O Natal não me diz muito. Aliás, não me diz quase nada. O que me diz não tem quase nada a ver com o Natal das outras pessoas. Ou seja, o meu Natal é quase nada de comum. Não, porque não seja cristão, mas porque não me faz sentido todo o folclore associado à data, mais a euforia consumista, o trânsito infernal, mais a falsa paz que nem mal se disfarça, nem a hipocrisia, nem o cinismo, nem a pirosada das pessoas, entre outros atributos negativos que não me apetece enumerar ou não me ocorrem de momento.
Contudo, o Natal tem também alguns significados positivos. As lembranças da infância, o Bolo-Rei, que antigamente só se comia por esta época, a alegria verdadeira de Calvin, os belos jantares do amigo Sérgio, para os quais todos os anos me convida.
O que tudo isto a ver com um vinho? Tem alguma coisa, já explico. Peço alguma paciência, porque o Natal tem a ver com emoções e desta vez escolhi um vinho que tem memória. Vou voltar atrás, ao que o Natal tem de bonito. Retrocedo para contar uma tradição que não me lembro quando começou: os jantares em casa do amigo Sérgio, que é amigo de infância. A 25 de Dezembro, lá em casa, junta-se a família mais chegada e um grupo muito pequeno de amigos. É uma alegria! O Natal, o verdadeiro, será feito daqueles convívios ou algo de muito parecido.
Este ano, o amigo Tinoco levou uma garrafa de José de Sousa de 2002. A marca é um clássico! O vinho não desiludiu. Alegou a conversa e iluminou a noite. É bem certo que não é um vinho de estalo, mas tem memórias, um património de afectos, que lhe dão um encanto. Nunca me desilude, o José de Sousa. Este de 2002 tem um aroma vegetal, a tabaco e ervas, e um toque achocolatado. Na boca tem frutado suave e agradavel. Já disse que não é de arromba, mas é um valor seguro.
Região: Regional Alentejano
Produtor: José Maria da Fonseca
Teor alcoólico: 13%
Nota: 5,5/10
3 comentários:
Prezado João, meus votos são de um ótimo 2007, com muito mais vinhos bons em sua mesa, sucesso e paz. É o que deseja este amigo virtual, do outro lado do Atlântico. Abraços!!!
João,
Dei uma lida no seu texto "A boca dos outros" e concordo que algumas vezes ancoramos opiniões em preconceitos e julgamentos alheios.
Sempre fico contente quando minha nota não bate com a da crítica porque mostra minha individualidade, mas seria errado julgar diferente só para reforçar o ego. Daria em "enochatisse" da mesma forma.
Desejo um 2007 cheio de vinhos de tirar o fôlego.
Saudações
Leonardo
http://vivaovinho.blogspot.com
Arranjei uma pequena brecha, para lhe desejar uma bela entrada em 2007.
E partilho inteiramente o que disse sobre o Natal, nem mais nem menos.
Um abração amigo
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