domingo, novembro 01, 2009

Grainha 2006

A sensação que tive, quando abri a garrafa, foi que tinha descascado uma tablete de chocolate preto: tresandava. Depois de respirar um pouquinho, esse enjoo deu lugar a um outro, de empestamento de compota, de ginja.
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A ginja veio também à boca. Um líquido «açucarado», é o que é. Um frutadinho sem subtilezas. Uma pasmaceira de vinho. Um corpo desinteressante, taninos redondinhos sem carisma e um final curtíssimo. O álcool notava-se e bem, apesar dos 16 graus a que foi servido.
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No rótulo, a palavra grainha repetida em diferentes línguas. Teve graça. Mas menos inteligente foi o «oak maturated». Para quê? Porquê em inglês? Porquê só em inglês. Coisa pretenciosa.
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Andamos ou queremos andar a fazer vinhos iguais aos que fazem em todo o Novo Mundo. Para quê? Eles lá fazem-no quase sempre melhor e a preços mais justos.
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A «coisa» custa à volta de 10 euros, mas devia custar 3, não mais. Não o achei melhor que os Cabriz, Grilos e Estevas deste mundo. Mas esses, ao menos, custam bem menos e não têm pretensões a coisa nenhuma.
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Origem: Douro
Produtor: Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo
Nota: 3,5/10

4 comentários:

Arnaud disse...

Olá João,

Fico muito supreendido com a tua nota de prova. Bebi o mesmo vinho o mês passado e achei-o radicalmente diferente (fruta vermelha fresca e discreta, corpo elegante mas com estrutura, tudo muito fino).
Alias acho que geralmente os vinhos do Francisco Montenegro (Quinta Nova, Aneto) mostram-se mais elegantes do que potentes e compotados.
E embora seja dum ano mais fresco, a nota da versão 2007 do Grainha na RV vai mais nesse sentido da elegância: http://www.revistadevinhos.iol.pt/prova3568-grainha-2007-tinto_

Os vinhos não param de me surpreeender....

Arnaud

João Barbosa disse...

Caríssimo, cada nariz e boca têm o seu dono. Não posso dizer que gostei deste vinho. Achei-o bem feito, até lhe dei nota positiva (é positiva a partir do 3 - a minha escala não é linear). Confesso que foi uma ENORME desilusão, até porque naquela faixa de preço (felizmente não o paguei) encontram-se vinhos claramente superiores.
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Todavia, contudo, porém e no entanto ressalvo que é a minha simples opinião. Não vale mais do que isso.
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Aliás, com agrado noto que na blogosfera não imperam as unanimismos e proximidades de notas que se verificam na crítica profissional e de meios mais convencionais.
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Tenho de adicionar o teu blogue, confesso que não conhecia.
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Saudações

Arnaud disse...

Caro João,

Peço desculpa se te dei a sensação de não respeitar a tua opinião - sou um mero principiante nesse mundo do vinho e não tenho nada à ensinar à ninguem.

Só estranhei ler uma nota de prova completamente oposta à minha experiência com esse vinho (madurão e vulgar para ti, fresco e elegante para mim), ou seja não diferenças de gosto mas sim diferenças de percepção do vinho.
Não sei se tera à ver com a garrafa, a temperatura de serviço, o ambiente, a disposição do provador no momento, o acompanhamento ou simplesmente com o paladar de cada um. São muitos os factores que influenciam uma prova.

Agora concordo contigo que aprende-se mais com divergências do que com unanimismos. Daí o meu comentário a tua nota de prova - se concordava contigo não teria feito o comentário. Estou a ver que vou ter que voltar a provar o vinho para tirar as teimas.

Já agora não tenho blogue, como disse sou um mero apreciador de vinho que anda um bocado pela rede.

Abraço.

Arnaud

João Barbosa disse...

Tranquilo, não pensei nada disso. Apenas notei como as bocas e os narizes são diferentes... e independentes da experiência que cada um tem.
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pensei que tivesses um blogue quando vi o teu perfil no blogger. sorry.
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vai aparecendo e dando as opiniões que entenderes, são muito bem-vindas.

abraço,
JB