O Alentejo é tão igual a Alentejo que há, cada vez mais,
produtores a afirmarem que o seu Alentejo é diferente. Como tudo na vida: uns
são e outros não. Acredito que alguns «não» acreditem genuinamente que fazem
vinhos realmente invulgares.
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Ora, no caso do Monte da Ravasqueira existe uma dissemelhança
relativa aos outros Alentejo. Os vinhos são mais frescos e a orografia ajuda à complexidade.
Esta é a parte que arrogo a sentença dogmática. Quando se lhe acrescenta uma
equipa técnica competente, o resultado é sempre positivo.
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A opinião, assumidamente parcial, vinca-me só a mim, na
justiça e na injustiça. Não sou capaz de elogiar um vinho que só rime com o meu
gosto. Tento não penalizar bons, mas que apenas não aprecio.
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Nestes três vinhos há penalizações derivadas do gosto. Continuando
o que escrevi anteriormente, avalio-os nos parâmetros de gosto e somo-lhes um factor
de aceitação qualitativa. Ainda assim, estes recebem notação claramente
positiva – sem favores nem simpatias da minha parte.
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Monte da Ravasqueira Alvarinho 2015: Não sou propriamente
adepto de vinhos alentejanos da casta alvarinho. Normalmente tornam-se
enjoativos. Neste caso, as condições naturais e a competência técnica, do
enólogo para avaliar e aplicar o conhecimento, colocam-no num patamar bem acima
da média. É um vinho que agrada ao nariz e que fica na boca.
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O Monte da Ravasqueira Nero d’Avola 2013 não me transporta
para a Sicília – local onde não estive e sobre a qual o meu conhecimento assenta
nos filmes sobre a Mafia e do vinho. Sendo de uma terra quente, a casta resulta
aqui muito bem, com frescura e alguma saudável gulodice. É um vinho para
acompanhar comida, obrigatoriamente.
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Opinar sobre o Monte da Ravasqueira Touriga Franca 2013 é
mais complicado. Sinceramente, não sei onde termina o gosto e começa a
injustiça. Estarei a penalizá-lo porque o sinto aquém do desejado ou elogio
porque a casta está no topo da minha preferência?
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No Douro não se apresenta a solo (que saiba ou me lembre),
mas nota-se o que é pelo exercício da avaliação indirecta, com a linha
condutora. Penso que a solo não vai muito longe e, saindo do seu berço, também fica
aquém do potencial.
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Com excepção de José Mota Capitão e de Domingos Soares Franco,
a Sul, não conheço touriga franca que me satisfaça. Aliás, nem haverá muita
gente a tê-la plantada, coisa que parece estar a mudar – acredito que
desnecessariamente.
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É um vinho muito bem feito. Será um vinho que alcance a
grande maioria dos consumidores. Não o querendo injustiçar, não lhe posso
escrever laudas.
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O Monte da Ravasqueira Syra Viognier 2013 é uma equipa
maravilha, junção aprovada na Côtes du Rhone. Em equipa vencedora não se mexe.
Claramente, este ramalhete é diferente da relação em França – ou noutros locais
– e mal seria.
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O Monte da Ravasqueira tem o calor e a frescura. Quanto a
mim, a ligação nascida aqui está muito alta, relativamente a Portugal.
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Monte da Ravasqueira Alvarinho 2015
Origem: Regional Alentejano
Produtor: Sociedade Agrícola Dom Dinis - Monte da
Ravasqueira
Nota: 6/10
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Monte da Ravasqueira Nero d’Avola 2013
Origem: Regional Alentejano
Produtor: Sociedade Agrícola Dom Dinis - Monte da
Ravasqueira
Nota: 6,5/10
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Monte da Ravasqueira Touriga Franca 2013
Origem: Regional Alentejano
Produtor: Sociedade Agrícola Dom Dinis - Monte da
Ravasqueira
Nota: 6/10
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Monte da Ravasqueira Syra Viognier 2013
Origem: Regional Alentejano
Produtor: Sociedade Agrícola Dom Dinis - Monte da
Ravasqueira
Nota: 7/10
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