Bonito por fora e por dentro, é um dos melhores vinhos que
alguma vez provei. Confirma – mais além – a mercê da fama antiga. Atesta que em
Portugal nem só no Douro e na Madeira se fazem obras de classe mundial.
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O Bastardinho de Azeitão 40 Anos é o último suspiro. Não há
mais que conte dos tempos. A última vinha foi arrancada na década de 80 do
século passado e, muito mais tarde, foi plantada uma nova, pela firma José
Maria da Fonseca.
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Felizmente, mais produtores plantaram a casta bastardo – a trousseau
– e agora há a espera. Uns vinhos virão mais cedo e outros vão demorar-se.
Todavia, só dentro de 40 anos haverá para comparar com este que agora se finou.
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Na verdade, é ainda mais. O número 40 engana. Na verdade,
este vinho é uma mistura de diferentes colheitas, entre os 40 e os 80 anos.
Apenas 2.300 litros em garrafas de meio litro.
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O que define este vinho? Tanto e tanto e tanto e mais o que
se possa imaginar ou mentir. Cheira e sabe a quê? A si próprio, e pouco importa
um dicionário de etiquetas com referências redutoras ou hiperbólicas.
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A nomenclatura burocrática estampa-lhe uma injusta
classificação de regional – não que seja desprimor para alguém ser regional,
mas porque se refere a um vinho antigo e famoso. Por isso, não o deixam ser
«generoso», apenas o plebeu «licoroso».
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Não tenho por hábito usar imagens de produto, mas aqui
torna-se obrigatório. Quem possa, faça um brinde aos bastardinhos que virão.
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Origem: Península de Setúbal
Produtor: José Maria da Fonseca
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