Aníbal Coutinho é quase tudo o que se pode ser no sector do
vinho, tem uma grande lista de actividades. Agora, interessam as suas de
produtor e de enólogo.
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Tenta que os seus vinhos sejam didácticos, que exprimam as
suas castas, embora não haja regras absolutas, devido às diferentes
localizações das vinhas e processos enológicos.
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Os Astronauta – nome giro – fazem-se em diferentes locais e bebi
um de touriga nacional, da região de Lisboa. No Vinho Verde produz um
alvarinho, no Palatinado um riesling, um Beaujolais (não nouveu) e, ambos da
África do Sul, chenin blanc e pinot noir.
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O Astronauta Anselmann Riesling 2015 bebi-o rapidamente, em
passagem de conversa. Não posso dizer mais do que gostei.
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O Astronauta Touriga Nacional 2015 mostra-se muito fresco. Vinho
com acidez natural, sem qualquer rectificação em adega. É muitíssimo
gastronómico. Tenho escrito que tenho o hábito de continuar, depois do jantar,
o convívio, com os amigos, acompanhado com vinho. Ora, este não tem essa
função. É mesmo só para a mesa.
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Bem… depois há «outras coisas». Dois vinhos de raridade,
feitos a partir de pequenas parcelas de terreno. São artesanato, o número de
garrafas é sempre diminuto e nem sempre a natureza dá para que nasça: os
Escondido, tinto e branco, este último que vai debutar em 2018.
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Quando digo «meia dúzia» refiro-me, no caso do tinto, a 500
garrafas de 0,75 litro e 100 magnuns, e, no branco, a 300 unidades de 0,75.
Todas numeradas.
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O que se pode dizer dum bom vinho que encheu «meia dúzia» de
garrafas? Isso não tem preço. O pouco é sempre luxo, sobretudo quando a qualidade
é grande. Para mim – neste blogue – a emoção conta, assumo-o. O Escondido (tinto
– por o branco não ter ainda historial) faz parte da minha garrafeira mágica,
aquela onde se tem tudo o que não se tem.
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Saliento o aspecto emocional das minhas críticas –
actividade que exerço apenas no blogue – e adianto que, embora com nota de
«excelente», ao Escondido Branco 2015 falta-lhe ainda aquela amizade que fui
construindo com os irmãos tintos. Esta subjectividade pode avaliar-se, por quem
lê, pelas três maneiras: errada, mais ou menos, e acertada.
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As vinhas que dão a fruta para o Escondido Branco 2015 são
de alvarinho e arinto e têm 13 anos. Este é o primeiro a sair de casa, após
seis anos de experiências. Aníbal Coutinho optou O processo de fabrico passou
por um grande contacto com o oxigénio, de modo a permitir uma boa evolução.
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Quanto ao Escondido Tinto 2012… Por gosto e por condições
edafoclimáticas, as castas de Bordéus cabernet sauvignon e merlot estão no
encepamento, a que se lhes juntou a touriga nacional. Até hoje fizeram-se 2006,
2008, 2010 e 2012. Todos têm, no mínimo, 24 meses de estágio em barrica de carvalho
francês. Segue-se um ano em garrafa.
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Evito os descritores,
em 90% dos casos, pois normalmente não adiantam nem atrasam. Não significam, só
por si, que o vinho seja bom ou mau e corre-se o risco de o reduzir a simples palavreado.
Aqui passa-se isso. Contudo, aprecio o conceito francês para vinhos que
expressam o local, em plenitude, e das suas uvas. Atrevo-me a afirmar que o
Escondido Tinto 2012 só pode mostrar o seu sítio e a si mesmo. Acrescento: mal
seria se um vinho de garagem não alcançasse esse patamar.
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Astronauta Touriga Nacional 2015
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Origem: Regional Lisboa
Produtor: Aníbal Coutinho
Nota: 6/10
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Escondido Branco 2015
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Origem: Regional Lisboa
Nota: 7/10
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Escondido Tinto 2012
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Origem: Regional Lisboa
Produtor: Aníbal Coutinho
Nota: 8/10
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