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Gosto de ir à escola! Gostei e até que me fartei e ando com
vontade de voltar. Enquanto não escolho uma segunda licenciatura,
pós-graduação, mestrado ou doutoramento, divirto-me aprendendo nas
oportunidades que encontro.
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Há quase um mês participei numa aula prática de Vinho do Porto,
promovida pela Real Companhia Velha. Em apreciação estiveram tawnies colheita Real
Oporto e vintages da Quinta das Carvalhas.
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O Douro é um vale e o Vinho do Porto um mundo! Espero que se
mantenha sempre complexo e diverso, para que o bom não se confunda com o
medíocre e, muito menos, com o mau. Desejo que nunca ninguém se lembre de
descomplicar ou que é complicado, pois o estudo valoriza e a luta apalada a
vitória.
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Jorge Moreira, director de enologia da Real Companhia Velha,
salienta que o retorno financeiro do investimento em Vinho do Porto é difícil.
Porque é caro e por o mercado ser muito disputado.
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Chegou (regressou) à Real Companhia Velha em 2010 e diz
debater-se com o problema de conseguir melhorar o padrão. «Já faz tudo tão bem
feito e há tantos anos que é difícil inovar e surpreender».
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Da família tawny foram apresentados os Royal Oporto Colheita 2003, Royal Oporto
Colheita 1999, Royal Oporto Colheita 1980 e Royal Oporto Colheita 1977. A
apresentação foi feita da frente para trás.
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Não sou muito
de fixar climatologia, para isso servem os almanaques e os apontamentos. No
entanto, o ano de 2003 está bem presente. Teve o Verão mais demoradamente
quente que me lembro, o país ardeu muito mais do que a brutalidade habitual e,
em pleno centro, Lisboa tossia com o fumo dos fogos florestais das periferias
metropolitanas. A Avenida Fontes Pereira de Melo não se via de um lado para o
outro.
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Jorge Moreira
conta que esse foi também o ano em que foi reintroduzido o comboio a vapor no
Douro. Um trem antigo é belo, mas da chaminé saltam fagulhas e o resultado foi
uma sementeira de fogos.
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Lembro-me do
Verão de 2003, mas não das restantes estações. Diz Jorge Moreira que foi fresco
e chuvoso. Assim, nasceu um vinho simultaneamente com quentura e frescura, onde
convivem aromas de menta, de amêndoa torrada e pólvora. O Royal Oporto Colheita 2003, engarrafado em
2012, é um vinho denso e
muito longo na boca.
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De 1999… lembro-me de
várias coisas, mas não da climatologia. Jorge Moreira, que tem melhor memória e
tira apontamentos, conta que o Inverno foi «terrível» e muito frio, que se
prolongou até à floração. O Verão foi quentíssimo no Douro, mas em Agosto
verificaram-se três dias de chuva abundante. A pluviosidade voltaria a ser farta em alguns momentos de Setembro.
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Jorge Moreira afirma
que 1999 «deu vinhos muito bonitos». Um deles foi o Royal Oporto Colheita 1999,
engarrafado em 2013. É uma festa de pastelaria invernal, lembrando muito o bolo-inglês.
Na boca é doce, gordo e longo.
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Em 1980 ainda se podia
brincar em algumas ruas de Lisboa. Tive essa felicidade. Olhando para o
retrovisor… lembro-me de coisinhas corriqueiras e do anoitecer de 4 de
Dezembro, quando ocorreu o atentado contra o primeiro-ministro Francisco Sá
Carneiro.
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Jorge Moreira relata
um Inverno chuvoso e Verão encalorado. Royal Oporto Colheita 1980, engarrafado
em 2012, é potente! Diria sólido, porque me lembra os móveis de mogno, antigos
e bem tratados. Ao mesmo tempo tem delicadeza, com evocações florais e de
menta. Na boca é terrivelmente feliz na gulodice e bastante longo.
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Em 1977 usavam-se
calças à boca-de-sino… tinha sete anos e nem do Natal me lembro! Aqui desisti
de apontar as características do ano. É segredo! Decidi que não haveria de
registar… uma birra!
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E porquê? Porque é um
óptimo pretexto para pedir para voltar a provar o Royal Oporto Colheita 1977,
engarrafado em 2012. É fenomenal, com uma jovialidade de herói da mitologia
grega. Rico em frutos secos, fruta cristalizada, massa de bolo, a ervanária dos
rebuçados peitorais, mel, fósforo, mogno, caruma seca… longuíssimo e picante.
