Declaro aqui, do alto desta tribuna, que nunca bebi um mau
vinho da autoria de Domingos Soares Franco. E conhecendo-o pessoalmente percebo
porquê: o senhor é um bem-disposto. Estas coisas transmitem-se ao vinho, tá
visto.
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Eu que nunca me atrevo a entrar nas questões da relação
entre a qualidade e o preço, porque de dinheiro e gosto sabe cada um de si e
porque me marimbo para esse binómio, tenho desta vez (que não é a primeira) de
me pronunciar. Um vinho de 7,50 euros, valor recomendado pelo produtor, com
esta complexidade parece-me claramente positivo.
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Não é um daqueles vinhos por que me apaixone perdidamente,
mas faz bela figura, como fez, com os amigos. Quando um dos comensais com
assento reservado cá em casa pergunta, muito curioso, o que é, é porque gosta. E
dou muito valor ao gostar dos meus amigos, que me ajudam na avaliação, quando
lhes peço conselho. Este amigo é bom conselheiro, avisado e exigente, além de
não ser peneirento. Partilha comigo a máxima de que o vinho é bom quando dá
prazer.
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Fez-se com touriga nacional, aragonês, cabernet sauvignon e
castelão. Avanço eu e digo: a mistura não é a mais óbvia, das violeta ou das
cerejas compotadas e dos verdáceos pimentais da casta francesa. Também não é um
pesadão ali da Península de Setúbal.
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Achei-o até delicado. Por mim preferia-o com taninos mais
rugosos. Seria talvez um contraponto à sofisticação dos aromas: figo, figo
seco, tâmaras em passa e amoras. Na boca tem fruta e um leve mineral…
preferia-o mais rugoso e encorpado. Mas tasse muito beeeem!
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Origem: Regional Península de Setúbal
Produtor: José Maria da Fonseca
Nota: 6/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.
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