segunda-feira, maio 30, 2016

Concours Mondial de Bruxelles - Bruxelas é a capital da Bélgica! É, mas o concurso é mundial...

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Encontra-me...
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Quando era criança, o tempo demorava uma eternidade a passar. O dia 1 de Outubro assinalava o final das férias grandes, que eram praticamente infinitas, e o começo do ciclo escolar, igualmente semi-eterno.
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Li algures que há um mecanismo na cabeça que coordena a velocidade. Essa engenhoca da biologia é responsável pela aceleração da percepção do tempo. Portanto:
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Entre 29 de Abril e 1 de Maio, deste ano, estive em Plovdiv, na Bulgária. Parece que foi ontem que recebi o convite para participar como jurado no Concours Mondial de Bruxelles, mas faz um mês que terminou o evento. Este texto quase vai tarde!
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A experiência foi rica no que respeita a vinho. Não tanto pela esperada variedade de vinhos que provei, mas por ter confirmado que a componente do gosto tem muito a ver com a cultura em que se nasce. Se refiro o gosto, o que pode alarmar quem acredita que tal deve ser banido da prova, é porque a ciência do exame varia com o berço.
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A minha mesa era presidida por um francês e formada por uma búlgara, um italiano, um norte-americano e, obviamente, um português. Todos tínhamos experiência de prova, mas houve momentos em que estranhamente o vinho não era o mesmo para todos. Como pode alguém premiar o que outro penaliza?
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Aqui entra o gosto? Alguém dirá que sim e outro dirá que não. Aqui entra o hábito, no sentido de cultura ou conhecimento duma realidade, direi. Isso foge ao acerto? Ou há que assumir que o reconhecimento da qualidade também se molda nos critérios colectivos do gosto?
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A minha mesa provou sobretudo rosados, sendo alguns também eram espumantes. No total, nos três dias, provei 158 vinhos – em cada dia repetiram-se alguns, mas o total em classificação foi esse. Foram 84 rosés tranquilos, 27 espumantes rosados – alguns eram, na verdade, brancos de uvas tintas –, 40 tintos tranquilos e sete brancos tranquilos.
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Não me recordo de grandes divergências, em relação a tintos e brancos. Porém, a avaliação dos 111 rosados foi, por vezes, diferenciada. A grande divergência foi em relação a doçura e a acidez. É aqui que entra a questão do gosto ou do ambiente cultural. Houve quem penalizasse rosados por serem ácidos. Penalizei vinhos que cheiravam e sabiam a açúcar.
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Em termos de pontuações, a organização atribui Medalha de Prata a vinhos com pontuações entre 84 e 86,5. A Medalha de Ouro vai para os que obtém entre 86,6 e 92 pontos. A Grande Medalha de Ouro é atribuída a vinhos com mais de 92 pontos e até (obviamente) 100.
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Estiveram em prova 8.015 vinhos, provenientes de 51 países. França (2.421 – 17 Grande Ouro, 191 Ouro e 434 Prata), Espanha (1.570 – 10 Grande Ouro, 167 Ouro e 300 Prata), Itália (1.226 – 16 Grande Ouro, 104 Ouro e 234 Prata) e Portugal (1.033 – 12 Grande Ouro, 107 Ouro e 212 Prata) foram os países com maior número de vinhos em prova. Para se ter ideia mais precisa, a quinta maior presença foi a do Chile, com 327 vinhos.
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Porém, na escolha Exceptionnal Old Vintages, Portugal conseguiu oito prémios, num total de nove, sendo o restante francês. Seis foram Porto, dois Madeira e um Rivesaltes (Languedoc-Roussillon).
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Pelas minhas contas, se não errei ao olhar os papéis, só uma vez dei mais de 92. Por acaso calhou ao um vinho português. Não irei quebrar o sigilo. Foi numa ronda pequena, mas notável.
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Quanto ao extra-concurso… a cidade de Plovdiv é interessante, mas não me encantou por aí além. Gostei da higiene das ruas e da paisagem, mas só conheci o caminho entre Sófia e Plovdiv.
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Ficha sem bonecada, não é ficha...

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