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Mercúrio conjurou contra mim, por rancor a Ceres e Baco. Por
isso escrevo este texto tardiamente face à vontade. Desculpo-me… Bem, faz de
conta que esteve em estagiar em cave durante seis meses, a contar da data da sua
apresentação.
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Vai na quinta edição e o Legado é já uma referência
obrigatória. É um vinho notável dentro da Sogrape e do Douro – se nesta região,
então no conjunto do país. Não é o Barca Velha, não é o Ferreirinha Reserva
Especial… é o Legado.
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Habitualmente são os filhos que homenageiam os pais. Aqui é
o oposto. O senhor Fernando Guedes – a referência a «senhor» é obrigatória,
pois é matéria rara – brinda os seus descendentes com um vinho feito com uvas
duma só vinha, onde a idade média das plantas poderá rondar os 115 anos.
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A vinha tem oito hectares e situa-se na Quinta do Caêdo, em
Ervedosa, na sub-região de Cima Corgo. A propriedade foi comprada em 1990 e tem
24 hectares plantados, sendo atravessada pela ribeira do Caêdo. A exposição
solar é a Sul e a Poente. As plantas estão em patamares construídos antes da
chegada da filoxera.
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As vinhas velhas da Quinta do Caêdo são um ramalhete de
castas do Douro, que como é comum são mais do que muitas. Neste vinho convivem donzelinho (10%), rufete (5%), tinta amarela (5%), tinta da barca (5%),
tinta roriz (10%), touriga franca (35%), touriga nacional (15%) e 10% de várias outras.
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Para o Legado, as uvas são apanhadas separadamente por casta
e vinificadas individualmente. Por isso, a fruta é colhida no ponto considerado
ideal pelos técnicos. Algumas plantas já só conseguem dar um cacho, contou o
senhor Fernando Guedes no jantar de apresentação da colheita de 2011.
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Em anos anteriores, a equipa de enologia da Sogrape,
dirigida por Luís Sottomayor, optou por estágios de 24 meses em madeira. O
vinho daquela vinha velha mostrou-se capaz de aceitar uma vida mais longa em
estágio. Por isso, o Legado 2011 estagiou 30 meses em barricas novas de
carvalho francês.
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O ano de 2011 foi muito generoso para os vitivinicultores
portugueses. No Douro foi esplendoroso. Por isso, este vinho está no pedestal.
É um vinho de incrível complexidade aromática, que evolui no copo com o passar
do tempo. Na boca mostra-se também variado, com muita frescura e durabilidade.
É um néctar que se pode guardar sem medos.
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Não gosto de pontuar vinhos de homenagem. No entanto, tratando-se
duma saudação em vida, porque me podem dar umas bengaladas se escrever
besteiras e por ser mesmo um vinho extraordinário… abro a excepção e sai uma
nota máxima.
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Origem: Douro
Produtor: Sogrape
Nota: 10/10
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1 comentário:
em breve vou provar o 2010. mal posso esperar.
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