terça-feira, abril 12, 2016

Porto da 5 – Real Companhia Velha

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Gosto de ir à escola! Gostei e até que me fartei e ando com vontade de voltar. Enquanto não escolho uma segunda licenciatura, pós-graduação, mestrado ou doutoramento, divirto-me aprendendo nas oportunidades que encontro.
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Há quase um mês participei numa aula prática de Vinho do Porto, promovida pela Real Companhia Velha. Em apreciação estiveram tawnies colheita Real Oporto e vintages da Quinta das Carvalhas.
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O Douro é um vale e o Vinho do Porto um mundo! Espero que se mantenha sempre complexo e diverso, para que o bom não se confunda com o medíocre e, muito menos, com o mau. Desejo que nunca ninguém se lembre de descomplicar ou que é complicado, pois o estudo valoriza e a luta apalada a vitória.
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Jorge Moreira, director de enologia da Real Companhia Velha, salienta que o retorno financeiro do investimento em Vinho do Porto é difícil. Porque é caro e por o mercado ser muito disputado.
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Chegou (regressou) à Real Companhia Velha em 2010 e diz debater-se com o problema de conseguir melhorar o padrão. «Já faz tudo tão bem feito e há tantos anos que é difícil inovar e surpreender».
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Da família tawny foram apresentados os Royal Oporto Colheita 2003, Royal Oporto Colheita 1999, Royal Oporto Colheita 1980 e Royal Oporto Colheita 1977. A apresentação foi feita da frente para trás.
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Não sou muito de fixar climatologia, para isso servem os almanaques e os apontamentos. No entanto, o ano de 2003 está bem presente. Teve o Verão mais demoradamente quente que me lembro, o país ardeu muito mais do que a brutalidade habitual e, em pleno centro, Lisboa tossia com o fumo dos fogos florestais das periferias metropolitanas. A Avenida Fontes Pereira de Melo não se via de um lado para o outro.
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Jorge Moreira conta que esse foi também o ano em que foi reintroduzido o comboio a vapor no Douro. Um trem antigo é belo, mas da chaminé saltam fagulhas e o resultado foi uma sementeira de fogos.
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Lembro-me do Verão de 2003, mas não das restantes estações. Diz Jorge Moreira que foi fresco e chuvoso. Assim, nasceu um vinho simultaneamente com quentura e frescura, onde convivem aromas de menta, de amêndoa torrada e pólvora. O Royal Oporto Colheita 2003, engarrafado em 2012, é um vinho denso e muito longo na boca.
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De 1999… lembro-me de várias coisas, mas não da climatologia. Jorge Moreira, que tem melhor memória e tira apontamentos, conta que o Inverno foi «terrível» e muito frio, que se prolongou até à floração. O Verão foi quentíssimo no Douro, mas em Agosto verificaram-se três dias de chuva abundante. A pluviosidade voltaria a ser farta em alguns momentos de Setembro.
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Jorge Moreira afirma que 1999 «deu vinhos muito bonitos». Um deles foi o Royal Oporto Colheita 1999, engarrafado em 2013. É uma festa de pastelaria invernal, lembrando muito o bolo-inglês. Na boca é doce, gordo e longo.
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Em 1980 ainda se podia brincar em algumas ruas de Lisboa. Tive essa felicidade. Olhando para o retrovisor… lembro-me de coisinhas corriqueiras e do anoitecer de 4 de Dezembro, quando ocorreu o atentado contra o primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro.
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Jorge Moreira relata um Inverno chuvoso e Verão encalorado. Royal Oporto Colheita 1980, engarrafado em 2012, é potente! Diria sólido, porque me lembra os móveis de mogno, antigos e bem tratados. Ao mesmo tempo tem delicadeza, com evocações florais e de menta. Na boca é terrivelmente feliz na gulodice e bastante longo.
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Em 1977 usavam-se calças à boca-de-sino… tinha sete anos e nem do Natal me lembro! Aqui desisti de apontar as características do ano. É segredo! Decidi que não haveria de registar… uma birra!
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E porquê? Porque é um óptimo pretexto para pedir para voltar a provar o Royal Oporto Colheita 1977, engarrafado em 2012. É fenomenal, com uma jovialidade de herói da mitologia grega. Rico em frutos secos, fruta cristalizada, massa de bolo, a ervanária dos rebuçados peitorais, mel, fósforo, mogno, caruma seca… longuíssimo e picante.
