Quem pensou que os dois Montes Claros, apresentados há dias
eram tudo o que vinha daquela vila alentejana, eram tudo, enganou-se. Optei por
não os juntar todos, visto não terem chegado na mesma ocasião.
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Enquanto os primeiros foram entregues em casa, para prova,
os restantes serviram-se num almoço assustador de bom no Chefe Cordeiro, no
Terreiro do Paço (Lisboa)... a comida estava óptima e o casamento com os vinhos
muito bem conseguida.
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Almoço assustador de bom e prova de resistência. Ui! Foi coisa
violenta... convívio cinco estrelas e, como se não bastasse o firmamento dentro
da cabeça, um grupo de tiroleses (não tem nada a ver) foi ainda dar à língua
para o Museu da Cerveja... uma banal cervejaria, com nome a atirar ao
pingarelho, de estética sem estética, com serviço antipático, preços absurdos e
uma oferta que me pareceu cingir-se à dos países lusófonos. Só lá voltarei se
tiver mesmo de ser.
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Ora as estrelas do espectáculo:
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Montes Claros Espumante Bruto
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Fresco e atrevido, de bolha fina, por isso perigoso. As línguas
começaram a palpitar... boas conversas.
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Origem: Borba / Alentejo
Nota: 7/10
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Adega de Borba Premium Rosé 2012
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Este foi à barrica durante seis meses: resultou bem, deu-lhe
estrutura e não o marcou. Fez-se com aragonês, syrah e touriga nacional, o pau
travou os ímpetos. Equilibrado e prazenteiro.
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Gostei mais da pastilha elástica da edição anterior, mas as
gomas (com menos açúcar do que...), o floral e o fino picante deram muito bom
resultado.
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Origem: Borba /Alentejo
Nota: 6,5/10
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Senses Syrah 2012
O trabalho da equipa da Adega de Borba, que não começa nem
finda no enólogo, mostra-se nos vinhos e na sua consistência de perfil,
qualidade e mostra do ano.
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Lendo as notas, deste e do ano transacto, percebo que o
anterior me marcou mais. Porém, se a memória não falha, este anda perto na
personalidade.
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Origem: Regional Alentejano
Nota: 7/10
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Senses Touriga Nacional 2012
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Pois... a touriga nacional. Travada ou domesticada, mas com
o seu temperamento. Confesso-me um pouco cansado desta casta no Alentejo e no
Douro... o mercado manda, os vinhateiros decidem e eu aguento-me à bomboca.
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O mesmo estilo, com suas compotas de morango e geleia de
cereja. Um pouco doce na boca, equilibrado e com frescura.
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Origem: Regional Alentejano
Nota: 6/10
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Adega de Borba Premium 2011
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Este já é uma peça de artilharia. Bum! Corpo forte e com
garra, com taninos recolhidos, como as garras dum gato. No nariz mostra morango
maduro, chocolate preto e um suave pimentão.
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A cabernet sauvignon não se consegue esconder, mas aqui está
bem camuflada com cultivares de bom valor e que se portaram com dignidade:
alicante bouschet, touriga nacional e trincadeira.
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Na boca mostra café torrado, pimenta preta, chocolate de
cozinha, com garrafa e fundura.
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Origem: Borba / Alentejo
Nota: 7,5/10
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Montes Claros Garrafeira 2009
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Ui! É mesmo como gosto! Artilharia pesada... cabuuuuum! Porque
nem só de elegância vive o homem... este general tanto usa camuflado como traje
de grande gala. Bate-se com comidas fortes, mas consegue ser delicado com
carnes vermelhas menos resistentes, desde que com tempero certo.
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É mineral, maçã encarnada (não me lembro como se chama, mas
há em toda a parte), geleia de morango, café bem torrado, chocolate de cozinha,
cravinho, leve canela, noz moscada... na boca, cuidado com ele... com vagar e
pouco, sob pena de ser portar como dinamite. Com calma é tranquilo e suave,
fundo, prolongado, pedindo refeições longas e conversas onde todos participam.
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Origem: Borba / Alentejo
Nota: 8,5/10
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Nota: No almoço foram servidos ainda Adega de Borba Licoroso
Premium Tinto e Adega de Borba Aguardente Velhíssima... todavia, já estava fora
de combate, enamorado pelo Montes Claros Garrafeira 2009.
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