Pedro Pereira Gonçalves tem-se mostrado um enólogo não
apenas talentoso, algo que só se manifesta quando de trabalha empenhadamente,
como fiável, desde os vinhos mais modestos aos mais sofisticados ou exigentes.
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Conheci-lhe o trabalho quando trabalhou em Vale d’Algares,
empresa com bons propósitos e elevados objectivos, mas que fracassou. Quanto a
isso não há nada a fazer. O certo é que o Grupo José de Mello foi busca-lo e,
devido aos resultados, o promoveu a administrador na Sociedade D. Diniz.
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Ali, no Monte da Ravasqueira, uma herdade de 3.000 hectares,
Pedro Pereira Gonçalves, e a sua equipa, tem sabido tirar proveito das
condições naturais. Não apenas naturais. Trata-se de terroir – para mim apenas
as características naturais não fazem um terroir, pois a agricultura e a
viticultura são humanas, por isso o homem integra essa coisa compósita e
complexa expressa num vocábulo francês.
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Ainda assim, usando a definição mais comum, limitada ao
ambiente, não há ninguém que não diga que a sua propriedade não tem um terroir.
A marca Alentejo é valiosa, mas há sempre uma natural vontade, seja por crença
ou conversa, de diferenciar o território. Cansadinho de ouvir: «Este Alentejo é
diferente», porque o que sobra, pelo que dizem, é todo igual.
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Obviamente que o Alentejo não é todo igual, nem há só dois
nem três. Tudo isto para dizer que concordo quando dizem que o Monte da
Ravasqueira é um Alentejo diferente. Refiro-me aqui, naturalmente, às
características físicas, particularmente à orografia.
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O relevo confere aos vinhos uma frescura nem sempre presente
no Alentejo. Como sabeis, aqui não se prova vinho – regra geral. Sendo um sítio
de paixão, «a garrafeira do infotocopiável» assume-se subjectiva. Ora bem, os
vinhos agora contados foram bebidos em ocasiões diversas e na companhia de
diferentes pessoas. Umas gostaram mais e outras menos, sabendo que não souberam
da globalidade. O traço comum na avaliação foi a frescura.
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Começo por o MR Premium Rosé 2015, feito apenas com uvas
touriga nacional. Muito fresco, mas guloso, é mais do que divertimento de
Verão, pois acompanha muito bem alimentos mais suaves. É um dos meus rosados
predilectos. Sendo um vinho de homenagem, da família a José de Mello,
abstenho-me de o pontuar.
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Monte da Ravasqueira Reserva Branco 2015 resulta da junção
de viognier (60%) e alvarinho (40%). A francesa tem nascido muito bem no
Alentejo, já a minhota tem sítios – acontece sair na forma de rebuçado…
infelizmente, na região do Vinho Verdes anda a aparecer muito como laranjada,
mas é conversa para outro dia. Pelas características naturais como por a
colheita ser mais cedo – deduzo pela graduação alcoólica de 12,5º – resulta
bastante fresco e prazenteiro na boca.
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O Monte da Ravasqueira Alvarinho 2015 traduz a frescura já bastamente
afirmada. Diferente do conhecido na região do Vinho Verdes e na Galiza, também não
é igual ao que surge no Alentejo. Tomando-o à refeição, onde se sabe comportar,
penso que agrada mais a solo.
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O Monte das Ravasqueira Tinto 2015 resulta da junção de aragonês
(35%), touriga nacional (35%), syrah (20%) e alicante bouschet (10%). Bebido
agora seria diferente, mas não foi – aconteceu em 2016. Mantenho a opinião que
os tintos que saem meses depois da vindima estão mancos. Claro que bem feito e com
qualidade, mas…
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O Monte da Ravasqueira Reserva Tinto 2013 traduz bem a grande
qualidade que a empresa se propôs alcançar. Junta syrah (60%) a touriga nacional
(40%), uma dupla complementar que confere gulodice e elegância.
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O MR Premium Tinto 2012 é um dos maiores vinhos alentejanos.
Sendo um vinho de homenagem, fico-me por aqui.
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MR Premium Rosé 2015
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Sociedade Agrícola D. Diniz
Nota: X
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Monte da Ravasqueira Reserva Branco 2015
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Sociedade Agrícola D. Diniz
Nota: 7/10
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Monte da Ravasqueira Alvarinho 2015
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Sociedade Agrícola D. Diniz
Nota: 6,5/10
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Monte das Ravasqueira Tinto 2015
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Sociedade Agrícola D. Diniz
Nota: 5/10
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Monte da Ravasqueira Reserva Tinto 2013
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Sociedade Agrícola D. Diniz
Nota: 7/10
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MR Premium Tinto 2012
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Sociedade Agrícola D. Diniz
Nota: X
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.
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