sexta-feira, julho 13, 2012

Independent Winegrowers Association deram show no Ritz

Aos quarto dias de Julho do anno de 2012 decorreu um momento… que ia perdendo estupidamente. Eu, reconhecido pontualista e de boa agenda, tropecei nas horas e não fosse João Pedro Araújo (Casa de Cello) a ligar-me e estaria agora a lamentar-me.
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Os Independent Winegrowers Association, um grupo de cinco «magníficos» das regiões dos Vinhos Verdes, Dão, Bairrada e Douro (Casa de Cello, Alves de Sousa, Luís Pato, Quinta do Ameal e Quinta dos Roques) apresentou novidades e puxou dos galões, mostrando vinhos com idade.
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Quanto a novidades… nada de novo. Ou melhor nada de novidade quanto à qualidade. Vinhos com mestria, sabedoria e estética de paladar e olfacto. Cada ano é um ano e há vinhos que melhor os espelham; aqui, ainda com as ressalvas para as diferentes categorias na gama dum produtor, o tempo do ano de nascimento está dentro das garrafas. Como é hábito nestes produtores, os territórios têm ramificações nos vinhos. Têm genericamente tudo: ano, terroir e personalidade do autor/produtor.
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A Casa de Cello (Vinho Verde e Dão) apresentou os Quinta Sanjoanne 2011 (Vinho Verde branco – escorreito, fresco e algo sensual, muito para o Verão), Quinta de Sanjoanne Escolha 2009 (Vinho Verde branco – na senda do anterior no que se refere a frescura e sensualidade, mas mais gastronómico), Quinta de Sanjoanne Superior 2009 (Vinho Verde branco – uma categoria, com mentolado no nariz e notas florais na boca), Quinta da Vegia Rosé 2011 (Dão – um rosado suave, com sentido gastronómico, com fruta e sem as mariquices doces que só atrapalham), Quinta da Vegia 2008 (Dão tinto – limpo muito mais do que honesto), Quinta da Vegia 2010 (Dão tinto – um clássico, um Dão algo moderno, elegante), Quinta da Vegia Reserva 2007 (Dão tinto – um grande vinho) e Quinta de Sanjoanne Passi lote 2009 (vinho de mesa branco, que não provei).
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Alves de Sousa apresentou vários vinhos que já foram aqui comentados no blogue; Vale da Raposa Sousão 2010, Quinta da Gaivosa Tinto 2008 e Quinta da Gaivosa Vinha de Lordelo Tinto 2009. A novidade D’Oliva Grande Reserva 2009 acabei por não provar nem o Alves de Sousa Porto Vintage 2009. Tragados com muito agrado Branco da Gaivosa Reserva 2007 (Douro) e Alves de Sousa Reserva Pessoal Branco 2005 (Douro) em grande nível.
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Luís Pato (Bairrada) demonstrou uma vez mais a sua mestria nos espumantes: Espumante Maria Gomes 2011 Premium Bruto, Espumante Baga Bical Duet 2010 Bruto, Espumante Bical Cercial Duet 2010 Bruto e Espumante Informal 2010 Bruto. Belíssimos. Os Duet, que debutaram no ano passado, ganharam com o tempo e, assim sendo, prevê-se continuação em crescendo. Tintos: Luís Pato Vinhas Velhas Tinto 2010, Luís Pato Vinha Barrosa 2009, Luís Pato Vinha Pan 2009 e Luís Pato Vinhas Velhas 2001.
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Quinta do Ameal (Vinhos Verdes) só trouxe brancos: Quinta do Ameal Loureiro 2011 (sensual e elegante, fino e fresco), Quinta do Ameal Escolha 2009 (gostei da pêra pouco doce no nariz, mais doce na boca, mas muito elegante), Quinta do Ameal Solo 2011 (amostra de cuba – prometedor), Quinta do Ameal Speacial Harvest 2011 (amostra de cuba, que não provei). À parte um espumante com três anos de cuba e seis anos de garrafa… suave, orgânico, palha, com borbulhagem fina e elegante – belíssimo.
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Da Quinta dos Roques, do Dão, apenas provei os brancos e um tinto… os tintos foram vítimas do atraso do escriba. Experimentei: Quinta dos Roques Branco 2011 (fresco e gastronómico), Quinta das Maias Malvasia Fina 2011 (notas de minério e acidez dão-lhe boa frescura, elegante – excelente), Quinta dos Roques Encruzado 2011 (muito «verde», não no sentido de impreparado, mas de alegria, de erva, de algum limão, na boca mineral – acima de excelente) e Quinta dos Roques Tinto 2010 (notas de violeta e mentol, taninos presentes e elegantes). De foram ficaram Quinta dos Roques Alfrocheiro 2010, Quinta das Maias Jaen 2010, Quinta dos Roques Touriga Nacional 2010 e Quinta dos Roques Tinto Garrafeira 2008.
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O momento alto do dia foi a masterclass de vinhos com idade destes produtores. Esse momento ficou também marcado pela negativa pelo serviço do Ritz, que se mostrou a nível de hotelzeco, com empregados trapalhões e com incompetência qb.
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Ao que interessa: Quinta do Ameal Loureiro 1999 (branco) apenas pode revelar uma boa acidez, pois foi vítima do TCA (tricloroanisol – o popularmente conhecido como cheiro e gosto a rolha); Quinta do Ameal Escolha 2000 (branco), muito fresco no nariz, com notas de goma, na boca muito elegante e com belo final; Leiras Mancas 1997 (branco – Casa de Cello) fez-se com azal e pedernã (arinto), com notas orgânicas, de musgo e terra molhada, na boca muito fresco, vibrante… disse João Pedro Araújo: «estava à espera que vivesse seis meses; estamos feéricos»); Quinta da Vegia Reserva 2003 (tinto) nada evoluído, fresco com chocolate preto e menta, na boca é elegante e envolvente); Luís Pato Vinhas Velhas Branco 1995… uau! Vibrante, perfumadíssimo, resina, rebuçado, fresco, na boca é guloso e envolvente; Luís Pato Vinha Pan 1995 é quase inebriante, com notas de farmácia e menta, na boca é elegante e felino); Alves de Sousa Reserva Pessoal Tinto 2003 com notas de madeira encerada, doce de ameixa, civilizado, na boca muito profundo, que só me ocorre dizer um vago e impreciso «nocturno»); Quinta da Gaivosa Tinto 1995 com aroma de couro polido e mineral «marmóreo», na boca muito elegante e longo); Quinta dos Roques Tinto Reserva 1992 com suave madeira encerada e fino couro, na boca elegante, delicado e longo; e Quinta dos Roques Touriga Nacional 1996 foi para mim o melhor acima de todos os muito grandes, com aromas de couro, temperado com algum vegetal e até flores, na boca uma grande elegância, feliz acidez, taninos fantásticos e um final profundo e denso).
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À mesa juntou-se aos vinhos a carne de vaca do produtor alentejano Solar da Giesteira. Carne tenra e muito gostosa. O produtor, Joaquim Freixo, lembrava-se de mim, quando me dedicava à televisão (saudades das reportagens) e praticava frente ao ecrã no programa Da Terra Ao Mar. A reportagem não foi feita por mim, mas por Bruno Barrocas de Jesus. O senhor é uma super-simpatia, o senhor.


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