Eu o que quero é «cumbersa»… aliás, «conversaaa», que a coisa é alentejana. A Adega Mayor iniciou um ciclo de tertúlias (não sei por que carga d’água lhe chamou wine talks) acerca do vinho e sua ligação com outros interesses.
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A primeira foi no Teatro Tivoli (que antigamente era cinema), em Lisboa. O tema: a música. Ilustres tertulianos: maestro António Vitorino d’Almeida, cantautor Sérgio Godinho, jazzalista José Duarte, radialista Álvaro Costa e crítico eno-gastronómico Fernando Melo.
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Começou bem, com a passagem de diferentes músicas e tentativa de harmonização com o vinho: uma valsa de Strauss, a raça roqueira de David Bowie, uma swingada de John Coltrane, o calor de Ella Fitzgerald. Votação na sala e… já não me lembro quem ganhou, mas votei derrotado no Strauss.
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Conversa gira, mas com o maestro afónico. Cada um dando a sua achega. José Duarte fez esboçar um sorriso, mostrando um prospecto, do tempo em que estava no exílio e Portugal vivia em ditadura e em guerra, apelando ao boicote às compras do Lancer’s e do Mateus Rosé. Teve graça.
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Cada um com sua achega, construindo. Convém as conversas terem contradições, mas José Duarte esteve sempre numa de deitar abaixo. O homem é insuportável. Uma vez (noutro tempo e local) ouvi-o dizer, modestamente, que só havia cinco pessoas em Portugal que percebiam de jazz: uma ou duas tinham morrido, dois ou três não lhes falava e ele. Percebido e compreendido.
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Pois que para José Duarte música é música, jazz é jazz e, não haja confusões, vinho é outra coisa, dizendo, sem dizer, que é coisa menor, não tem dimensão cultural, blá, blá, blá. O homem esteve ali para destruir. Pérola das pérolas, o vinho é álcool e causa alcoolismo… para o senhor só tem a dimensão de droga social do Ocidente.
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Para além das tiradas imbecis de José Duarte, que algumas vezes faziam os outros convivas mostrar (discretamente) algum espanto, desagrado e até vergonha alheia (juro!), a conversa correu bem. O Sérgio Godinho é um fixe e o maestro também e o Álvaro Costa idem. E o Fernando Melo? Claro que sim também.
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António Vitorino de Almeida chegou-se ao piano numa improvisação longamente aplaudida. Um jovem homem, que não me recordo o nome, apresentou vários beats… o ilustre sábio e mestre da tolerância musical José Duarte, boquiaberto, revelava desagrado. O homem estagnou.
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Ah! E já me esquecia… Paulo Laureano, o enólogo, quis dizer Ella Fitzgerald mas tropeçou uma duas ou três vezes… por nervosismo, por grão na asa… quando chegou a vez de José Duarte falar veio uma reprimenda em voz severa, como dizendo que o enólogo era inculto.
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Para concluir: os convidados eram giros (excepção ao dono do jazz em Portugal); Rita Nabeiro (uma das herdeiras do império Delta) estava nervosa e sorridente, mas sempre simpática; Paulo Laureano simpatissíssimo; Rita Carvalho (enóloga residente) parece ter nascido para falar em público… e como se não bastasse a equipa ser toda simpática, a consultora de comunicação, Sílvia Marçal, também é fixe… e convenceu-me a ir (quase raptando) a uma tertúlia que me deu muito gozo (apesar de José Duarte).
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A primeira foi no Teatro Tivoli (que antigamente era cinema), em Lisboa. O tema: a música. Ilustres tertulianos: maestro António Vitorino d’Almeida, cantautor Sérgio Godinho, jazzalista José Duarte, radialista Álvaro Costa e crítico eno-gastronómico Fernando Melo.
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Começou bem, com a passagem de diferentes músicas e tentativa de harmonização com o vinho: uma valsa de Strauss, a raça roqueira de David Bowie, uma swingada de John Coltrane, o calor de Ella Fitzgerald. Votação na sala e… já não me lembro quem ganhou, mas votei derrotado no Strauss.
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Conversa gira, mas com o maestro afónico. Cada um dando a sua achega. José Duarte fez esboçar um sorriso, mostrando um prospecto, do tempo em que estava no exílio e Portugal vivia em ditadura e em guerra, apelando ao boicote às compras do Lancer’s e do Mateus Rosé. Teve graça.
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Cada um com sua achega, construindo. Convém as conversas terem contradições, mas José Duarte esteve sempre numa de deitar abaixo. O homem é insuportável. Uma vez (noutro tempo e local) ouvi-o dizer, modestamente, que só havia cinco pessoas em Portugal que percebiam de jazz: uma ou duas tinham morrido, dois ou três não lhes falava e ele. Percebido e compreendido.
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Pois que para José Duarte música é música, jazz é jazz e, não haja confusões, vinho é outra coisa, dizendo, sem dizer, que é coisa menor, não tem dimensão cultural, blá, blá, blá. O homem esteve ali para destruir. Pérola das pérolas, o vinho é álcool e causa alcoolismo… para o senhor só tem a dimensão de droga social do Ocidente.
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Para além das tiradas imbecis de José Duarte, que algumas vezes faziam os outros convivas mostrar (discretamente) algum espanto, desagrado e até vergonha alheia (juro!), a conversa correu bem. O Sérgio Godinho é um fixe e o maestro também e o Álvaro Costa idem. E o Fernando Melo? Claro que sim também.
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António Vitorino de Almeida chegou-se ao piano numa improvisação longamente aplaudida. Um jovem homem, que não me recordo o nome, apresentou vários beats… o ilustre sábio e mestre da tolerância musical José Duarte, boquiaberto, revelava desagrado. O homem estagnou.
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Ah! E já me esquecia… Paulo Laureano, o enólogo, quis dizer Ella Fitzgerald mas tropeçou uma duas ou três vezes… por nervosismo, por grão na asa… quando chegou a vez de José Duarte falar veio uma reprimenda em voz severa, como dizendo que o enólogo era inculto.
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Para concluir: os convidados eram giros (excepção ao dono do jazz em Portugal); Rita Nabeiro (uma das herdeiras do império Delta) estava nervosa e sorridente, mas sempre simpática; Paulo Laureano simpatissíssimo; Rita Carvalho (enóloga residente) parece ter nascido para falar em público… e como se não bastasse a equipa ser toda simpática, a consultora de comunicação, Sílvia Marçal, também é fixe… e convenceu-me a ir (quase raptando) a uma tertúlia que me deu muito gozo (apesar de José Duarte).
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