Aos quarto dias de Julho do anno de 2012 decorreu um momento…
que ia perdendo estupidamente. Eu, reconhecido pontualista e de boa agenda,
tropecei nas horas e não fosse João Pedro Araújo (Casa de Cello) a ligar-me e
estaria agora a lamentar-me.
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Os Independent Winegrowers Association, um grupo de cinco
«magníficos» das regiões dos Vinhos Verdes, Dão, Bairrada e Douro (Casa de
Cello, Alves de Sousa, Luís Pato, Quinta do Ameal e Quinta dos Roques)
apresentou novidades e puxou dos galões, mostrando vinhos com idade.
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Quanto a novidades… nada de novo. Ou melhor nada de novidade
quanto à qualidade. Vinhos com mestria, sabedoria e estética de paladar e
olfacto. Cada ano é um ano e há vinhos que melhor os espelham; aqui, ainda com
as ressalvas para as diferentes categorias na gama dum produtor, o tempo do ano
de nascimento está dentro das garrafas. Como é hábito nestes produtores, os
territórios têm ramificações nos vinhos. Têm genericamente tudo: ano, terroir e
personalidade do autor/produtor.
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A Casa de Cello (Vinho Verde e Dão) apresentou os Quinta Sanjoanne
2011 (Vinho Verde branco – escorreito, fresco e algo sensual, muito para o
Verão), Quinta de Sanjoanne Escolha 2009 (Vinho Verde branco – na senda do
anterior no que se refere a frescura e sensualidade, mas mais gastronómico),
Quinta de Sanjoanne Superior 2009 (Vinho Verde branco – uma categoria, com
mentolado no nariz e notas florais na boca), Quinta da Vegia Rosé 2011 (Dão –
um rosado suave, com sentido gastronómico, com fruta e sem as mariquices doces que
só atrapalham), Quinta da Vegia 2008 (Dão tinto – limpo muito mais do que
honesto), Quinta da Vegia 2010 (Dão tinto – um clássico, um Dão algo moderno,
elegante), Quinta da Vegia Reserva 2007 (Dão tinto – um grande vinho) e Quinta
de Sanjoanne Passi lote 2009 (vinho de mesa branco, que não provei).
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Alves de Sousa apresentou vários vinhos que já foram aqui comentados no blogue; Vale da Raposa Sousão 2010, Quinta da Gaivosa Tinto 2008 e
Quinta da Gaivosa Vinha de Lordelo Tinto 2009. A novidade D’Oliva Grande
Reserva 2009 acabei por não provar nem o Alves de Sousa Porto Vintage 2009.
Tragados com muito agrado Branco da Gaivosa Reserva 2007 (Douro) e Alves de
Sousa Reserva Pessoal Branco 2005 (Douro) em grande nível.
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Luís Pato (Bairrada) demonstrou uma vez mais a sua mestria
nos espumantes: Espumante Maria Gomes 2011 Premium Bruto, Espumante Baga Bical
Duet 2010 Bruto, Espumante Bical Cercial Duet 2010 Bruto e Espumante Informal
2010 Bruto. Belíssimos. Os Duet, que debutaram no ano passado, ganharam com o
tempo e, assim sendo, prevê-se continuação em crescendo. Tintos: Luís Pato
Vinhas Velhas Tinto 2010, Luís Pato Vinha Barrosa 2009, Luís Pato Vinha Pan
2009 e Luís Pato Vinhas Velhas 2001.
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Quinta do Ameal (Vinhos Verdes) só trouxe brancos: Quinta do
Ameal Loureiro 2011 (sensual e elegante, fino e fresco), Quinta do Ameal
Escolha 2009 (gostei da pêra pouco doce no nariz, mais doce na boca, mas muito
elegante), Quinta do Ameal Solo 2011 (amostra de cuba – prometedor), Quinta do Ameal
Speacial Harvest 2011 (amostra de cuba, que não provei). À parte um espumante
com três anos de cuba e seis anos de garrafa… suave, orgânico, palha, com borbulhagem
fina e elegante – belíssimo.
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Da Quinta dos Roques, do Dão, apenas provei os brancos e um
tinto… os tintos foram vítimas do atraso do escriba. Experimentei: Quinta dos
Roques Branco 2011 (fresco e gastronómico), Quinta das Maias Malvasia Fina 2011
(notas de minério e acidez dão-lhe boa frescura, elegante – excelente), Quinta
dos Roques Encruzado 2011 (muito «verde», não no sentido de impreparado, mas de
alegria, de erva, de algum limão, na boca mineral – acima de excelente) e Quinta
dos Roques Tinto 2010 (notas de violeta e mentol, taninos presentes e
elegantes). De foram ficaram Quinta dos Roques Alfrocheiro 2010, Quinta das
Maias Jaen 2010, Quinta dos Roques Touriga Nacional 2010 e Quinta dos Roques
Tinto Garrafeira 2008.
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O momento alto do dia foi a masterclass de vinhos com idade
destes produtores. Esse momento ficou também marcado pela negativa pelo serviço
do Ritz, que se mostrou a nível de hotelzeco, com empregados trapalhões e com
incompetência qb.
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Ao que interessa: Quinta do Ameal Loureiro 1999 (branco) apenas
pode revelar uma boa acidez, pois foi vítima do TCA (tricloroanisol – o popularmente
conhecido como cheiro e gosto a rolha); Quinta do Ameal Escolha 2000 (branco), muito
fresco no nariz, com notas de goma, na boca muito elegante e com belo final; Leiras
Mancas 1997 (branco – Casa de Cello) fez-se com azal e pedernã (arinto), com
notas orgânicas, de musgo e terra molhada, na boca muito fresco, vibrante…
disse João Pedro Araújo: «estava à espera que vivesse seis meses; estamos
feéricos»); Quinta da Vegia Reserva 2003 (tinto) nada evoluído, fresco com
chocolate preto e menta, na boca é elegante e envolvente); Luís Pato Vinhas
Velhas Branco 1995… uau! Vibrante, perfumadíssimo, resina, rebuçado, fresco, na
boca é guloso e envolvente; Luís Pato Vinha Pan 1995 é quase inebriante, com
notas de farmácia e menta, na boca é elegante e felino); Alves de Sousa Reserva
Pessoal Tinto 2003 com notas de madeira encerada, doce de ameixa, civilizado,
na boca muito profundo, que só me ocorre dizer um vago e impreciso «nocturno»);
Quinta da Gaivosa Tinto 1995 com aroma de couro polido e mineral «marmóreo», na
boca muito elegante e longo); Quinta dos Roques Tinto Reserva 1992 com suave
madeira encerada e fino couro, na boca elegante, delicado e longo; e Quinta dos
Roques Touriga Nacional 1996 foi para mim o melhor acima de todos os muito
grandes, com aromas de couro, temperado com algum vegetal e até flores, na boca
uma grande elegância, feliz acidez, taninos fantásticos e um final profundo e
denso).
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À mesa juntou-se aos vinhos a carne de vaca do produtor
alentejano Solar da Giesteira. Carne tenra e muito gostosa. O produtor, Joaquim
Freixo, lembrava-se de mim, quando me dedicava à televisão (saudades das
reportagens) e praticava frente ao ecrã no programa Da Terra Ao Mar. A
reportagem não foi feita por mim, mas por Bruno Barrocas de Jesus. O senhor é uma super-simpatia, o senhor.
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