A pêra rocha é uma caso de sucesso da agricultura portuguesa… representa mais de 90 mil milhões de euros e é o produto horto-frutícola mais exportado. Esta variedade tipicamente portuguesa é a mais consumida entre nós. Uma preferência manifestada desde que foi descoberta em meados do século XIX.
Consta que um tal senhor Rocha, de Sintra, tinha umas pereiras que davam frutos muito gostosos e insistia em dá-los a provar e em espalhar descendência das suas árvores. Com o tempo, estas pereiras espalharam-se pelo país… 95% das pêras portuguesas são rocha, o que demonstra bem o quanto é apreciada. O seu sabor tem vindo a deliciar também os estrangeiros. Os britânicos tomaram-lhe o gosto há menos de vinte anos e desde então nunca mais pararam de a trincar.
A pêra rocha dá-se em todo o território nacional, mas é no Oeste onde tem a sua zona mais produtiva. A grande qualidade e a especificidade foi reconhecida com a Designação de Origem Protegida, o que tem aberto as portas a mais mercados.
Os produtores do Oeste organizaram-se e as estruturas adaptaram-se para responder aos desafios da exportação. A região apostou e agora colhe o fruto do esforço. Porém, manter mercados obriga a um trabalho contínuo e a um grande cuidado com a qualidade.
O mercado nem sempre é justo e alguns frutos muitas não encontravam comprador. Os produtores do Oeste tiraram proveito das regras da sociedade de consumo e … «inventaram» uma forma de escoarem as peças mais pequenas.
E se em Londres as crianças levam perinhas rocha para a escola, na Bélgica a moda são os frutos ainda mais pequenos. Os usos das perinhas podem ser vários, porque diferentes são também os paladares dos povos. Por lá fazem entram em sofisticados pratos. Cada mercado externo tem as suas exigências, mas, onde chegou, a pêra rocha foi eleita como produto de excelência.
Nota: Texto adaptado da reportagem que escrevi para o programa «Da Terra Ao Mar» da RTP 2.
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