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Após os aloirados vieram os vermelhos: Quinta das Carvalhas Vintage 1997, Quinta das Carvalhas Vintage 2004, Quinta das Carvalhas Vintage 2007 e Quinta das Carvalhas Vintage 2013. Esta propriedade situa-se à entrada da aldeia de Pinhão, no Cima Corgo.
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O Quinta das Carvalhas Vintage 1997 é uma tablete de chocolate rico em cacau, com notas de caruma e uma leve resina de pinheiro. Na boca é desafiador, nada óbvio em termos de doçura. Belíssimo e diferenciado.
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Afirma Jorge Moreira que 2004 foi um ano interessante. Foi muito seco e as plantas entraram em stress hídrico. «Quando pensávamos que íamos começar a apanhar, começou a chover. Os bagos voltaram a encher-se». O Quinta das Carvalhas Vintage 2004 exige musse de chocolate e ainda é fértil em aromas florais e vegetais.
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O Quinta das Carvalhas Vintage 2007 é mais guloso do que o anterior, pois é farto em ginja, amoras, geleias e chocolate branco, que evoluiu para chocolate de leite. É muito fresco de paladar, com gulodice sem que se torne enjoativo. Conselho aos solteiros e sedutores: sirvam-no.
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O Quinta das Carvalhas Vintage 2013 é um vinho muito sedutor, onde se encontram aromas menos óbvios, como a pimenta preta, folha de louro e tabaco louro e outros mais prováveis, como rebuçado de morango, geleia de framboesa e chocolate preto. Gostei da falsa secura na boca, do doce sem agoniar e da untuosidade.
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A aula de Vinho do Porto terminou numa prova de conjugação de vinhos com comidas preparadas pela equipa do Hotel Ritz. Combinações prováveis comprovadas, alguma surpresa e apenas um casamento pouco conseguido.
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O Royal Oporto 10 anos juntou-se a «laranja confit coberta de chocolate de leite». A guloseima estava viciante… Estive tentado a pedir uma caixinha para encher e trazer para casa – obviamente é falso. Uma belíssima união.
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O Royal Oporto Late Bottled Vintage 2011 ligou-se a «snobinette de chocolate negro, ganache e frutos vermelhos». Esta maridagem é mais convencional e também resultou muito bem, com os parceiros a realçarem as suas características complementares.
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O Real Companhia Velha Vintage 1970 é um vinho notável, daqueles para levar para o Além. Para o acompanhar chegou «pêra rocha recheada com Queijo da Serra». O casamento não foi feliz. Não encontrei equipa entre a fruta e o queijo nem entre o sólido e o líquido.
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O Real Companhia Velha Vintage 1967 reuniu-se com «Stilton com cracker de especiarias e granny smith desidratada». É a conjugação clássica e que vale sempre a pena repetir ou conhecer variante. Este queijo de vaca nasceu para abraçar o Porto vintage. Esta união foi estupenda!
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Para culminar aproximaram-se dois Portos diferentes e dois charutos cubanos: Real Oporto 40 Anos e Real Companhia Velha Vintage 1957 e Montecristo Nº5 e Cohiba Robusto. Optei pelo vermelho e pela personagem de Alexandre Dumas (Pai). Excelência.
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Royal Oporto Colheita 2003
Produtor: Real Vinícola / Real Companhia Velha
Nota: 9,5/10
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Royal Oporto Colheita 1999
Produtor: Real Vinícola / Real Companhia Velha
Nota: 8,5/10
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Royal Oporto Colheita 1980
Produtor: Real Vinícola / Real Companhia Velha
Nota: 9/10
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Royal Oporto Colheita 1977
Produtor: Real Vinícola / Real Companhia Velha
Nota: 10/10
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Quinta das Carvalhas Vintage 1997
Produtor: Real Companhia Velha
Nota: 9/10
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Quinta das Carvalhas Vintage 2004
Produtor: Real Companhia Velha
Nota: 9,5/10
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Quinta das Carvalhas Vintage 2007
Produtor: Real Companhia Velha
Nota: 9/10
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Quinta das Carvalhas Vintage 2013
Produtor: Real Companhia Velha
Nota: 9/10
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Nota: Fotografias de Gonçalo Villaverde, para a Real Companhia Velha.
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