A reputação da região do Vinho Verde é ainda muito marcada
pelos preços baixos e, infelizmente muitos casos, produtores que deviam estar
quietos. A gaseificação é um terror. Contudo,
O Vinho Verde tem um enorme potencial e grandes empresas –
umas que já trabalham bem há muitos anos
– têm-se interessado pela região. Claro que é pelos seus lindos olhos: frescura.
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A região tem tanto carácter que muitos julgam tratar-se de
um tipo de vinho. Por outro lado, infelizmente, há uma percepção de preço
baixo. Alguma coisa vai mudar, as empresas maiores não são conformistas e farão
pôr outros a mexer.
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Não duvido do efeito marca. O Vinho Verde é fresco e
agradável, satisfaz toda a gente. Porém, a percepção do valor penaliza-o. Aqui,
sobretudo o Quinta de Azevedo Reserva 2017, os vinhos teriam outro preço, se
viessem doutros locais.
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Fazendo-me de bruxo, acredito que vão emergir pequenos
produtores empenhados na produção em qualidade. Continuando a brincar de
adivinho, duvido que a maioria das firmas tenha coragem para mudar, ficando no
que é.
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A Sogrape, a maior empresa portuguesa do sector, quer estar
além do Gazela. A Quinta de Azevedo, situada no concelho de Barcelos e adquirida
em 1980, tem agora um papel mais importante. Um branco para consumo à mesa e à
conversa e outro mais exigente, em que se pretende captar a energia da
propriedade.
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O Azevedo Loureiro Alvarinho 2017 vai bem para a mesa,
talvez além das saladas, frango e peixe – sendo que esta última debito
sabedoria por empréstimo, ouvindo e fazendo contas ao que se pode sentir e
apreciar. Alimenta também as conversas do Verão, quando o trabalho do dia
seguinte é mergulhar no mar ou andar às cabeçadas nas aldeias – as férias inteiramente
bucólicas têm alguma coisa que me incomoda.
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Para quem trabalha bem, o «mais sério» não existe. Por isso,
o Quinta de Azevedo Reserva 2017 não pode ser mais sério do que o anterior.
Recorro à expressão para transmitir a percepção sensorial e o prazer que fica
para lá da época estival.
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O Quinta de Azevedo Reserva 2017 é um lote de loureiro (70%)
e alvarinho (30%). Se António Braga (enólogo) diz que é assim, é porque é
mesmo. Esta afirmação está ligada à estória da minha antipatia pelo Esteva, pelo
qual era o responsável. Nesse debate, jurou-me que haveria de o apreciar.
Apostámos e ele ganhou.
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Não é um vinho para o Verão, no sentido de consumo imediato
e com viandas leves. Botem-lhe pratos mais elaborados e ele marca golos –
esqueçam o cozido à portuguesa… mas rojões, talvez, talvez.
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Azevedo Loureiro Alvarinho 2017
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Origem: Vinho Verde
Produtor: Sogrape
Nota: 5,5/10
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Quinta de Azevedo Reserva 2017
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Origem: Vinho Verde
Produtor: Sogrape
Nota: 6,5/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo
produtor.
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