quinta-feira, setembro 29, 2011

Vinho do Paraíso – Taylor’s Scion


Num momento de crise até arrepia apresentar um vinho deste calibre. A idade é muita, a qualidade é imensa, a raridade é grande… caríssimo. Com crise ou sem crise, não estaria disponível à bolsa dos comuns. É talvez o Vinho do Porto mais caro de sempre, em preço de estreia, pois circulam outros Rolls Royce. Todavia, não há forma de escapar à referência, é o vinho do ano! Talvez da década.
.
É do tempo em que as vinhas eram diferentes. No século XIX chegou à Europa, vinda da América, um minúsculo insecto que arrasou a vitivinicultura. Sem defesas, as videiras morreram aos milhões. Gerou-se uma grande crise nos países produtores e Portugal teve o primeiro caso 1867, em Vila Real.
.
A solução veio com a enxertia em pés de videiras americanas, bravias, mas com defesas naturais. Pois este Taylor´s tem 155 anos, o que quer dizer que é anterior à praga da filoxera.
.
Repousava em dois cascos de reserva pessoal duma família duriense. Ora ninguém fica eternamente nesta vida nem pode levar nada para o «outro lado». O dono morreu e os herdeiros venderam-no à Taylor’s. Há ainda a curiosidade dum dos cascos se destinar a Winston Churchill.
.
David Guimaraens, enólogo da Taylor’s, provou e não teve dúvidas em adquiri-lo. A opção do que fazer com ele poderia ter sido outra; a de entrar nos lotes dos tawnies velhos (resultantes da junção de néctares de diferentes anos, nomeados por idade de envelhecimento pela média dos anos dos vinhos do blend). O técnico reconheceu as grandes virtudes e preferiu não o mesclar, pois perder-se-ia a fama pública. Apesar das suas 15 décadas, mantém uma frescura e um vigor de excepção.
.
O nome é feliz. Há na palavra inglesa «scion» a essência deste vinho do período pre-filoxérico e de nobreza. O vocábulo quer dizer garfo de enxerto, mas também herdeiro de família nobre.
.
Foram cheias apenas 1.400 garrafas, desenhadas especialmente. É para quem pode... Mesmo não podendo, sou um dos felizardos que o provou. Espero que o leitor também tenha hipóteses.

Sem comentários: