Duma assentada, dez vinhos. As novidades do ano postas em
cima da mesa do Belcanto, em Lisboa. A Adega de Borba surpreendeu ainda com
duas pingas; de babar. Hesito entre começar pelo filé mignon ou pelo naco do
lombo ou se pelo bife da vazia (devo estar com fome).
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Porque me apetece, começo pela equipa base e sigo para os
topos. Os vinhos foram muitos e o ambiente muito mais propício à conversa do
que à prova. Ora, por aqui é assumido que são raríssimos os exercícios
«científicos», pelo que não é por aí que se fica aquém da opinião. Por outro
lado, a tagarelice com boa companhia fez com que não tivesse experimentado todos.
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Antes refiro os que ficaram por experimentar: Senses Touriga
Nacional 2010 (ainda o meti à boca durante o conversê, mas, estava tão agradado
com o rosado, será desonesto da minha parte escrever o que quer que seja a seu
respeito), Senses Syrah 2010 e Montes Claros Colheita Tinto 2010.
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Durante o parlapié refresquei-me com Montes Claros Colheita
Branco 2011, Senses Alvarinho 2011 e Adega de Borba Rosé 2011. Arregaço as
mangas e atiro-me ao texto e por ordem de chegada:
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Adega de Borba Rosé 2011, muito refrescante e agradável,
algo sensual. Imagino-me a flirtar com uma beldade nórdica e com os pés na
areia, numa festa de praia. Ai que saudades de praia e das beldades nórdicas…
Um frutado muito suave, equilibrado em termos de doçura, acidez contente e uma
duração acima do esperado.
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O Montes Claros Colheita 2011 continuou a sedução: fresco,
fácil, prazenteiro e que vai além da piscina. Notas cítricas, evocação de
pinhões; boca gulosa, de pêra suave e sem açúcar.
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O ano de 2011 foi considerado unanimemente como um ano de
superior qualidade. Todavia há momentos menos felizes. Provados os Senses
Alvarinho de 2010 (há um ano) e 2011 prefiro o mais antigo. Sinceramente. Embora
de inquestionável qualidade, achei o anterior mais fresco e elegante. Neste
havia uma tropicalidade e notas doces que excederam o meu olfacto. Na boca,
embora melhor, mostrou-se também menos interessante que o anterior. Mas nota
sem dúvida positiva.
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Já na mesa, os vinhos que cantaram fizeram-no de poleiro
mais alto. Com o amuse de bouche veio o Senses Alvarinho 2011, mas todos os
restantes foram novidade para mim.
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Montes Claros Reserva Branco 2011, complexo e com bom corpo.
Muito feliz no resultado final. Dos trópicos veio ananás, mas felizmente a
manga e o maracujá ficaram de fora. Notas abaunilhadas, apenas a temperar. Na
boca, muito elegante e fresco. Hesito num meio ponto acima.
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O Montes Claros Reserva Tinto 2010 é um clássico e não é
desta vez que perde o estatuto; não desilude, honra a tradição… embora a
tradição já lá tenha syrah, cabernet sauvignon e touriga nacional (o resto do
lote é de aragonês e trincadeira). No nariz é complexo, com notas de compota de
cereja, avelã e chocolate preto. Na boca é forte e com carácter; gostei muito
da muita ameixa preta e dos taninos.
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Adega de Borba Premium Tinto 2010 com estrela. Um vinho
desta qualidade e com 120.000 garrafas já é obra, merece aplauso extra. É um
vinho denso, todo ele, sem que se torne maçador ou enfadonho. Não é um grande
intelectual, mas dá conversa. No nariz revela madeira, alguma noz-moscada,
café, chocolate preto e ameixa preta. Na boca é envolvente e encorpado.
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Montes Claros Garrafeira Tinto 2008… não foram as surpresas
e este teria sido o rei do almoço. Não deixa de ser um grande vinho por causa
disso. Na ementa distribuída al almoço deixei as minhas notas ao lado, como
sempre nestas situações. Neste apenas escrevi seis setas e um sinal mais… achei
que não havia muito a dizer. Nele cabe o forte e o suave, com um final
comprido. No nariz revela geleia de cereja, geleia de uva, café, chocolate,
noz-moscada, um finíssimo cravinho, alguma canela… Na boca é encorpado, sem ser
bruta-montes, é suave no deslizar.
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Primeira surpresa: Adega de Borba Grande Reserva Tinto 2009.
Esta referência apenas aparece em anos considerados excepcionais e, pela
segunda vez, parece-me acertada a escolha. Um vinho de elegância e carácter,
com personalidade. Não desfazendo nas opções doutros produtores de qualidade do
Alentejo, vinhos destes interessam-me mais do que os «perfeitinhos» e «bonitinhos».
Sinto tradição, noto uma vontade de não seguir modas. No entanto, este não
deixa de ser um vinho fácil e bem desejável por qualquer enófilo de preferência
mais contemporânea.
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O Adega de Borba Grande Reserva Branco 2009 foi servido
antes do anterior, mas já que guardei para o fim as surpresas… blá, blá, blá,
já se percebeu por que este vai a terminar. Tem ovação de pé. Um grande vinho e
que nos comentários dos presentes à mesa e, melhor, pelas reacções faciais,
suponho que foi unânime. 70% (lembram-se dos sorteios da Lotaria na tv? O tipo
insistia em dizer satenta) do lote fez-se de arinto, cabendo a restante
quantidade, em partes iguais, a alvarinho e a verdelho. Esta referência é rara,
tendo a última saído em 1979! Notas de prova? Comprem uma garrafa e digam de
vossa justiça… Só custa nove euros.
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Adega de Borba Rosé 2011
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Origem: Alentejo (Borba)
Produtor: Adega de Borba
Nota: 5,5/10
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Montes Claros Colheita Branco 2011
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Origem: Alentejo (Borba)
Produtor: Adega de Borba
Nota: 5,5/10
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Senses Alvarinho 2011
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Adega de Borba
Nota: 5/10
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Montes Claros Reserva Branco2011
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Origem: Alentejo (Borba)
Produtor: Adega de Borba
Nota: 6/10
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Montes Claros Reserva Tinto 2010
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Origem: Alentejo (Borba)
Produtor: Adega de Borba
Nota: 6,5/10
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Adega de Borba Premium Tinto 2010
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Origem: Alentejo (Borba)
Produtor: Adega de Borba
Nota: 7/10
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Montes Claros Garrafeira Tinto 2008
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Origem: Alentejo (Borba
Produtor: Adega de Borba
Nota: 7,5/10
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Adega de Borba Grande Reserva Tinto 2009
Origem: Alentejo (Borba)
Produtor: Adega de Borba
Nota: 8/10
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Adega de Borba Grande Reserva Branco 2009
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Origem: Alentejo (Borba)
Produtor: Adega de Borba
Nota: 8,5/10
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