Thomaz de Lima Mayer é mais uma prova do que digo quanto à
transmissão da alma ao vinho. Quem não quer bem ao seu vinho, quem não gosta do
que faz, não lhe transmite a sua personalidade ou essência. Doutra forma, vinho
será sempre apenas vinho.
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Conheço este cavalheiro há seis anos (como o tempo passa) e
sempre notei uma simpatia genuína, educação e gentileza. Ano após anos, tenho
provado os seus vinhos e noto-os em crescendo. Não são fotocópias uns dos
outros, todos os anos um mesmo perfil, mas também o ambiente em que nasceram e
cresceram.
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À alma de Thomaz Lima Mayer junta-se a sabedoria de Rui
Reguinga, que, como poucos, tem a virtude de não ter uma fórmula. Julgo que
saberá ouvir o seu cliente e a natureza, alinhavando um fato por medida.
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Há uns meses, Thomaz Lima Mayer convidou-me, uma vez mais,
para ir a sua casa provar um novo vinho. Desta vez surpreendeu-me com a
novidade 2 Tintos, nascido das castas petit verdot (que nasce fantástica na sua
Quinta de São Sebastião, em Monforte) e alicante bouschet, uma variedade
desprezada em todo o mundo e que despreza todo o mundo, mas que dá maravilhas
na terra que o acolheu de braços abertos, o Alentejo.
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Este vinho, uma edição especial, que surgiu porque os frutos destas duas castas se revelaram em maravilha, estagiou 16 meses em barricas de carvalho francês.
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Meter descritores é um aborrecimento e às vezes não me
apetece. Neste caso torna-se um pouco limitativo, pois é um vinho que se vai
mostrando, revelando no copo e dando-se em prazer crescente. Consegue ser, ao
mesmo tempo, poderoso e elegante, com densidade e delicadeza. O final de boca fica
a conversar connosco.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Lima Mayer & Companhia
Nota: 8/10
1 comentário:
provei no evento de vinhos alentejanos em lisboa, em outubro... gostei muito.
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