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Após os aloirados
vieram os vermelhos: Quinta das Carvalhas Vintage 1997, Quinta das Carvalhas
Vintage 2004, Quinta das Carvalhas Vintage 2007 e Quinta das Carvalhas Vintage
2013. Esta propriedade situa-se à entrada da aldeia de Pinhão, no Cima Corgo.
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O Quinta das Carvalhas
Vintage 1997 é uma tablete de chocolate rico em cacau, com notas de caruma e
uma leve resina de pinheiro. Na boca é desafiador, nada óbvio em termos de
doçura. Belíssimo e diferenciado.
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Afirma Jorge Moreira
que 2004 foi um ano interessante. Foi muito seco e as plantas entraram em
stress hídrico. «Quando pensávamos que íamos começar a apanhar, começou a
chover. Os bagos voltaram a encher-se». O Quinta das Carvalhas Vintage 2004 exige
musse de chocolate e ainda é fértil em aromas florais e vegetais.
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O Quinta das Carvalhas
Vintage 2007 é mais guloso do que o anterior, pois é farto em ginja, amoras,
geleias e chocolate branco, que evoluiu para chocolate de leite. É muito fresco
de paladar, com gulodice sem que se torne enjoativo. Conselho aos solteiros e
sedutores: sirvam-no.
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O Quinta das Carvalhas
Vintage 2013 é um vinho muito sedutor, onde se encontram aromas menos óbvios,
como a pimenta preta, folha de louro e tabaco louro e outros mais prováveis,
como rebuçado de morango, geleia de framboesa e chocolate preto. Gostei da falsa
secura na boca, do doce sem agoniar e da untuosidade.
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A aula de Vinho do
Porto terminou numa prova de conjugação de vinhos com comidas preparadas pela
equipa do Hotel Ritz. Combinações prováveis comprovadas, alguma surpresa e
apenas um casamento pouco conseguido.
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O Royal Oporto 10 anos
juntou-se a «laranja confit coberta de chocolate de leite». A guloseima estava
viciante… Estive tentado a pedir uma caixinha para encher e trazer para casa –
obviamente é falso. Uma belíssima união.
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O Royal Oporto Late
Bottled Vintage 2011 ligou-se a «snobinette de chocolate negro, ganache e
frutos vermelhos». Esta maridagem é mais convencional e também resultou muito
bem, com os parceiros a realçarem as suas características complementares.
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O Real Companhia Velha
Vintage 1970 é um vinho notável, daqueles para levar para o Além. Para o
acompanhar chegou «pêra rocha recheada com Queijo da Serra». O casamento não
foi feliz. Não encontrei equipa entre a fruta e o queijo nem entre o sólido e o
líquido.
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O Real Companhia Velha
Vintage 1967 reuniu-se com «Stilton com cracker de especiarias e granny smith desidratada».
É a conjugação clássica e que vale sempre a pena repetir ou conhecer variante. Este
queijo de vaca nasceu para abraçar o Porto vintage. Esta união foi estupenda!
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Para culminar
aproximaram-se dois Portos diferentes e dois charutos cubanos: Real Oporto 40
Anos e Real Companhia Velha Vintage 1957 e Montecristo Nº5 e Cohiba Robusto.
Optei pelo vermelho e pela personagem de Alexandre Dumas (Pai). Excelência.
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Royal Oporto Colheita
2003
Produtor: Real Vinícola / Real Companhia Velha
Nota: 9,5/10
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Royal Oporto Colheita
1999
Produtor: Real Vinícola / Real Companhia Velha
Nota: 8,5/10
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Royal Oporto Colheita
1980
Produtor: Real Vinícola / Real Companhia Velha
Nota: 9/10
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Royal Oporto Colheita
1977
Produtor: Real Vinícola / Real Companhia Velha
Nota: 10/10
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Quinta das Carvalhas
Vintage 1997
Produtor: Real Companhia Velha
Nota: 9/10
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Quinta das Carvalhas
Vintage 2004
Produtor: Real Companhia Velha
Nota: 9,5/10
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Quinta das Carvalhas Vintage
2007
Produtor: Real Companhia Velha
Nota: 9/10
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Quinta das Carvalhas
Vintage 2013
Produtor: Real Companhia Velha
Nota: 9/10
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Nota: Fotografias de
Gonçalo Villaverde, para a Real Companhia Velha.
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