem feito
pela cortiça, mas pela gente que ali reina. Conheço três dos irmãos patrões, especialmente
Manuel Campilho e seu filho Diogo.
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O Diogo parece ter o dom de fazer ouro onde põe a mão. Faz vinhos
fáceis e muito bons. Disse fáceis, no melhor que a palavra tem, nada de
simplório ou desinteressante. A aposta da casa é na qualidade, sobretudo na sua
relação com o preço.
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Este é o primeiro espumante da Lagoalva e para estreia está
estrelado. E se não fosse estreia estaria estrelado também. Bom prazer me deu
bebê-lo.
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A parelha de enólogos escolheu uvas alfrocheiro e arinto,
uma tinta e outra branca, uma mais forte e outra mais fresca. É um vinho
fresco, suave no álcool (11%), que promete um verão supimpa. Bolha viva sem
agressividade, guloso na boca, mais do que no nariz. Sobretudo muito easy going
(palavras estrangeiras… estou doente!). Boa onda!
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Origem: Tejo
Produtor: Quinta da Lagoalva de Cima
Nota: 7/10
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